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segunda-feira, 29 de julho de 2019

A rosa

As rosas todas são lindas,
Limpinhas sem terem pó,
Nunca vi rosas mais belas,
Do que as rosas de Paçó.

Eu gosto muito de rosas,
Se elas forem naturais,
Nunca vi rosas mais belas,
Do que as rosas de Vinhais.
 
As rosas todas são belas,
Não importa qual a cor,
Nunca vi rosas mais belas
Do que as rosas do Sabor.

As rosas todas são lindas,
Sejam do tarde, ou do cedo,
Nunca vi rosas mais lindas,
Do que as rosas de Nuzedo.

As rosas todas são belas,
Sejam de abril ou janeiro,
Nunca vi rosas mais belas,
Do que as rosas do Baceiro.

Quando se fala em rosas,
Aparece um roseiral,
Nunca vi rosas mais belas,
Do que as rosas do Rabaçal.

Gosto da rosa vermelha,
Também da rosa amarela,
Para mim a rosa branca,
Foi sempre a Flor mais bela.

Gosto muito de uma rosa,
Por ser uma rosa bela,
Mora perto de Vinhais,
Junto ao rio Tuela.

Ferreira Augusto

quinta-feira, 25 de julho de 2019


A Batalha
 
Descrevo esta batalha,
Com muita apreensão,
A batalha que travou,
O grilo com o leão.

O grilo e o leão,
Na selva se encontraram,
Travaram-se de razões,
E uma batalha marcaram.

O leão ia passando,
A toca da grilo calcou,
O grilo saiu à porta,
Bem alto reclamou.

- Quem destrói o meu palácio!
Grita o grilo, com aflição.
-Sou o rei dos animais.
Respondeu logo o leão.

-Por seres rei dos animais,
Respondeu o grilo a rir:
-Não te dei autorização,
Do meu palácio destruir!

-Não vejo nenhum palácio,
Respondeu logo o leão,
-Este é o meu palácio,
Que eu cuido com estimação.

-Este é o meu palácio,
Minha humilde habitação,
Não pode ser destruída,
Pela pata do leão!

Respondeu logo o leão:
- Cala a boca meu fedelho,
Sou o rei dos animais,
Tens de aceitar meu conselho.

-Olha, olha pró leão,
Pensas que eu sou tagarela,
Tenho meus homens armados,
E vestem farda amarela.

Respondeu o leão:
-Já que estás a pedir guerra,
Os meus homens não têm medo,
Dos teus da farda amarela!

-Não tenho medo do leão,
Nem da sua força estranha,
Vamos marcar um confronto,
Depois veremos quem ganha!

Respondeu pois o leão:
-Começa as tropas a treinar,
Os meus soldados já estão,
Sabem as armas manejar.

-Com minhas mãos na barriga,
E a arma descarregada,
Tenho vencido batalhas,
Com ela no chão pousada.

-Amanhã, por esta hora,
Estou aqui para lutar,
Se pensares em desistir,
Faz favor de me avisar!

O leão partiu pensando,
Devagar, devagarinho,
A raposa encontrou,
Lá no meio do caminho.

O leão partiu pensando,
A raposa encontrou,
Ao vê-lo um pouco triste,
A raposa perguntou:

-Olá compadre leão,
Parece-me que não vens contente,
Precisas da minha ajuda?
Sou manhosa e inteligente!

-Com o grilo de asa longa,
Uma batalha vou travar,
Apesar de ele ser grilinho,
Disse-me que vai ganhar!

-Bem podias tu raposa,
Ser a minha mensageira,
Vai dizer ao pobre grilo,
Que não caia em tal asneira.

-Mora além junto do rio,
E passa a vida a cantar,
Diz-lhe que és minha mensageira,
Que o vais aconselhar.

-Pede-lhe para desistir,
Da guerra que vai travar,
Que o leão é poderoso,
E vai a guerra ganhar!

Quando a raposa lá chegou,
Lá estava ele gri-gri,
-Ouve alegre grilo,
A razão de eu estar aqui:

-Sou mensageira do leão,
Venho aqui para te aconselhar,
Para desistires da batalha,
Porque o leão vai ganhar!

Respondeu então o grilo,
-Não tenho medo do leão.
Meus homens não têm armas,
Defendem-se com o ferrão.

A raposa ouvindo aquilo,
De furiosa deu um grito:
-Vais encher minha barriga,
Acaba-se o conflito!

-Sou assim tão pequenino,
Tens pouco para comer,
Vou chamar os meus vizinhos,
Para a tua barriga encher.

- Vais encher tua barriga,
Respondeu pois o grilinho,
Ainda te vai sobrar,
Merenda para o caminho.

O grilo foi a correr,
Os seus vizinhos chamar,
Saíram tão furiosos,
Para a raposa picar.

A raposa fugiu, fugiu,
Não esperou por mais nada,
Foi-se encontrar com o leão,
De boca aberta e assanhada.

-Trazes boas novidades?
Perguntou-lhe o leão,
Respondeu-lhe a raposa:
-Olha que não são boas não!

A raposa a correr,
Foi ter com o amigo,
Guardando muito segredo,
Do que lhe tinha acontecido.

- Ouve compadre leão,
Aquilo que te vou dizer,
Desiste tu da batalha,
Decerto que vais perder!

-Ouve comadre raposa.
Estou pronto para o ataque,
Sou o rei dos animais,
Comigo ninguém se bate!

O leão preparou,
Muito bem os seus soldados,
Tigres, raposas e lobos,
Elefantes, onças e leopardos.

O Leão partiu então,
Com seu exército armado,
Mas quando lá chegou,
Encontrou tudo fechado!

- Querem ver que desistiu,
Aqui não mora ninguém,
Vamos esperar uns momentos,
Haver se aparece alguém.

Dali a breves segundos,
Lá sai o grilo a cantar.
Respondeu-lhe o leão:
-Vamos a guerra travar.

-Ainda não está na hora,
Eu tenho de almoçar,
Acordei mesmo agora,
Tenho de me preparar!

- Como queres vencer a guerra,
Sem armas e sem soldados?
- Os meus homens estão no quartel,
Estão muito bem preparados!

O grilo tudo fazia,
Sem pressa, e lentamente,
Deixando o leão nervoso,
Bastante impaciente.

-Eis que está na hora,
Da nossa batalha travar,
Vou chamar os meus homens.
Para a guerra começar.

O grilo foi a correr,
Logo abriu o portão,
Saíram tantas vespas,
Sobre a cabeça do leão.

A batalha começou,
Com tantos “ais” e gritos,
O leão e seus soldados,
Fugiam muito aflitos.

A raposa já sabia,
Do que ia acontecer,
Ao ver aquela batalha,
Começou logo a correr!

A raposa já sabia,
Ficou um pouco afastada,
Ao ver aquela batalha,
Fugia à gargalhada.

O grilo com a vitória,
Estava, feliz e contente,
Foi para o seu palácio,
Cantando alegremente.

O leão muito tristonho,
Ficou assim derrotado.
O lobo e o leão,
Fugiram para o mesmo lado.

O lobo, quando fugiu,
Com a cabeça bateu,
No tronco de uma árvore,
Caiu para o chão e morreu.

O leão que ia atrás,
Também ia a fugir,
Encontrou o lobo no chão,
De boca aberta a rir.

O leão disse para o lobo:
- Perdi a guerra e estás-te a rir?
Vou-me embora desta terra,
Aqui não volto a vir.

Continua e fica a rir,
Eu não te posso ajudar,
Batalha com os mais fracos,
Nunca mais quero travar.

Reparem bem meus leitores,
Neste conto de moral,
O leão que era forte,
Perdeu a guerra, ficou mal.

Eu sempre ouvi dizer,
Que todo o valentão,
Acaba sempre por morrer,
Nas garras de um aranhão.

Ferreira Augusto

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Os fogos

Quando os fogos vieram,
Mataram a natureza,
Os campos enegreceram,
Mas que sombria tristeza!

Portugal está de luto,
O pinhal do rei ardeu,
No centro chora-se muito,
Pelo povo que morreu.

O vento soprou, soprou,
Pelo mato descontrolado,
Pela serra se espalhou,
Matando povo e gado.

Dizem que foi negligencia,
Ou acto de malvadez,
Deve pesar na consciência
Ao criminoso que isto fez.

Se os campos fossem lavrados,
Como eram antigamente,
Estavam salvos os povoados,
As plantas, o gado e a gente.

Carvalhos, freixos e pinhos,
Eucaliptos e sobreiros,
Ficaram enegrecidos,
Riquezas dos madeireiros.

O dezassete chegou,
Trouxe um calor infernal,
Grande tristeza causou,
Ao povo de Portugal.

Das cinzas renasce a vida,
Por essas regiões,
Mas ninguém apaga a ferida,
Das pobres populações.
Ferreira Augusto

quinta-feira, 18 de julho de 2019


Capítulo 56:
A aldeia portuguesa do século vinte


É triste ver as aldeias,
Com tanta porta fechada,
Mal se apaga uma candeia,
Deixa de haver alvorada.

Quando as casas estão juntas,
É povoamento agrupado,
Uns bem distantes dos outros,
São assim os povoados.

Na aldeia cheira a pão,
Vinho e fruta madura,
Toda a gente se conhece,
No bairro na mesma rua.

As casas da aldeia,
De madeira são construídas,
Sendo assim adaptadas,
Ao clima e modo de vida.

Hoje a vida está diferente,
Ninguém acredita em lendas,
As casas tradicionais,
Deram lugar a vivendas.

As casas eram pequenas,
Tinham adega e forno;
Palheiro, sótão e curral,
Hoje, estão ao abandono.

Há mais de cinquenta anos,
A alegre criançada,
Soltava gritos sem danos,
No fim de cada malhada.

Hoje só se encontram idosos,
Nas aldeias portuguesas,
Muitas casas abandonadas,
Onde se escondem tristezas.

A vivenda atual,
É muito confortada,
Tem piscina e jardim,
E água canalizada.

Ainda há lavradores,
Trabalhando com ardor,
Têm vacas e ovelhas,
Lavram a terra com um trator.

As técnicas tradicionais,
Estão esquecidas no tempo,
Com as técnicas modernas,
Aumenta o rendimento.

Mudaram as populações,
E os hábitos também,
Na aldeia podem querer,
Hoje vive-se muito bem.

Lares e centros de dia,
Os podemos achar;
Clubes e infantários,
Estádios para jogar.

Nas vilas e nas aldeias,
Há pouca poluição,
Todos são primos e primas,
Uns aos outros dão as mãos.

Ainda temos aldeias,
No interior e no norte,
Que as suas populações,
Têm falta de transportes.

Ainda temos aldeias,
Um pouco abandonadas.
Sem esgotos, nem caixotes de lixo,
Nem água canalizada.

Há aldeias portuguesas,
Que conservam a tradição,
Na aldeia há saúde,
Na cidade confusão.

A história e a Geografia,
Não se podem separar,
Uma precisa da outra,
Para ninguém se enganar.

Palmilhei caminhos velhos,
Mas em nenhum me perdi,
Corri cantos e recantos,
Escrevi tudo que vi.

Em versos eu escrevi,
A história da nação,
Daquilo que me esqueci,
A todos peço perdão.

Deus me deu boa memória,
Por isso sou muito feliz,
“Morra homem mas fique fama”,
Leitores do meu País.

“Morra homem, mas fique fama”,
Lá diz o velho ditado,
Ganhei mais esta batalha,
Sem espada nem reinado.

Ouvi dizer ao leitor,
Que o verso popular,
Também tem o seu valor,
Quando se vive a cantar.

Ferreira augusto

terça-feira, 16 de julho de 2019


Capítulo 55 parte: A cidade portuguesa, do século Vinte

Há lugares atrativos,
Outros que não o são,
Os atrativos vão crescendo,
Os repressivos esses não.

Os lugares para viver,
Podem ser por nós escolhidos,

No campo ou na cidade,
Repressivos ou atrativos.

Vou falar no povoamento,
Que temos em Portugal,
Um é do meio urbano,
Outro do meio rural.

O povoamento rural,
São pequenos aglomerados,
São vilas e aldeias,
E pequenos povoados.

O povoamento rural,
Não é muito complexo.
Apresenta duas formas,
Agrupado e disperso.

O povoamento agrupado,
Não se mede a compasso,
Pois tem a ver com as casas,
Distribuídas no espaço.

No povoamento disperso,
As casas são afastadas,
Umas aqui, outras acolá,
Pelos campos espalhadas.

O povoamento disperso,
Ou seja tradicional,
No Minho se pode encontrar,
E junto do Litoral.

As cidades foram crescendo,
Um pouco desordenadas,
No inicio ruas estreitas,
Mais tarde ruas largas.

A cidade, foi crescendo,
A partir do ponto central,
Umas maiores,
Outras mais pequenas,
Maiores no litoral.

Construíram-se vivendas,
Longe do ponto central,
Pois no centro se encontra,
O espaço comercial.

Fizeram-se prédios altos,
Na cidade a gente cresce,
Estão cheios de pessoas,
Onde ninguém se conhece.

Uns trabalham no comércio,
Outros na restauração,
Outros trabalham nos serviços,
Outros na administração.

As cidades mais pequenas,
Têm menos poluição,
Têm poucos autocarros,
Conforme a população.

As cidades do litoral,
Não se cansam de crescer,
Têm comboio e metro,
E muita gente a correr.

No centro temos serviços,
Lojas e escritórios,
Alguns bairros da cidade,
Servem para dormitórios.

Na cidade há cinema,
Escolas e universidades,
Estádios de futebol,
Hospitais e maternidades.

A poluição sonora,
Difícil de suportar:
No porto e em Lisboa,
Há muito avião a passar.

Ferreira Augusto

quinta-feira, 11 de julho de 2019


Capitulo 54:
Alterações da população portuguesa no século vinte.

Minha vista não é larga,
Nem minha sabedoria.
Tenho jeito para enversar,
Fenómenos de dia a dia.

Há muito que eu não escrevia,
Versos desta natureza,
Quis hoje e demografia,
Que eu lhe fizesse esta surpresa.

Quantos éramos, quantos somos,
Gostava eu de saber,
As contas não batem certas,
Fico sem nada entender.

Se eu fosse cientista,
Não queria outra profissão,
Seria o melhor artista
A estudar a população.

Se eu fosse cientista,
Estudava a demografia,
Pedia ajuda à história,
E dados à Geografia.

Durante o século vinte,
Falo com muita franqueza,
Sofreu muitas alterações,
A população portuguesa.

Passo horas a estudar,
A população Mundial.
Hoje, vou-me debruçar,
Na população de Portugal.

Foi crescendo pouco a pouco,
A nossa população,
Quantos éramos, quantos somos,
Nesta santa ocasião.

Portugal tem emigrantes,
Por esse Mundo inteiro,
Uns vão para melhorar a vida,
Outros para ganhar dinheiro.

Como é feita a integração,
Nos Países de acolhimento,
Por vezes os emigrantes,
São deixados no esquecimento.

Vão trabalhar, pró estrangeiro,
Para longe ganhar a vida,
Na volta trazem dinheiro,
A mocidade perdida.

São causas de emigração,
Bem alto posso dizer:
Trabalhar de sol a sol,
E sem ter pão para comer.

São causas de emigração,
Neste pobre Portugal:
Más condições de vida,
Muito pobre a passar mal.

No início do século vinte,
Emigrava-se para a Alemanha;
Angola, Canadá e Brasil,
Suíça, Holanda e Espanha.

Aumentou a população,
Com ela veio a pobreza,
Uns vão morrendo com a fome,
Outros mergulham na riqueza.

Na década de sessenta,
Sem esperança de bonança,
Houve forte emigração,
Para a Bélgica e França.

Também houve emigração,
Para a Suíça e Alemanha,
Para a Holanda e Inglaterra,
Luxemburgo e Espanha.

A falta de liberdade,
E a guerra colonial,
Levaram muitos portugueses,
A sair de Portugal.

Nesta altura começou,
A diáspora portuguesa,
Os que saíram à pressa,
Não voltaram com certeza.

Por caminhos sem asfalto,
Arriscaram sua sorte,
Passaram fronteiras a salto,
Sem bilhete nem passaporte.

Por todos os continentes,
Portugal, emigrantes tem,
Os portugueses são corajosos,
Engrandecem a Pátria mãe.

Por esses rios acima.
Vai o povo português,
Sem saber falar latim,
Alemão ou francês.

Portugal fica sem jovens,
Porque não nascem crianças,
Portugal idosos tem,
Os novos pensam em poupanças.

Na década de oitenta,
Portugal teve de aceitar,
Imigrantes estrangeiros,
Para as obras trabalhar.

Foi na década de oitenta,
Que houve imigração,
De norte a sul do País,
Aumentou a população.

Portugal tem imigrantes,
Imigrantes estão cá agora,
Também estes vão sofrendo,
Discriminação a toda a hora

Portugal, tem imigrantes,
Brasileiros e Angolanos;
Ingleses e franceses,
Romenos e ucranianos.

Portugal tem imigrantes,
Portugal imigrantes tem,
A dor que os nossos, sofreram,
Cá estes sofrem também.

A população de um país,
Vai sofrendo alterações,
Aumenta a natalidade,
Conforme as migrações.

Dentro do nosso País,
Há migrações sazonais,
Para colher e apanhar,
Os produtos regionais.

A população de um país,
Vai sofrendo alterações,
Aumenta a população,
Conforme as regiões.

Está vincada na memória,
Desta humana geração,
Ao longo de toda a história,
Sempre houve emigração.

Quantos debates se têm feito,
As poderosas instituições,
Defendendo os direitos,
Das pobres populações.

Os direitos estão escritos,
Em cartas, são para cumprir,
Há denúncias de maus tratos,
Mas ninguém as quer ouvir.

Muita coisa se tem feito,
Para os emigrantes proteger,
Mas neste mundo insatisfeito,
Muito mais há que fazer.

Ferreira augusto