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terça-feira, 16 de março de 2010

Romance da ceifa:
O Lavrador

Vinha o lavrador da arada,
A cavalo na burrinha,
Rezando o seu rosário,
Com muita devoção ele vinha.
Chegou ao meio do caminho,
Um pobrezinho lhe pedia,
- Desce tu ó lavrador,
E monta-me na tua burrinha.
Apeou-se o lavrador,
O pobrezinho subia,
Levou-o para sua casa,
Para a melhor sala que tinha,
Mandou-lhe fazer a ceia,
Do melhor que a casa tinha,
Sentou-o na sua mesa,
Mas o pobre não comia.
Os suspiros eram tantos,
Que até a mesa tremia.
Mandou-lhe fazer a cama,
Da melhor roupa que tinha,
Por baixo lençóis de estopa,
Por cima cambraia fina,
Lá pelo meio da noite,
O pobrezinho gemia,
Levantou-se o lavrador,
A ver o que o pobre tinha.
Tinha o coração desfeito,
Ó meu Deus como ficaria,
Encontrou-o crucificado,
Numa cruz de madeira fina,
Ó meu Deus se eu tal soubera,
Que em minha casa vos tinha,
Mandaria fazer preparos,
Do melhor que encontraria,
Cala-te lá lavrador,
Não fales com fantasia,
No céu te tenho guardado,
Cadeira de prata fina,
Tua mulher a teu lado,
Que também a mereceria.

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