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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ao Deus Menino

E nós somos os pastores,
E nós vimos a Belém,
Vimos a ver o menino,
Que a nossa senhora tem.

Nós vimos de muito longe,
Temos jornadas que andar,
Deixamos o gado só,
Não nos podemos demorar.

Vimos a ver o menino,
Com mui grande devoção,
Vimos a ver o menino,
Do sagrado coração.

Já nasceu o Deus menino,
Na cidade de Belém,
Numa lapeda escondida,
Lá nos montes de Hebrém.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


É Natal!


Tocam os sinos, é natal,

As noites têm mais luz!

Criança em casa vê,

Prendas que trouxe o Jesus.


Tu que és criança nobre,

E tens brinquedos para estragar.

Não vês aquele menino pobre,

Que nada tem para brincar.


Há muita criança rica,

Que vive com satisfação.

Criança que é pobrezinha

Não pode ter natal, não!


Para ele não há natal,

O que vê no sapatinho,

Muita tristeza e dor,

Em vez de amor e carinho.


Menino que não tem escola,

Criancinha sem idade,

Garoto que pede esmola,

Pelas ruas da cidade.


É assim o Natal seu,

Em cada manhã, em cada dia.

Para ele o Jesus do Céu,

Não passa de uma fantasia.


Desejo às criancinhas,

Deste nosso Portugal.

Que tenham muitas prendinhas,

Este ano pelo natal.


Natal é palavra mágica,

De um expressão delicada.

Natal para alguns é muito,

Para outros não é nada.


Desta cidade querida,

Lanço o meu grito profundo!

Nesta quadra festiva,

Aos homens de todo o mundo.


Que sejam todos amigos,

Amigos como irmãos.

Que deixem de atirar tiros,

Que haja aperto de mãos.


Que acabe o ódio e a vingança,

Neste mundo de ilusão.

Façam as armas perdidas,

Ninguém mate o seu irmão.


Enquanto as armas malditas,

Não deixem de matar.

Não pode haver Natal não,

Em cada rosto em cada olhar.


Ferreira Augusto

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O bom filho

Há hora da ceia na pedra do lar crepitava forte fogueira, em toda a casa havia muitos lugares vazios e pairava o luto da mãe que tinha criado doze filhos e tinha falecido à pouco tempo.
Todos tinham partido, só José tinha ficado com eles, por ter amor ao pai que cada vez ficava mais velho e triste. Sentados à mesa José pergunta: - Pai não come?
- Comer queria eu, mas tenho um nó que me atravessa a garganta e não consigo engolir. - Respondeu o pai.
- Vá coma pai, porque o corpo não tem raízes na terra. Disse-lhe José.
- Eu não consigo comer, anda-me a morder na consciência o que será de mim, amanhã tu casas e vais embora, se ao menos Deus do céu me levasse para junto da tua mãe! Exclamou o pai.
- Nada disso meu pai, eu se me casar o senhor ficará sempre comigo! Terei sempre pão para lhe dar a comer e um cobertor para o agasalhar. Disse-lhe José.
- Obrigado meu filho, já estou melhor! És um bom filho, Deus vai-te pagar.
Quando se foram deitar, dava gosto de ouvir o pai a agradecer a Deus por lhe ter dado um filho tão bom e o filho a pedir a Deus que lhe desse saúde para ajudar o seu pai.
A pingada

Era uma vez uma senhora que vivia na sua casinha muito humilde.
Num inverno de muita chuva começou a chover-lhe em casa. Quando o tempo melhorou chamou um carpinteiro, para subir ao telhado para lhe tirar a pingada.
Assim foi, o carpinteiro lá foi, subiu ao telhado e lá andou algum tempo.
Quando desceu do telhado a senhora perguntou-lhe se tinha tirado a pingada e ele respondera-lhe que sim.
Passado algum tempo voltou a chover e em casa da senhora voltou a chover mas em outro lado.
E ela pensou: - O carpinteiro tirou-me a pingada de um lado, mas meteu-ma em outro!!!!
Quando encontrou o carpinteiro voltou a dizer-lhe que precisava que lhe voltasse a subir ao telhado pois já tinha outra pingada.
E lá voltou o carpinteiro, subiu ao telhado e lá andou algum tempo.
Feito o serviço foi-se embora.
Quando voltou a chover novamente voltou também a chover em casa da senhora mas em outro lado da casa.
Ao ver aquilo a senhora voltou a chamar o carpinteiro, mas desta vez o carpinteiro não podia lá ir, então mandou o filho em sua vez.
O filho tal como o pai, subiu ao telhado e lá andou algum tempo.
Quando saiu a senhora disse-lhe: - Então meu rapaz tiraste-me a pingada?
- Penso que sim, respondeu o rapaz.
Quando o rapaz chegou a casa pergunta-lhe o pai: -Então meu filho que tal te saíste com as pingadas do telhado?
- Desta vez pensou que vai ficar bem durante algum tempo. Respondeu rapaz.
- Meu brutinho, deixavas-lhe a pingada de outro lado, assim já não vamos ganhar mais dinheiro!!!!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Minha faquinha meu pão

Era uma vez um lavrador pobre e com muitos filhos que fora trabalhar para a quinta de um senhor, nobre e rico mediante o pagamento de uma renda anual para poder cultivar as terras.
Um certo ano as condições climatéricas não favoreceram o cultivo das terras e o lavrador não tinha dinheiro para pagar a renda, isto durou durante alguns anos, pois se um ano vinha mal o seguinte era ainda muito pior, endividando-se cada vez mais.
Para solucionar esta situação de divida o lavrador tinha uma filha e o dono das terras tinha um filho da mesma idade o lavrador pensou então casar a filha dele com o filho do dono das terras e assim a divida diminuiria.
E assim foi.
Passados alguns tempos de casados a filha do lavrador foi visitá-lo, e este perguntou-lhe: Então filha como vai a tua vida de casada?
- Pai estou um bocado triste, porque o meu marido sempre que me vê partir o pão, não se cala com esta conversa “Minha faquinha meu pão, que me saíste do coração”. Disse a filha
- Minha filha para a próxima vez que ele te diga essas palavras tu vais dizer-lhe: “Mal o aja os anos ruins e os maus temporais, que fazem casar as filhas de bons lavradores, com filhos de maus pais.”
E assim fez a filha do lavrador.
Passados alguns tempos voltou a casa do pai e o pai voltou a perguntar-lhe como ia o seu casamento e se o marido ainda lhe dizia as mesmas palavras.
- Sim meu pai, sempre que vou partir o pão lá me diz ele: “Minha faquinha meu pão, que me saíste do coração”.
- Ai sim? Então para a próxima vez que te diga essas palavras tu vais dizer-lhe: “Mal o aja os anos ruins e as más ocasiões, que fazem casar as filhas de bons lavradores com patifes e ladrões”.
E assim foi.
A primeira vez que a rapariga foi partir o pão lá veio ele com a mesma lengalenga e ela muito despachada respondeu-lhe: ““Mal o aja os anos ruins e as más ocasiões, que fazem casar as filhas de bons lavradores com patifes e ladrões.”
O que foi remédio santo e o marido nunca mais voltou a dizer as mesmas palavras.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O enxadão

Um certo dia um lavrador, saiu com o seu carro e com as suas vacas para ir buscar uma carrada de torgos e levava um enxadão para cortar as raízes dos torgos e sacudir a terra.
Quando carregou o carro de torgos deitou o enxadão para cima dos torgos. Ao regressar à aldeia caminhando à frente do carro das vacas o enxadão caiu sem ele dar conta a meio do caminho.
Passados alguns minutos, pelo mesmo caminho caminhava um cigano, ainda ia longe e avistou o enxadão que caiu no meio do caminho, aproximou-se olhando de lado e dizendo: - Deixa-te estar enxadão, nem o meu corpo nasceu para ti, nem tu foste feito para a minha mão, deixa-te estar enxadão!!! E continuou a sua caminhada deixando o enxadão no mesmo sítio.
O rapaz e os bois

Um certo dia um rapaz foi levar os bois a beber a um tanque, pelo caminho encontrou um padre que por ali passava.
O padre disse: - Meu rapaz que rica junta de bois aqui tens, que ricos animais!!!
- Eu só conheço três espécies de animais, respondeu o rapaz!!!
- Mas estes que tu tens, tão gordos e bem tratados são de certo uns valentes animais, disse o padre.
- Olhe seu padre eu só conheço três tipos de animais, uma cabra, que tem uma loja bem estrumada e dorme sempre numa manjedoura, numa escada, ou em cima de um pedra, um burro que se farta de apanhar erva e come palha e o terceiro é um padre que reza todos os dias pela alma dos outros e a dele vai para o inferno.
- Obrigado, meu rapaz obrigado e foi-se embora.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O mestre das diabruras

Era uma vez um rapaz, chamado Quiquo, que desde miúdo não fazia outra coisa se não diabruras.
Ouvindo dizer que os gatos caiam de pé, mesmo atirados de grandes alturas, o Quiquo lembrou-se de pegar no gato da avó e subiu a um muro para atirar com o gato e certificar-se se era verdade que os gatos caiam de pé!!
Estando em cima do muro atirou o gato para o chão, e na verdade o gato caiu de pé e fugiu.
O Quiquo ao ver o gato a fugir com a risada acabou por cair do muro abaixo magoando-se.
Ao levantar-se, pensou: - Realmente os gatos caiem de pé, mas o mesmo não aconteceu comigo!!!
O rapaz e o caldo

Era uma vez um rapaz, que andava à procura de um amo/patrão.
Chegando a uma aldeia perguntou se ali alguém precisaria de um criado.
Alguém lhe informara que sim, que havia um senhor que estava a precisar de um criado.
E lá foi o rapaz bater à porta do dito senhor.
Quando a porta se abriu o senhor perguntou-lhe: Que desejas meu rapaz?
- Disseram-me que o senhor estava a precisar de um criado – Disse o rapaz.
- Preciso sim, tu queres cá trabalhar? Perguntou o senhor.
- Quero pois, respondeu o rapaz.
No primeiro dia de trabalho, à hora de almoço, serviram-lhe o caldo muito quente e ele não comia.
Ao ver aquilo o patrão perguntou-lhe porque motivo não comia.
E o rapaz respondeu-lhe que estava muito quente o caldo.
- Deita-lhe água rapaz, disse-lhe o patrão.
E o rapaz assim fez, mas pensando com os seus botões – Este patrão não me serve!
Acabou o mês e foi-se embora.
Foi ter a outra aldeia onde perguntou se ali haveria alguém que estivesse a precisar de um criado.
Alguém lhe disse que sim e indicou-lhe a referida casa, onde ele foi bater à porta.
Quando a porta se abriu o senhor perguntou-lhe: Que desejas meu rapaz?
- Disseram-me que o senhor estava a precisar de um criado – Disse o rapaz.
- Preciso sim, tu queres cá trabalhar? Perguntou o senhor.
- Quero pois, respondeu o rapaz.
Logo no primeiro dia de trabalho, à hora de almoço, também lhe serviram o caldo muito quente e ele não comia.
Ao ver aquilo o patrão perguntou-lhe porque motivo não comia.
E o rapaz respondeu-lhe que estava muito quente o caldo.
- Olha meu rapaz faz como eu deita-lhe pão!
E o rapaz assim fez, mas pensando com os seus botões – Este patrão ainda não me serve!
Acabou o mês e foi-se embora.
Foi ter a outra aldeia onde fez a mesma coisa, perguntou a alguém se haveria algum amo a precisar de um criado!!
Alguém lhe disse que sim e indicou-lhe a referida casa.
E lá foi ele, bateu à porta e quando a porta se abriu alguém lhe perguntou o que desejava.
- Disseram-me que o senhor estava a precisar de um criado – Disse o rapaz.
- Preciso sim, tu queres cá trabalhar? Perguntou o senhor.
- Quero pois, respondeu o rapaz.
E lá ficou, no primeiro dia de trabalho à hora de almoço, voltaram-lhe a servia o caldo muito quente e ele assim não comia.
Ao ver aquilo o patrão perguntou-lhe porque motivo não comia.
E o rapaz respondeu-lhe que estava muito quente o caldo.
- Olha meu rapaz faz como eu deita-lhe vinho!
E o rapaz assim fez, mas pensando com os seus botões – Este patrão é que me serve, sim senhora!!! E ali ficou a trabalhar contentíssimo da vida durante longos anos.