A Batalha
Descrevo esta batalha,
Com muita apreensão,
A batalha que travou,
O grilo com o leão.
O grilo e o leão,
Na selva se encontraram,
Travaram-se de razões,
E uma batalha marcaram.
O leão ia passando,
A toca da grilo calcou,
O grilo saiu à porta,
Bem alto reclamou.
- Quem destrói o meu palácio!
Grita o grilo, com aflição.
-Sou o rei dos animais.
Respondeu logo o leão.
-Por seres rei dos animais,
Respondeu o grilo a rir:
-Não te dei autorização,
Do meu palácio destruir!
-Não vejo nenhum palácio,
Respondeu logo o leão,
-Este é o meu palácio,
Que eu cuido com estimação.
-Este é o meu palácio,
Minha humilde habitação,
Não pode ser destruída,
Pela pata do leão!
Respondeu logo o leão:
- Cala a boca meu fedelho,
Sou o rei dos animais,
Tens de aceitar meu conselho.
-Olha, olha pró leão,
Pensas que eu sou tagarela,
Tenho meus homens armados,
E vestem farda amarela.
Respondeu o leão:
-Já que estás a pedir guerra,
Os meus homens não têm medo,
Dos teus da farda amarela!
-Não tenho medo do leão,
Nem da sua força estranha,
Vamos marcar um confronto,
Depois veremos quem ganha!
Respondeu pois o leão:
-Começa as tropas a treinar,
Os meus soldados já estão,
Sabem as armas manejar.
-Com minhas mãos na barriga,
E a arma descarregada,
Tenho vencido batalhas,
Com ela no chão pousada.
-Amanhã, por esta hora,
Estou aqui para lutar,
Se pensares em desistir,
Faz favor de me avisar!
O leão partiu pensando,
Devagar, devagarinho,
A raposa encontrou,
Lá no meio do caminho.
O leão partiu pensando,
A raposa encontrou,
Ao vê-lo um pouco triste,
A raposa perguntou:
-Olá compadre leão,
Parece-me que não vens contente,
Precisas da minha ajuda?
Sou manhosa e inteligente!
-Com o grilo de asa longa,
Uma batalha vou travar,
Apesar de ele ser grilinho,
Disse-me que vai ganhar!
-Bem podias tu raposa,
Ser a minha mensageira,
Vai dizer ao pobre grilo,
Que não caia em tal asneira.
-Mora além junto do rio,
E passa a vida a cantar,
Diz-lhe que és minha mensageira,
Que o vais aconselhar.
-Pede-lhe para desistir,
Da guerra que vai travar,
Que o leão é poderoso,
E vai a guerra ganhar!
Quando a raposa lá chegou,
Lá estava ele gri-gri,
-Ouve alegre grilo,
A razão de eu estar aqui:
-Sou mensageira do leão,
Venho aqui para te aconselhar,
Para desistires da batalha,
Porque o leão vai ganhar!
Respondeu então o grilo,
-Não tenho medo do leão.
Meus homens não têm armas,
Defendem-se com o ferrão.
A raposa ouvindo aquilo,
De furiosa deu um grito:
-Vais encher minha barriga,
Acaba-se o conflito!
-Sou assim tão pequenino,
Tens pouco para comer,
Vou chamar os meus vizinhos,
Para a tua barriga encher.
- Vais encher tua barriga,
Respondeu pois o grilinho,
Ainda te vai sobrar,
Merenda para o caminho.
O grilo foi a correr,
Os seus vizinhos chamar,
Saíram tão furiosos,
Para a raposa picar.
A raposa fugiu, fugiu,
Não esperou por mais nada,
Foi-se encontrar com o leão,
De boca aberta e assanhada.
-Trazes boas novidades?
Perguntou-lhe o leão,
Respondeu-lhe a raposa:
-Olha que não são boas não!
A raposa a correr,
Foi ter com o amigo,
Guardando muito segredo,
Do que lhe tinha acontecido.
- Ouve compadre leão,
Aquilo que te vou dizer,
Desiste tu da batalha,
Decerto que vais perder!
-Ouve comadre raposa.
Estou pronto para o ataque,
Sou o rei dos animais,
Comigo ninguém se bate!
O leão preparou,
Muito bem os seus soldados,
Tigres, raposas e lobos,
Elefantes, onças e leopardos.
O Leão partiu então,
Com seu exército armado,
Mas quando lá chegou,
Encontrou tudo fechado!
- Querem ver que desistiu,
Aqui não mora ninguém,
Vamos esperar uns momentos,
Haver se aparece alguém.
Dali a breves segundos,
Lá sai o grilo a cantar.
Respondeu-lhe o leão:
-Vamos a guerra travar.
-Ainda não está na hora,
Eu tenho de almoçar,
Acordei mesmo agora,
Tenho de me preparar!
- Como queres vencer a guerra,
Sem armas e sem soldados?
- Os meus homens estão no quartel,
Estão muito bem preparados!
O grilo tudo fazia,
Sem pressa, e lentamente,
Deixando o leão nervoso,
Bastante impaciente.
-Eis que está na hora,
Da nossa batalha travar,
Vou chamar os meus homens.
Para a guerra começar.
O grilo foi a correr,
Logo abriu o portão,
Saíram tantas vespas,
Sobre a cabeça do leão.
A batalha começou,
Com tantos “ais” e gritos,
O leão e seus soldados,
Fugiam muito aflitos.
A raposa já sabia,
Do que ia acontecer,
Ao ver aquela batalha,
Começou logo a correr!
A raposa já sabia,
Ficou um pouco afastada,
Ao ver aquela batalha,
Fugia à gargalhada.
O grilo com a vitória,
Estava, feliz e contente,
Foi para o seu palácio,
Cantando alegremente.
O leão muito tristonho,
Ficou assim derrotado.
O lobo e o leão,
Fugiram para o mesmo lado.
O lobo, quando fugiu,
Com a cabeça bateu,
No tronco de uma árvore,
Caiu para o chão e morreu.
O leão que ia atrás,
Também ia a fugir,
Encontrou o lobo no chão,
De boca aberta a rir.
O leão disse para o lobo:
- Perdi a guerra e estás-te a rir?
Vou-me embora desta terra,
Aqui não volto a vir.
Continua e fica a rir,
Eu não te posso ajudar,
Batalha com os mais fracos,
Nunca mais quero travar.
Reparem bem meus leitores,
Neste conto de moral,
O leão que era forte,
Perdeu a guerra, ficou mal.
Eu sempre ouvi dizer,
Que todo o valentão,
Acaba sempre por morrer,
Nas garras de um aranhão.
Ferreira Augusto
Sem comentários:
Enviar um comentário