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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Minha faquinha meu pão

Era uma vez um lavrador pobre e com muitos filhos que fora trabalhar para a quinta de um senhor, nobre e rico mediante o pagamento de uma renda anual para poder cultivar as terras.
Um certo ano as condições climatéricas não favoreceram o cultivo das terras e o lavrador não tinha dinheiro para pagar a renda, isto durou durante alguns anos, pois se um ano vinha mal o seguinte era ainda muito pior, endividando-se cada vez mais.
Para solucionar esta situação de divida o lavrador tinha uma filha e o dono das terras tinha um filho da mesma idade o lavrador pensou então casar a filha dele com o filho do dono das terras e assim a divida diminuiria.
E assim foi.
Passados alguns tempos de casados a filha do lavrador foi visitá-lo, e este perguntou-lhe: Então filha como vai a tua vida de casada?
- Pai estou um bocado triste, porque o meu marido sempre que me vê partir o pão, não se cala com esta conversa “Minha faquinha meu pão, que me saíste do coração”. Disse a filha
- Minha filha para a próxima vez que ele te diga essas palavras tu vais dizer-lhe: “Mal o aja os anos ruins e os maus temporais, que fazem casar as filhas de bons lavradores, com filhos de maus pais.”
E assim fez a filha do lavrador.
Passados alguns tempos voltou a casa do pai e o pai voltou a perguntar-lhe como ia o seu casamento e se o marido ainda lhe dizia as mesmas palavras.
- Sim meu pai, sempre que vou partir o pão lá me diz ele: “Minha faquinha meu pão, que me saíste do coração”.
- Ai sim? Então para a próxima vez que te diga essas palavras tu vais dizer-lhe: “Mal o aja os anos ruins e as más ocasiões, que fazem casar as filhas de bons lavradores com patifes e ladrões”.
E assim foi.
A primeira vez que a rapariga foi partir o pão lá veio ele com a mesma lengalenga e ela muito despachada respondeu-lhe: ““Mal o aja os anos ruins e as más ocasiões, que fazem casar as filhas de bons lavradores com patifes e ladrões.”
O que foi remédio santo e o marido nunca mais voltou a dizer as mesmas palavras.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns Luciano por este excelente trabalho de recolha de lindos contos, que a maioria das pessoas desconhece!!