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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Dentro de um Cemitério

No cemitério de além,
Uma criança chorava,
Tentava contar à mãe,
Os tormentos que passava.

Ouve mãezinha adorada,
Queixumes de um filho teu,
Tenho por beijos pancada,
Outra mãe que o pai me deu.

Quando eu lhe peço pão,
Mesmo à hora de jantar,
Mãezinha do coração
Ele tem pão e não mo quer dar.

Nunca mais tive alegria,
Nem carinhos nem abraços
Quero morrer e depois de morto,
Dormir em teus braços.
Cemitério das flores

Para tudo tens valia,
Só para destruir,
Tu tens essa valentia.

Tu é que destróis na terra dura,
Mas com uma grande dureza,
Dada pela natureza,
E destróis na terra dura,
Pessoas de formosura,
Gente de grande valor,
Destrói o poeta e o autor,
Tu ai tens destruído,
O teu nome definido,
Cemitério das flores.

O tempo confeccionado,
Que destrói em sete anos,
Milhões de corpos humanos,
Que em ti tens sepultados,
Por isso foste baptizado,
Por pessoas de categoria,
Tu destróis a fidalguia,
O fraco e o valente,
Tu é que és o competente,
Para isso tu tens valia.

Cemitério que estás cercado,
Por dentro tudo são fitas,
Tens tantas caras bonitas,
Nesse largo sepultado,
Nos jazigos que estão fechados,
Quem cá não volta a vir,
Tu é que podes consumir,
E a curar todo o mal,
Em chegando o dia final
E tu é que és o verdadeiro,
Que espera pelos nascidos,
De rodos os falecidos,
Só tu és o herdeiro,
Que vêem ao cativeiro,
Dirigidos à dinastia,
Tu comes na terra fria,
Com grande sinceridade,
Tragas a todos a idade,
Tu tens essa valentia.
Despique da Sopeira e do Guarda!

-Fui criada, sou senhora,
Senhora do meu nariz.
Apareceram-me mil fortunas,
Desprezei-as não as quis,
Agora cai num laço,
Foi uma asneira que eu fiz.

-Se estás muito arrependida,
Diz-me quais são os motivos,
Temo-nos dado tão bem,
Temos sido tão amigos,
Só se não estas satisfeita
Por não estarmos recebidos.

-Para receber só dinheiro,
Já mudei de opinião,
Já me curei de ser tola,
Já levei grossa lição,
Mais vale ficar solteira,
Que ganhar para um mandrião.

-Isto já era de mais,
Eu para isso não estou,
Diabos levem o trabalho,
Ainda mais quem o aumentou.
Dois meses que estamos juntos,
Comer ainda não faltou.

-Não te faltou que o digas,
A mim bem me tem custado,
Faltam-me os meus objectos,
Que a servir tinha ganhado,
Agora menina cansou,
Procura por outro lado.

-Que objectos tinhas tu,
Eu não tos tenho vendido,
Dizes que tinhas muitas roupas,
Eu não tas tenho vestido,
Umas tens-las tu no prego,
Outras tem-las tu vendido.

-Tu foste o causante,
Ainda quer dizer que não,
O tipo mais comedor,
Quer ser o mais figurão,
Eu é que vendi tudo,
E quem vendeu o meu cordão?

-Esse vendi-to com o medo,
Não te enforcasse o pescoço,
Diabos levem o cordão,
Bem julguei que era mais grosso,
Quando pesei é que vi,
Deu apenas para um almoço.

-Então vinte e quatro libras,
Então isso não é nada,
É que tu eras mais rico,
Com uma farda desvotada,
Dei cabo de quanto tinha,
Ainda fazes cassoada.

Olha que vinte e quatro libras,
Custa o mais fraco derriço,
Saindo-me a sorte grande,
Ainda te dou mais do que isso,
Mas se estás muito arrependida,
Volta para o mesmo serviço.

-Agora mandas-me embora,
Desde que estou desprevenida,
Vai ver se arranjas outra,
Bem ourada e bem vestida,
Se for tola como eu,
Arranjas bem a tua vida.

-Eu ainda ontem vi uma,
Que a mim muito me agradou,
O cordão que ela trazia,
Pesava três como o teu,
Tenho cá certas ideias,
Que tudo aquilo há-de ser meu.

-Se ela tiver que comer,
Nada te parece feio,
Tens honra em ser tratante
E és amante do alheio,
Gostas de levar boa vida,
E serviste-te de um bom meio.

-Tu dizes que eu sou tolo,
Eu digo que sei viver,
Comer bem e passear,
Isto é mesmo de morrer,
Se vês que eu ando mal nisto…

Manda-me agora prender.

-Que lhe importa a autoridade,
De eu ser tola e ser comida,
Agora que não tenho nada,
É que estou arrependida,
Volto-me a ser sopeira,
Volto para a vida antiga.

-Depois rogam-me vinte mil pragas,
Para ver se posso engordar,
Vai lá ganhar mais dinheiro,
Depois volta-me a falar,
Que apesar dos teus conselhos,
Mulheres não me vão faltar.

Despique do mar e da terra

-Eu sou mar e tu és terra,
Anuncia a tua grandeza,
Qual de nós tem mais virtude,
Qual de nós tem mais riqueza.

Eu sou o mar de Deus sagrado,
Faço o povo de Deus Cristão,
Tenho um braço no Jordão,
Onde Cristo foi baptizado.
Os banhos que eu tenho dado,
A muita gente, dão saúde,
A divindade que mim salubre,
Com merecimentos que tenho,
Olá terra, vem lá vem
Qual de nós tem mais virtude.

Se me olhares ao Oceano,
Não me vês fim nem fundo,
Tem havido reis no mundo,
Navegantes que eu muito amo,
Sobre mim mar ofano,
Naus e navios de guerra,
O poder que em mim se encerra,
Ninguém sabe dar-me o fim,
Não és nada ao pé de mim,
Eu sou mar e tu és Terra.

Ninguém sabe dar valia,
Aos meus grandes merecimentos,
Quanta alma eu sustento,
Com a minha pescaria,
Eu pesco de noite e de dia,
Dou aos milhares com certeza,
É tanta a minha grandeza
Como tudo estou contando,
E depois de eu acabar
Anuncia a tua grandeza.


-Eu sou terra e tu és mar,
Só tens os peixes de teu,
Eu sou rica e tu és pobre,
Tudo quanto tens é meu.
Tens no teu fundo mar traidor,
Riquezas que tens roubado,
Mas por fim tens acabado,
Com os donos desse valor,
És ladrão, és matador,
De tudo quanto é meu,
És ladrão, és matador,
Ladrão que to chamo eu!

Em mim se criam cereais,
Toda a espécie de produtos,
Lindos ramos flores e frutos,
Lindas árvores e animais,
Toda a espécie de metais,
Seja ouro, prata ou cobre,
A tudo quanto é nobre,
A tudo eu dei o ser,
Tu és pequeno e não podes ver,
Nem poderás alcançar,
Que tudo quanto andas a criar,
São frutos da humanidade,
Não vales de mim nem metade,
Que eu sou terra e tu és mar,
Se o meu tamanho queres saber,
Procura-me em todo o Mundo,
Que até mesmo no teu fundo,
Eu lá te hei-de ir aparecer
.
Visto ser tão bom artista!

Visto ser tão bom artistas,
Visto bem saber cantar,
Hoje temos uma entrevista,
Faz favor de me ganhar.

Diz-me quem foi Pombal,
Conta-me quem foi o Saldanha
E o Vasco da gama,
O quer fez em Portugal.
No império colonial,
Qual foi o maior estadista,
Diz-me quem fez a conquista
De Hormus, Goa e Malaca.
E quem foi Dona Urraca?
Visto ser tão bom artista.
Quando morreu o mestre de Avis,
Quem foi o coroado,
Diz-me quem tinha governado
Teria sido Egas Moniz?
Da mulher de D. Dinis,
Diz-me o que tens para contar,
O que há no céu para reformar,
Quem souber há-de dizer,
Dá-me prova do teu saber,
Visto bem saberes cantar.
Diz-me quem estava casado,
Com dona Leonor Teles,
De Miguel Vasconcelos
Conta-me coisas do seu passado,
Do Sacadura arrojado,
Diz-me se foi bom motoristas,
Qual foi o maior romancista
Cá da nação Portuguesa
E quem foi dona Teresa,
Hoje temos uma entrevista.
Da dinastia espanhola,
Quem foi que salvou Portugal,
Quem conquistou Alcácer do Sal
E descobriu a Angola?
O teu cantar até consola,
Se atenção me quiseres dar,
Só te quero perguntar,
Quem foi o desejado,
Hoje os dois cantando fado,
Faz favor de me ganhar.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


A conquista de Lisboa

Lisboa tinham-na os mouros,
Quem havia de a tomar,
El-rei D. Afonso Henriques,
E os cruzados a ajudar.

Põem cerco por toda a volta,
Pela terra e pelo mar,
Atacam todas as portas,
Por uma foram a entrar.

Vêem os mouros ao combate,
O que forte batalhar,
Tanto ferro, tanto golpe,
Tanto sangue a espanadar,

Vencem as armas de Cristo,
Há mil bocas a gritar,
Que Lisboa é dos cristãos,
Que a souberam conquistar.

Sobem todos ao castelo,
Sua bandeira no ar,
A bandeira da mourama,
Vai pelo chão a arrastar.
Sendo tu rico e eu artista

Sendo tu rico e eu artista,
Sem mim não podes passar,
Enquanto eu tiver vigor,
Para ti hei-de trabalhar.

Aquando no mundo me achei,
De pobreza revestido,
Com ela tenho aprendido,
Muito daquilo que hoje sei,
Sempre para ti trabalhei,
À força da minha vista,
Porém hoje sou socialista,
Trabalho à força do meu braço,
Tudo quanto tens eu te faço,
Sendo tu rico e eu artista.

Quando no mundo te viste,
Logo de mim precisaste,
Fiz-te as botas que calçaste,
E o fato que vestiste
E a cama onde dormistes.
Um berço para te embalar,
Para aprenderes a andar,
Fiz-te um carrinho com rodas,
Tenho te feito todas as modas,
Sem mim não podes passar.

Faço-te prédios para habitares,
Amaço-te o pão para comeres,
Faço-te livros para aprenderes,
As leis para me castigares,
Faço-te barcos para embarcares,
Sou marinheiro e pescador,
Mineiro e lavrador,
Fabrico-te o vinho que bebes,
Tudo quanto tens me deves
Enquanto eu tiver vigor.

Já que te não faço mais nada,
Faço-te ainda um caixão,
Para te levarem a mão,
À derradeira morada,
Faço-te ainda uma enxada,
Para teus ossos encerrar,
Para teu corpo sepultar,
Faço-te também um jazigo,
E sem ter contas contigo,
Para ti hei-de eu trabalhar
.


O Pobre pediu ao rico

Dá-me cá um bocadinho,
Tu que tens o pão na mão,
Trabalho eu e gozas tu,
Eu tenho fome e tu não.

Tens fatos para vestir
E tens um grande aposento,
Eu que ando ao rigor do tempo,
Nada tenho para vestir,
Não te aflige o meu carpir,
Sendo eu um cordeirinho,
Nem que eu te peça com carinho,
Sempre me tratas com abuso,
Pois desse pão que eu produzo,
Dá-me cá um bocadinho.

-Trabalho de noite e de dia,
Não tenho na vida outro gozo,
Já estou tuberculoso,
Não posso como podia,
Já perdi a valentia,
Vivo sem satisfação,
Eu operário e tu patrão,
A ti nada te consome,
Preciso mata-me a fome,
Tu que tens o pão na mão.

-Trabalho apenas para ti,
Meu trabalho tu não entendes,
O meu produto tu vendes,
Fruto que eu nunca mais vi,
Por isso desde que nasci,
Tenho vivido quase nu,
Tu tens dentro do teu Baú,
Fatos cortados da traça,
É esta a minha desgraça,
Trabalho eu e gozas tu.

-Sendo eu um ser humano,
Tal e qual como tu és,
Tu não podes molhar os pés,
E eu descalço há tanto ano,
Armas – me em tudo engano,
Homem duro sem coração,
Levas o suor e o pão,
Para viver na opulência,
Não te pesa a consciência,
Tu teres pão e eu não.
Criança orfãzinha

-Que fazes ai criança,
Sentada nesse penedo.
-Quero ir ao cemitério,
Mas sozinha tenho medo.

-Que queres lá ir fazer,
Se lá não mora ninguém.
-Mora sim senhor coveiro,
A santa da minha mãe.

-Então tu já não tens mãe,
Criança tão pequenina.
-Já não tenho mãe nem pai,
Vivo no mundo sozinha.

-O meu pai foi para França,
Lá morreu na grande guerra,
Foi meu pai que levou minha,
Mãe para baixo da terra.

-Não chores mais criancinha,
Eu também lá tenho os meus,
Temos todos de morrer,
E entregar a alma a Deus.

Era meia-noite em ponto,
Coveiro fechava a porta,
Olhou para trás e viu ,
A pobre criança morta.

Fui um dia ao cemitério

Fui um dia ao cemitério,
Da meia-noite à uma hora,
Em cata da sua campa,
Meu coração por si chora.

Pela rugida do vento,
Ouvi gemer não sei quem,
Uma fantasma que vem,
Caminhando em passos lentos,
Daí a breve momento,
Juntou-se a mim um mistério,
Para ver todo o império,
E contra Deus ninguém resiste,
Só para saber o que é triste,
Fui um dia ao cemitério.

À minha frente estampou,
Um defunto em cada lado,
Eu vi um esqueleto mirrado,
Que sem ter língua me falou,
Com um dedo me apontou,
Vai aquela capela agora,
Lá detrás do altar mora,
Com quem desejas falar,
Fui campanário tocar,
Da meia – noite à uma hora.

Aquela que eu cria tanto,
Minha mãezinha querida,
Eu vi uma cruz erguida,
Uma vela em cada canto,
Então ajoelhei em pranto,
Dando vozes à garganta,
Levante-se minha mãe santa,
Que seu rosto quero ver,
Estou farto o de concorrer,
Em cata da sua campa.

Minha mãe se levantou,
Com os cabelos caídos,
E com os braços erguidos,
O seu filho abraçou.
Meu coração lhe falou,
Naquela extremosa hora,
Mais um anjo que a adora,
Desta humanidade calma,
Adeus mãe da minha alma
Meu coração por si chora.
A caveira do meu pai

A caveira do meu pai,
Sem ter língua me falou,
Olha filho o triste estado,
Em que morte me deixou.

Fui um dia ao cemitério,
Em altos gritos eu bradei,
Eu pelo meu pai chamei,
Que me contasse tal mistério.
-Filho meu é um império,
Que nesta habitação vai,
Tanto grito tanto ai,
Tanta fala com ternura,
Falou-me da sepultura,
A caveira do meu pai.

-filho meu, filho amado,
No tempo em que eu era vivente,
Hoje aqui presentemente,
Estou num esqueleto mirrado.
-Fique meu pai descansado,
Já que a morte o destinou,
Veja se já encontrou,
Os ossos do meu irmão.
-Esses ainda cá estão
E sem ter língua me falou.

-os ossos de tua mãe,
Estão difíceis de encontrar,
Estou farto de procurar,
Não sei onde o coveiro os tem,
Se passou aqui alguém,
Que viesse cá mexer,
Nada se vem a saber,
Porque para este cativeiro,
Veio a tua mãe primeiro,
Olha filho o triste ser.

-Quando me fui abaixar,
Sobre a fria sepultura,
Vi uma linda criatura,
Voltou-se a campa a fechar,
Fiquei sem palavras dar,
Meu corpo se arrepiou.
-neste lugar em que estou
Debaixo do chão gelado,
Olha filho o triste estado,
Em que a morte me deixou.
Orfãzinha

Dentro deste cemitério
Numa noite tão sombria,
Eu peço à Virgem Maria,
Que me descubra um mistério,
Pois neste lugar fenero,
Está minha mãe enterrada,
Por quem eu era estimada,
E me dava tanto amor,
De joelhos me vou por,
Sobre esta campa gelada.
Sobre esta campa negra e fria,
Venho fazer minha oração,
Para ver se me responde,
Minha mãe do coração.
Já não tenho ambição,
Entrego-me à caridade,
Com seis anos de idade,
Perdi minha mãe querida,
E ao alto Deus de bondade,
Venho fazer minha oração,
Para ver se me reponde,
Minha mãe do coração.

E Deus que aquilo ouviu,,
À mãe lho foi revelar,
Foi-lhe conceder licença
Para com a filha falar.
Sua mãe lhe contestava,
Lá do Mundo da verdade,
Deixa a pedra negra e fria,
E vai para a povoação a orar,
Que eu já não sou desse mundo,
E Deus de ti se há-de lembrar.
Neste campo a onde tu estás,
Que a ti te parece um jardim,
Aqui tudo é que tem fim,
Criaturas boas e más,
Peço que embora te vás,
E a boa estrela te guie
E peço à Virgem Maria
Com os olhos em Deus pregados
Deixa a campa dos finados,
E vai para o Mundo dos viventes,
Aqui é que pais e filhas,
Acabamos de ser parentes,
Aqui não há condescendentes,
Não é que eu me queira negar,
Que a terra me está a pesar,
Não faz frio nem calor,
Para Deus ser teu protector,
Tu tem nele viva esperança,
Tu podes ter confiança
No seu poder que é profundo
Como ele não há segundo,
Para protecção te dar,
Como te eu hei-de ir guiar,
Se eu já não sou desse Mundo.

-como eu me hei-de defender
Se as feras derem comigo.
-para não correr nenhum perigo,
Tens de proceder assim,
Aurora cor de carmim,
Depressa vem ai arar,
Vai daqui sair agora,
A Deus do céu vai adorar.
-já que a morte me roubou
A minha mãe tão querida,,
É bem triste a minha vida,
Jesus Cristo recompensou,
Deste campo eu me vou,
Quero ir não sei para onde,
Minha mãe de mim se esconde,
Na terra fria tão má,
Neste campo onde ela está,
Eu só vejo um negro manto,
Vejo da Virgem um relâmpago,
Que me faz estremecer,
E vou daqui sair agora,
Nada aqui estou a fazer.



Sou ceguinha de nascença

Sou ceguinha de nascença,
Assim não posso viver,
Minha paixão é imensa,
Quem me dera morrer.

Dizeis que eu fui condenada,
Eu não fiz mal a ninguém,
Minha paixão é imensa,
Não conhecer pai nem mãe.

Não conheço pai nem mãe,
Nem quem me havia de criar.
Só conheço as avezinhas,
Pelo seu lindo cantar.

Não conheço pai nem mãe,
Nem neste mundo parentes,
Sou filha das tristes ervas,
Neta das aguas correntes.
Eu ouvi dizer um dia,
Que era azul a cor do céu,
Mas cria vê-lo e não posso,
Triste sorte Deus me deu.


Promessa

Para dar vista ao meu filhinho,,
Que me nascera ceguinho,
Fiz uma promessa a Deus,
Se os olhos do meu filhinho,
Um dia brilhassem luz,
Prometi cegar os meus.

Tanta , tanta a devoção
Que pus no meu coração,
Que até chegou a Jesus.
Era um milagre divino,
Se os olhos do meu menino,
Um dia brilhassem luz.

Eu corri cheia de pressa,
Fui cumprir minha promessa,
Ajoelhei-me ao altar.
Cheia de fé e fervor,
Eu ofereci ao Senhor,
À luz do meu triste olhar.

Foi tão bom meu justo Deus,
Que apesar de rogos meus,
Promessa não aceitou.
Olhou para mim com carinho,
Apontou para o meu filhinho,
Sorriu mas não decegou.
Manuelita

Era uma tarde em Sevilha,
Quando uma jovem formosa vi,
Era a mais graciosa dama,
Daquelas terras

Estava ali.
Ao lado hermoso rapaz
Que belo tipo de toreador.
Dizia com toda a franqueza,
Coisas bonitas coisas de amor,
A jovem escuta com todo o prazer,
Ao lado bonito rapaz a dizer.
Alça, alça Manuelita,
Meu coração teu será,
E juro por toda a vida,
Ser teu pobre rapaz.
Para o outro dia,
Veio um chamado,
Para o toureiro ir a Madrid,
O corazon abalado de Manuelita,
Ficava ali.
Cacilda rival no amor,
De manuelita se quis vingar,
Para lhe causar dissabores,
Mil falsidades lhe foi contar!
Teu Pedro não morre de amores por ti,
Chamado por outra foi ele a Madrid.
Ai , ai não posso acreditar!
Que Pedro me queira enganar
Pois ele jurou-me querida,
Ser meu por toda a vida.

Para o outro dia
Manuelita adoeceu,
Dalia a três dias Manuelita Morreu.
Estava no campo da batalha,
Quando cartas recebeu;

Reza por ela na paz,
Que Manuelita morreu!
Hás-de sofrer como eu sofro,
Hás-de sofrer como eu sofri,
Hás-de morrer como eu morro,
Hás-de morrer como eu morri.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Canção Querida

De pensamentos e rosas,
Te colocarei um ramito,
Para eu seja mais ditosa,
Te vou rezar infinito.

Querida meu coração,
Minha alma sofre e padece.
Tenho uma dor que aumenta e cresce,
Meu coração não resiste,
Por que tu na vida nasceste,
Para minha doce calma,
Tenho dentro da minha alma,
Lembrança recordos tristes.

De esperança um segundo,
E eu perdido para sempre,
Por que a terra que me chama,
Ao descanso eternamente.

Querida meu coração,
Minha alma sofre e padece,
Tenho uma dor que aumenta e cresce,
Meu coração não resiste,
Porque na vida nasceste,
Para minha doce calma,
Tenho dentro da minha alma,
Lembranças recordos tristes.

Marreca

Havia um certo marreca,
Por agora não digo mais.
Sabia ler e escrever,
Passava a vida a ler,
As noticias nos jornais.

Um dia ao ler a noticia,
Teve grande sensação.
Ele corria e saltava,
Ao ver que um doutor curava,
Marrecas com perfeição.

Correu logo ao consultório,
Do Doutor Marafuso,
Não me importa de pagar,
O que eu quero é ficar,
Direitinho como um fuso.

O doutor diz eu te curo,
Ficas com pouca diferença.
Eu te digo a pereceito,
Para ficares mais direito,
Tens de ir a uma nova prensa.

Quando se deitou na prensa,
Grita logo por socorro.
Senhor doutor não seja assim,
O senhor tenha pena de mim
Acuda-me olhe que eu morro.
O doutor põe-se animá-lo!
Estas a ficar sem defeito.
Deves ter gosto profundo,
Por que vais para o outro Mundo,
Morres mas ficas direito.

Manuela

Triste despedida aquela,
De José e Manuela,
Ao partir para militar.
Disse José a sorrir:
Meu amor eu hei-de vir
Para contigo casar.

Vai para longe eu quero ter,
Cartas para receber,
Noticias boas e más.
Dentro de meu peito tenho,
Lágrimas e sentimentos.
Respostas também terás.

Há dois meses se passaram,
Aqueles dois namorados,
Eles cartas não recebiam,
As cartas para a Manuela,
Nunca iam à mão dela,
Outras pessoas as liam.

Quem desaparece esquece,
A gente logo se aborrece,
As mulheres são sempre assim.
Mas José afinal,
Tu não me leves a mal,
Eu sei que gostas de mim.

A carta

Tinha embarcado para a índia,
O filho desta velhinha.
Foi cumprir o seu dever,
Deixando a mãe sozinha.

Aquela pobre velhinha,
De noite e dia a chorar,
Pois o filho que ela tinha,
Já ia no alto mar.

Aquela pobre velhinha,
De chorar nunca se farta,
Desde que veio uma vizinha,
E lhe entregou uma carta.

Mas com lágrimas no rosto,
Disse alguém que estava ao lado,
Leia-me esta carta depressa,
Que é do meu filho adorado.

Na carta dizia assim:
Era dum colega seu,
Tenha paciência velhinha,
Que o seu filhinho morreu.

Aquela pobre velhinha,
Lamenta seu rude trilho.
Ela morreu a beijar o retrato,
O retrato de seu filho.
Aurinda

Aurinda, ó Aurindinha,
Meu amorzinho primeiro,
Queres tu ó Aurindinha,
Embarcar para o Estrangeiro.

Aurinda, ó Aurindinha,
Tu já te vais a casar,
Foste dormir à caverna,
À cama de um militar.

Aurinda, ó Aurindinha,
Tu já te vais a casar,
Tens a aliança no dedo,
Que ta deu um militar.

Que ta deu um militar,
Ele é filho de um sargento,
Era a cara mais bonita,
Que andava no regimento.

Que andava no regimento,
Já estivera na marinha.
Era a cara mais bonita,
E namorava a Aurindinha.
Romance da Ceifa:

Aldininha

Aldininha, Aldininha,
Queres ser minha namorada,
Eu de ouro te vestia
E de prata te calçava.
Não permite Deus meu pai,
Que eu seja sua namorada,
Pois as penas do inferno,
Ó meu pai quem as passara.
Mandou erguer uma torre,
Muito linda e muito alta,
Para fechar a Aldininha
Naquela torre tão alta.
O que davam de comer,
Era sardinha salgada,
O que davam de beber
Era água de pescada.
Aldininha com a sede,
Chegou-se a uma sacada.
Avistou a sua irmã,
Lavando seda bordada.
-Ó minha irmã se o sois,
Dá-me uma gota de água,
Que se me seca o coração,
Minha vida, minha alma.
-Bem ta dava minha irmã,
Dava-ta de boa mente,
Mas o ladrão do nosso pai,
Levou a chave da nascente.
Aldininha com a sede,
Chegou-se a outra sacada,
Avistou a sua mãe,
Passando seda bordada.
-ó minha mãe se o sois
Dá-me uma gotinha de água,
Que se me seca minha vida, minha alma.
-Bem ta dava minha filha,
Dava-ta de boa mente,
Mas o ladrão do teu pai,
Levou a chave da nascente.
Aldininha com a sede,
Chegou-se a outra sacada,
Avistou o rei seu pai,
Jogando o jogo da espada.
-ó meu pai se o sois,
Dá-me uma gota de água,
Que se me seca o coração
Minha vida minha alma.
-Alto, alto meus criados,
Todos que jogais a espada
Levai água a Aldininha,
Que está na torre fechada.
O primeiro que chegar,
Terá uma espada de prata,
E o último que chegar,
Terá vida tirada.
Por Deus e Virgem Maria,
Todos chegaram a par,
Todos chegaram a par
E Aldininha suspirava.
Aldininha se morreu,
Não morre por falta de água,
Pois aos pés de Aldininha,
Corria uma fonte de água clara.




Lá vai nossa Senhora

Lá se vai nossa Senhora
Do Egipto para Belém,
Menino leva nos braços,
É Jesus de Nazarém.
Chegou ao meio do caminho
Deitou os olhos além,
Avistou um maçanal
Mas que belas maçãs tem.
O pastor que as guardava
Cego é que não vê bem.
-Dá-me uma maçã ó cego
Para o meu filho comer.
-Não lhe dou uma nem duas
Dou-lhe todas quantas ele quiser.
Cego dá a maça ao menino,
Menino começa a comer.
Acabou de comer a maçã,
Cego começa a ver.
-Quem te deu a vista, ó cego
Quem te deu esse teu ver?
-Foi a Virgem nossa Senhora
Que tinha todo o poder.

Romance da Ceifa:

Dona Helena

-Porque não cantas Helena
À sombra dessa nogueira?
- Como hei-de eu cantar alegre,
Como hei-de cantar gazela,
Se meu pai já era morto,
E meu marido anda na guerra?
-Ó, quanto davas Helena
A quem to aqui trouxera?
-Daria aquela ovelhada
Que trago naquela serra.
- Guarda lá a ovelhada,
Que a ovelhada vossa era.
Ó quanto davas Helena
A quem to aqui trouxera?
-Daria aquela vacada
Que trago naquela serra.
-Guarda lá a vacada
Que a vacada vossa era.
Ó quanto davas Helena
A quem to aqui trouxera?
- Daria-te três moinhos
Todos três a ti tos dera
um mói ouro e prata
os outros pão e canela.
- Guarda lá os três moinhos
que não servem para mim!
- Ó quanto davas Helena
a quem to trouxera aqui.
- Três filhas que dele tivera
Todas três te dou a ti.
Uma para te lavar
Outra para te calçar e vestir,
A minha mais novinha de todas
Para contigo dormir.
-Não quero as tuas filhas,
que não servem para mim,
- Ó quanto davas Helena
a quem to trouxera aqui?
-Vai-te embora cavaleiro,
já estou farta de te ouvir,
não tenho mais que te dar
nem tu mais que me pedir.
- Tu tens muito que me dar
e eu muito que te pedir,
esse corpinho amado
para com ele dormir.
Romance da Ceifa:

Dona Eugénia

Apeia-te ó cavaleiro,
Se comigo queres merendar.
-Tu que tens ó Dona Eugénia?
Tu que tens para me dar?
-Tenho vinho de há sete anos,
Para te dar a provar.
Cavaleiro bebeu o vinho
E começou a ajoelhar.
-Dona Eugénia, ó dona Eugénia,
Tu que fizeste ao teu vinho?
Ainda agora o bebi,
Já não enxergo o caminho.
-Tu que fizeste ao teu vinho
que me fez tanto mal?
-Deitei-lhe cobrinhas vivas
Pós de lagarto real.
Já que não casas comigo,
Com outra não vais casar.
-renego da Dona Eugénia
Que me acaba de matar,
-Eu renego do cavaleiro
Que bem me soube enganar.
-Se minha mãe soubesse
Como tinha seu filho querido.
-Também minha mãe contava
Que tu casavas comigo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Romance da ceifa:

Duque de Alba

Tristes novas, novas tristes,
Corridas vão por Sevilha,
Que se casa o Duque de Alba,
Com dama de grande valia.
Perguntara-lhe uma aia,
Vindo da missa do dia.
-É verdade ó Dona Ana,
É verdade ó vida minha,
Que se casa o duque de Alba,
Com dama de grande valia?
-Tanto se me dá que se case,
Como que solteiro viva.
Chegou a uma ventana
Que no seu palácio havia,
Avistou o Duque de Alba,
Ele ia calha arriba.
-É verdade ó Duque de Alba,
É verdade ó vida minha.
Disseram-me hoje que te casavas,
Com dama de grande valia.
-É verdade ó dona Ana,
Eu a convidar-te já vinha.
-não tens vergonha em convidar-me,
Nem eu mesmo lá ia.
Ela teve um acidente,
Morta para trás caía.
Passados setes anos,
Sua sogra lhe dizia.
-poisa o luito Duque de Alba,
Que de luito bastaria.
Tu crias mais a Dona Ana,
Que queres a minha filha.
-Eu mais não lhe queria,
Mas muito a amaria.
Ele teve um acidente,
Morto para trás caia.
Romance da ceifa

Dom Carlos

Aquela carreira de olmos
Vou já mandá-la cortar,
Quem anda cego de amores
Não pode ver verdejar.
Dom Carlos anda de amores
Não podia repousar,
À porta de Clara linda
Se foi por a passear.
Montado no seu cavalo
Ficou por ela a esperar.
Clara linda mal o viu
Começou com ele a falar.
Lindas armas trás Dom Carlos
Para com os mouros brigar.
-Melhores a trago senhora
Para consigo brincar.
-Vá ao pombal de meu pai
Que lá podemos falar.
Vira-os ele o pajenzinho
Muito amigo do seu pai.
-Te peço ó pajenzinho
Que ao rei não vás contar,
Eu te darei liberdade
Para te poderes governar.
Não tardou o pajenzinho
Em ao rei ir contar
No meio de um jardim
Quando andavam a passear.
-Clara linda e Dom Carlos
Hoje eu os vi brincar.
_se me dissesses oculto
Grande dote te havia de dar,
Disseste-mo no passeio
Vou já mandar-te matar.
Dom Carlos e Clara linda
Vou já mandá-los casar.

Romance da ceifa:


Capitão

Maio, era por Maio,
De uma rica primavera.
Lá se vai o capitão
Com seus soldados para a guerra,
Duzentos leva contados,
Duzentos contados leva,
O que vai na dianteira
Os olhos levava em terra.
-Porque vais triste soldado,
Porque vais triste para a guerra?
Se vais triste pelo cavalo
Melhor cavalo te eu dera.
-Não vou triste pelo cavalo
O cavalo bem bom era.
-Porque vais triste soldado,
Porque vais triste para a guerra?
Se vais triste pela espada
Melhor espada eu te dera.
-Não vou triste pela espada
Pois a espada bem boa que era.
-Porque vais triste soldado,
Porque vais triste para a guerra?
Se vais triste pelo capote
Melhor capote te eu dera.
-Não vou triste pelo capote
O capote bem bom que era.
-Porque vais triste soldado
Porque vais triste para a guerra?
-Vou triste por minha amada
Que sola fica em terra.
Ainda ontem me casara
E hoje já vou para guerra.
-Aparelha o teu cavalo
Sete anos vai para junto dela.
Ao cabo dos sete anos
Soldado volta para a guerra.
-Aqui tem meu capitão
Os primores da mina terra.
Meteu a mão ao bolso
Cordão de ouro lhe dera.
-Os primores da tua terra
Não os há em qualquer serra.
Aparelha o teu cavalo
Outros sete para junto dela
Sete e sete são catorze
Soldado acabou-se a guerra.

Romances da ceifa


Alta vai a lua alta

Alta vai a lua, alta,
Como o sol ao meio-dia,
Mais alta vai a Senhora,
Quando para Belém seguia.
Madalena vai atrás dela,
Alcançá-la não podia.
Encontrou-a numa gruta
Onde já estava parida.
A miséria era tanta,
Que panais nenhum havia.
Deitou as mãos à cabeça,
A um véu que ela trazia.
Partira-o em trás pedaços,
A Jesus nele envolvia.
Um da cinta para baixo,
Outro da cinta para cima,
E com o mais pequenino,
Apertou-lhe a cabecinha.
Desceu um anjo do Céu,
Panais de ouro lhe trazia.
A Senhora de contente,
Disse-lhe que os não queria.
Subiu o anjo para o Céu,
Cantando Ave-Maria.
Perguntou-lhe o pai eterno
Como ficava a parida.
-A parida fica bem,
Envolta de maravilhas.

Santa Clara de Cima

Em Santa Clara de cima,
Há uma linda roseira,
Ainda pouco lá morreu,
Uma menina solteira.

Era pequena era nova,
Toda vida a namorar.
Foi pedir licença a seu pai,
Licença para se casar.

Tu és pequena, tu és nova,
OH filha que vais fazer,
Estás na flor da tua idade,
Vais te deitar a perder.

Ela que aquilo ouviu,
Ao noivo lho foi contar.
Vai-me buscar os remédios ,
Que me quero ir matar

O noivo correu depressa
À farmácia da calçada.
Trouxe-lhe limão em pó,
Creolina engarrafada.

Logo à primeira gota,
Foi logo uma sangraria,
Disse ela para o amor,
Que daquela morreria.

Eram as dez para as onze,
As onze para o meio-dia.
Entregou a alma a Deus,
O corpo à terra fria.



Rosa Costureira

Era a Rosa costureira,
Bondosa e trabalhadeira.
Amava-o de coração.
Ela bem se namorou,
De um rapaz de quem gostou,
Do serralheiro João.

Como és nova e linda,
Podes encontrar ainda,
Quem te faça bem feliz.
Eu é que já não caso contigo,
Não era esse o meu destino,
Minha sorte assim o quis.

Era a luz do meu olhar,
O que eu te podia dar,
Já fui perder à guerra,
Ai de mim que estou ceguinho,
Já não enxergo o caminho,
Para voltar à minha terra.

Não tenhas pena de mim,
Porque eu antes de cegar,
Já era cego por ti,
Lá te mando rogos meus,
Também peço a Deus ,
Que não te esqueças de mim.

Romance da Mineta

Levanta-te mineta,
Do doce dormir.
Esta um cego à porta
Num lindo pedir.

Se ele canta e pede,
Dá-lhe pão e vinho.
Diz ao pobre cego,
Que siga o caminho.

Não quero seu pão ,
Nem também seu vinho.
Quero que mineta,
Me ensine o caminho.

Até além, além,
Até ao verde pinho,
Que depois para diante,
Já sei o caminho.

Já espiei a roca,
Já fiei o linho,
O malvado do cego,
Não sabe o caminho!

Ó valha me deus,
E a Virgem Maria,
Era tanta a gente ,
De cavalaria.

Era tanta a gente ,
De cavalaria.
Esconda-se ó menina,
Na minha capinha.

Adeus minha casa,
Adeus minha janela,
Adeus minha mãe ,
Que tão falsa me era.
Romance da Juliana

-Tu que tens ó juliana, oai,
Que passas a vida a chorar.
-Que hei-de ter ó minha mãe,
Se o Jorge se vai casar.

Bem te disse ó Juliana, oai
Não quiseste acreditar.
Que o Jorge tem por notícias,
De meninas enganar.
Lá baixo vem o Dom Jorge,
Montado no seu cavalo, oai
Vai a ver a Juliana,
Se tem outro namorado.

-Dom Jorge, e ó dom Jorge, oai
Tu já te vais a casar.
-É verdade ó Juliana,
Já te venho a convidar.

-Apeia-te ó Dom Jorge, oai
Apeia-te do teu cavalo,
Para beberes um copo de vinho,
Que para ti tenho guardado.

Juliana, ó Juliana, oai
Tu que fizeste ao teu vinho,
Ainda agora o bebi,
Já não enxergo o caminho.

Se minha mãe soubesse, oai
Como tinha o seu filho,
Também minha mãe contava,
Ou tu casavas comigo.

Isaura
Eram duas criancinhas,
Que andavam a estudar,
Ao cabo de doze anos,
Tratou de a namorar.
Seu pai assim que o soube,
Manuel mandou prender,
Pela policia acompanhado,
Ele ia já morrer.
Já levavam Manuel preso,
De mãos erguidas para Deus
Pedindo a Nossa Senhora,
Que o levasse para os céus.

Ó Isaura, ó Isaura,
Contigo quero falar,
Eu tenho uma carta escrita,
Preciso de ta entregar.

Isaura assim que o soube,
Como Manuel tivera a sorte,
Deitou-se de uma janela abaixo,
Ele mesmo se deu à morte.

E no dia do enterro,
Toda a gente estava a chorar,
Os caixões eram iguais,
E a cova de par a par.

Mal o haja o tanto querer,
Mal o haja o tanto amar,
Nem na vida nem na morte,
Se puderam separar.
Romance da Henriqueta

Levanta-te Henriqueta,
Levanta-te a preparar.
Que ao baile dos do urbano
Não se lhes pode faltar.

Ao baile dos do urbano,
Não se lhes pode faltar,
Somos quatro estudantes,
Chegamos para a estafar.

Chegou ao meio do baile,
Henriqueta se assentou.
Disseram os estudantes,
O baile ainda não acabou.

Chegou ao fim do baile,
Altos gritos atirou.
Disseram os estudantes,
Henriqueta arrebentou.

Henriqueta se morreres,
Deixa-me uma prenda tua,
Deixa-me os sapatinhos,
Com que tu saias à rua.

Os sapatos não tos deixo,
Deixo-os à minha tia.
Para que ela os entregue,
Á minha prima Maria.

A morte de Henriqueta,
Foi a mãe que a causou.
Às onze horas da noite,
Para o baile a chamou.

Os rapazes que a levam,
Chorava-lhe o coração,
De lhe ver sair o sangue,
Para fora do caixão.

Os rapazes que a levam,
Era todos primos dela.
Apertaram-lhe o caixão,
Com uma fita amarela.

Garotinho de dez anos

Andando um garotinho de dez anos,
A cavar numa vinha de seus pais.
Há no Mundo muito certo ser humano,
Que ainda são piores do que animais.

O garotinho a cavar muito sofria,
Com esse trabalho amargurado.
Mas como o seu trabalho não rendia,
Á noite pelo pai era espancado.

O garotinho já cansado de sofrer,
Pelo pai passando tormentos e aís.
Um dia ele então tentou fazer,
Abandonar a casa dos seus pais.

A uma terra muito longe o garotinho,
A uma porta rica foi bater.
Pedia com carinho e ternura,
Pedia onde dormir e que comer.

O dono dessa casa então lhe perguntou,
Porque andas assim abandonado?
O garotinho a chorar lhe exclamou,
Senhor porque meu pai é um malvado.

O Dono dessa casa então lhe disse,
Em vista do teu pai ser um traidor,
Senão queres abalar ficarás cá,
Que eu de ti farei um homem de valor.

O garoto aceitou mas sem saber,
Que aquele homem era honrado professor,
Que o ensinou a ler e a escrever,
Até que chegou a ser um bom doutor.

Era Doutor e já curava gente,
Era Doutor audaz e forte,
Um dia soube que seu pai estava doente,
A pressa lá o foi salvar da morte.

O meu pai, o senhor já está salvo,
Eu nisto tenho muito brilho,
Em vista do meu pai ser um traidor,
Eu quero-lhe pagar por ser bom filho.

Desculpa filho meu, filho adorado!
A vida que eu te dava amargurada.
E diz quanto te devo ó meu filho,
Cumpri o meu dever não deve nada.

Romance de Dona Filomena

Estando a Dona Filomena
Sentadinha ao balcão,
Seus cabelos penteava,
Com um pente de ouro na mão
Passou ali um soldado,
Logo lhe apertou a mão.

Agora, agora soldado,
Tu tens muita ocasião.
Meu marido foi à caça,
Lá para os campos de Aragão.
Se queres que cá não volte,
Deita-lhe uma maldição.
Corvos lhe tirem os olhos,
As águias o coração.

Palavras não eram ditas,
Seu marido a porta entrava.
Tu que tens Oh Filomena,
Tu já perdeste a cor.
Ou estás vária do sentido,
Ou tu tens novos amores.
Nem estou vária do sentido,
Nem tomei novos amores,
Foi porque eu perdi as chaves,
Dos mais altos corredores.

Deolinda

Chamaram por Deolinda,
Deolinda não está cá,
Deolinda, Deolinda,
Deolinda, Oh menina Oh lá.

Foste falar com o meu pai
Sem saber se queria eu.
Em tudo governa ele,
No amor governo eu.

Foste falar com o meu pai,
Da parede do lameiro,
Se querias casar comigo,
Falasses me a mim primeiro.

Meu lencinho de cambraia,
Estendidinho na barrela,
Em cada ponta um cravo,
No meio a primavera.

Tenho um lenço enramalhado,
Bordado aos ramalhões,
Andavas para me enganar,
Eu não sou de mangações.
Branca Alzira

OH Branquinha, Oh Branquinha
Não deixes o avental.
Está o teu primo à espera,
Ao entrar pró arraial.

Ao entrar pró arraial,
Ao sair da brincadeira,
Por o meu primo não estar,
Brinco da mesma maneira.

O João de Barca de Alva,
Mostra bandeiras de luto,
Mataram a Branca Alzira,
A família chora muito.

A família chora muito
Eu bem a ouço chorar.
Mataram a Branca Alzira,
Ao entrar pró arraial.

O João de Barca de Alva
Mostra bandeiras à frente.
Mataram a Branca Alzira
Ainda era Inocente.

Romance Bela amada

- Vou-te deixar minha amada!
Sete anos vou viajar.
Ao cabo dos sete anos,
Fiel me virás achar.

Ao cabo dos sete anos,
Pôs flores no seu penteado,
Foi para o bosque deserto,
Esperando o seu bem amado.

Ao alcançar longa vista,
Pelo alto, pelo outeiro,
Vira vir correndo, correndo,
Um airoso cavaleiro.

- Que fazer aí bela moça
Que fazes neste deserto?
Ou estás de mal com teus pais,
Ou tens marido encoberto.

- Nem estou de mal com meus pais
Nem tenho oculto marido,
Estou esperando meu bem amado,
Há sete anos que à partido.

- Teu bem amado foi-te falso,
Faltou-te ao juramento,
Casou-se ontem na cidade,
E na capela do convento.

Na capela do convento,
Na Igreja do Senhor,
Dá-me a tua mão direita,
Que eu serei o teu amor.

- Eu não quero mais amar,
Que o amar só faz sofrer,
Eu não estou para pagar,
O que não estou a dever.

Voltou para trás e disse,
Eu pequei mas perdoei-lhe,
Eu perdão que eu lhe dou,
São lágrimas que por ele chorei.

-Toma lá ó minha amada,
o anel da nossa aliança,
que mo meteste no dedo,
Com tuas mãos de criança.

- Se tu és o meu amado,
Para que me dás tanta guerra?
- Eu é que queria saber,
Quem deixara nesta terra.

Anabela

Anabela era a linda formosura,
Era a moça mais gentil de todo o monte ,
E numa noite fria muito escura,
Pegou na cantarinha e foi à fonte.

Ao regressar a casa a Anabela
Vindo ela junto à azenha e ao moinho ,
Viu três enormes lobos junto dela ,
Impedindo-lhe a passagem do caminho.


Mas os lobos nem sequer se incomodaram,
E Anabela para a frente caminhou !
Talvez até os lobos murmuraram,
Que bela rapariga aqui passou.

Se fossem três homens, eu sei lá,
Anabela cumpriria o seu dever ,
A tentação da carne é muito má ,
Há homens que são lobos por prazer.

Alcina

Ó Alcina, ó Alcina
Cara de ginja madura.
Na cidade não havia
Cara mais linda que a tua.

Ó Alcina, ó Alcina
Cheia de fogo a arder.
Bem correram os bombeiros,
Não te puderam valer.

Chorava o irmão mais novo,
Abraçado ao mais velho.
Os gritos eram tão altos,
Que se ouviam do cemitério.

Chorava o pai, chorava a mãe,
Também choravam os padrinhos.
Por ver a afilhada morta,
No largo de Matosinhos.


Ferreira Augusto

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010


A Aventura na Ilha

Versos desta natureza,
Só poetas sabem escrever.
Ouçam queridos ouvintes,
Os versos que eu vou dizer.

Escutem com atenção,
A história que eu vou contar,
Alguns vão gostar de ouvir,
Outros nem sequer lembrar.

Vou-lhes contar uma história,
Daquelas que a vida tem,
A viagem à Madeira,
Amigo, não correu bem.

Escutem com atenção,
Esta história um pouco má,
Tudo isto aconteceu,
Á turma do sexto A.

A turma do sexto A,
Foi com os seus professores,
Num passeio à Madeira,
A esse jardim de flores.

A turma do sexto A.
Da escola do Porto Santo,
Foi visitar a Madeira,
Á pérola do Atlântico.

Esta viagem à Madeira,
Foi um pouco acidentada,
Por alguns vai ser esquecida,
Por outros vai ser lembrada.

Entramos no avião,
Meia hora atrasados,
Estragando assim os planos,
Que estavam programados.

Eu rezei com devoção,
Durante essa viagem,
Pedindo que esse avião,
Fizesse boa aterragem.

Ao chegar a Santa Cruz,
O vento soprou mais forte,
Pedimos ao bom Jesus
Que nos desse boa sorte.

Naquela ocasião
Em que o avião ia aterrar,
Foi tão forte o abanão
E tanta gente a gritar.

Eu ouvi, naquele momento,
Corações muito aflitos.
Minha alma emudeceu.
Ao ouvir tão altos gritos.

Oi tão forte o abanão,
Que no meu peito senti,
Naquela ocasião,
Nem sei como não morri.

Ao sair do avião,
E quando a pista pisei,
Agradeci aos meus santinhos,
Pois desta já me livrei.

Seguimos nossa viagem,
Por ser Dia do Ambiente,
Visitar Santa Cruz,
Machico e São Vicente.

Lá longe na alta serra,
Triste caso se passou,
Uma aluna da turma,
Doente se encontrou.

Telefonámos ao cento e doze,
Naquele mesmo momento,
Para ir acudir à doente,
Que estava em alto sofrimento.

Quando chegou o doutor,
Encontrou triste o ambiente,
Até as arvores choravam
Por ter pena da doente.

No alto daquela serra
Soprou forte o vendaval,
No momento em que o doutor,
Levou a doente para o hospital.

O grupo segue a viagem,
Não tinha tempo a perder,
Sem ninguém adivinhar,
O que iria acontecer.

O grupo segue tristonho,
Contemplando a paisagem,
Por entre vales e montes,
Até chegar à hospedagem.

Chegamos à hospedagem
Eram três horas da tarde,
Coma barriga a dar horas,
Comemos com mais vontade.

Lá na sala de jantara,
Fizemos grande limpeza,
Comeu-se toda a merenda
Que estava posta na mesa.

Depois da barriga cheia,
Fomos então para o Funchal,
Buscar a nossa doente,
Que estava no hospital.

Ao chegar ao hospital,
A doente já estava fina,
Fomos então para a marginal,
Para a esplanada da Marina.

Bebemos alguns refrescos.
Sentados à beira-mar.
Enquanto que o vento forte,
Não deixava de soprar.

Sentados à beira mar,
Que beleza que maravilha,
Mas estava chegando a hora,
De partir para a outra ilha.

Ao chegar ao aeroporto,
Era grande a confusão.
Ficamos então à espera
Que chegasse o avião.

Passa o tempo pouco a pouco
O vento sempre a soprar,
O povo estava louco,
Cansado de esperar.

A TAP então informou
Aquela gente enfurecida,
Que lhe ia dar o jantar,
E também boa dormida.

Comemos, também bebemos,
Lá dentro no aeroporto,
Enquanto que à nossa volta,
Soprava o vento maroto.

Os voos foram cancelados,
Por causa do temporal,
Todos nós fomos dormir,
Ao bom hotel Garajal.

Esse hotel cinco estrelas,
Tinha ricos aposentos,
Ali todos nós ficámos,
Abrigadinhos dos ventos.

Ouvi um barulho estranho,
De manhã ao acordar,
Quando à porta cheguei,
Eu nem queria acreditar.

Era a nossa doentinha,
Que se estava a sentir mal,
Telefonámos aos bombeiros,
Para a levar ao hospital.

Sentado numa cadeira,
Pedi à virgem Maria,
Que trouxesse adoente,
Para a nossa companhia.

Nesse hotel de cinco estrelas,
A vida corria bem,
Havia comida e bebida
E divertimentos também.

Tivemos musica ao vivo,
Lindos fados de encantar,
Tivemos banhos na piscina
E até jogos de bilhar.

Passámos o dia todo,
Á espera da bonança,
Nós e os estagiários,
Que andavam na mesma dança.

De mãos erguidas par aos céus
E o olhar no firmamento,
Pedíamos ao bom Deus
Que afastasse o mau tempo.

Passamos o dia todo
Com muita ansiedade,
Á espera que o Bom Deus,
Acalmasse a tempestade.

A TAP então avisou,
Era hora do jantar,
Passageiros de Porto Santo,
Não se podem demorar.

Partimos todos contentes,
Com alegria no rosto,
Mas ninguém dizia nada,
Ao chegar ao aeroporto.

A TAP Portugal,
Faz muitas coisas à toa,
Meteu alguns passageiros,
No voo que ia para Lisboa.

O voo que ia para Lisboa
Por Porto santo passava,
MAS o grupinho dos doze,
No aeroporto ficava.

Vai para Santa Catarina,
Quem não foi neste avião,
Podem dormir descansados,
Longe desta confusão.

De manhã, às nove horas,
Lá vamos nós a correr,
Do hotel para o aeroporto,
Para o avião não perder.

Ao chegar ao aeroporto,
Cheio o avião já estava,
Mais uma vez o grupo,
No aeroporto ficava.

O grupo foi informado,
Por alguém da companhia,
Que o avião para Porto Santo
Era só ao meio-dia.

Sentimos muita alegria
Ao chegar o avião,
Felizmente que chegou
A nossa ocasião.

Ao entrar no avião,
Houve grande contentamento,
Lá vamos nós para Porto Santo,
Sem haver chuva, nem vento.

Com mentiras e incertezas,
A nossa alma foi ferida,
Andamos neste vai vem,
Até à hora da partida.

Estas foram as peripécias,
Que na Madeira passámos,
Por milagre do Bom Deus,
A Porto Santo chegamos.

Vejam, queridos leitores,
Aquilo que o vento fez,
Fomos um dia à Madeira,
Fomos um, ficamos três.

Na Madeira vimos montes,
Picos com rochas escarpadas,
Vales, ribeiras e pontes,
Grandes túneis, boas estradas.

Vimos grandes bananais,
Com cachos verdes a crescer,
Vimos alguns cerejais,
Sem qualquer cereja ter.

Vimos barcos e aviões,
Hotéis muito luxuosos,
Na Madeira também vimos,
Parques e jardins formosos.

O verde da natureza,
Nossa alma enfeitiçou,
Que encanto, que beleza,
Nosso olhar deslumbrou.

Os alunos tudo viam,
Com grande admiração
Tudo lhes dava prazer
E alegria ao coração.

Quando na rua passava,
Qualquer garota catita,
Começavam a cantar,
A canção do pisca, pisca.

Os alunos sempre andaram,
Alegres e agitados,
Ao chegar aos dormitórios,
Não se sentiam cansados.

Os alunos sempre foram,
Unidos e respeitadores,
Com as pessoas que passavam
E também com os professores.

Coisas feias, coisas lindas,
Eles gostaram de ver,
Esta visita de estudo,
Jamais irão esquecer.

Estes alunos precisam
De um apoio especial,
Aquilo que não lhes deu a
A TAP Portugal.

A TAP Portugal,
Precisa de um abanão,
Goza com os passageiros,
Não importa a condição.

A TAP Portugal,
Trabalha que é um espanto,
Só sentimos alegria,
Ao chegar a Porto Santo.

Ao chegar a Porto Santo,
Nosso olhar se alegrou.
Somente a nossa doente,
Triste no Funchal ficou.

A viagem à Madeira,
Foi estragada pelo vento,
Nuns rostos Houve alegria,
Noutros houve sofrimento.

Dos “fracos” não reza a história,
Lá diz o velho ditado,
Vai perdurar na memória,
Este dia atribulado.

Esta visita de estudo,
No dia do Ambiente,
Vai perdurar na memória,
Na alma de muita gente.

Esta visita de estudo,
Foi muito aventureira,
Tudo isto aconteceu,
No Porto Santo e na Madeira.

Esta visita de estudo,
Que fizemos ao Funchal,
Por causa da ventania,
As coisas correram masl.

Lá por terras da Madeira,
As coisas correram mal,
Tornamos culpas ao vento
E a TAP Portugal.

Andamos por lá três dias,
Com muita fé e esperança,
O grupo, esperou, esperou,
E quem espera sempre alcança.

Andamos por lá três dias,
Com os cabelos no ar,
Com telelés sem bateria,
E as roupas por mudar.

Bela ilha da Madeira,
Onde o sol nem sempre brilha,
Esta foi a aventura,
Que o grupo passou na ilha.

Ferreira Augusto.

TIC

Tantos meios, tantos meios,
Tantos meios de comunicação,
Alguns deles estão patentes,
Nesta nossa exposição.

Tiveram o seu valor,
Em tempos que já lá vão,
Serviram para comunicar,
Hoje nesta sala estão.

Nos inícios dos anos vinte,
Do século que já passou,
Para servir uma elite,
A Rádio se inventou.

A Rádio apenas servia,
Uma elite cultural,
Com o decorrer dos anos,
Tornou-se universal.

Há rádios nacionais,
Locais e de escola,
Transmitem muitas noticias,
Musicas e jogos de bola.

Mais tarde se inventou,
Também a Televisão,
Com ela veio a imagem,
Que grandiosa invenção!

Foi nos anos sessenta,
Que a Portugal chegou,
Quanta dor, quanta confusão,
No seio da família causou.

Antigamente este povo,
Fazia alto serão,
Hoje apenas está com o olho,
Junto da televisão.

Descobriu-se o Telefone,
Com fios, para falar,
Quanta palavra bonita,
Havia para escutar.

Era bonito, era agradável,
O auscultador levantar,
Mais bonito era ouvir,
A voz de um amigo falar.

Inventou-se o Telemóvel,
Este aparelho moderno,
Permite mandar mensagens,
Para o meio do “inferno”!

Hoje andam grilos no bolso,
Sem fios para ligar,
São pequenos são cómodos
E servem para comunicar.

A Maquina da Tilografia,
Outrora teve valor,
Hoje está no sótão arrumada,
Culpa do Computador.

O Computador fez história,
No guardar e no escrever,
Mas quando falha a memória,
Tudo se pode perder.

Chegou a Internet,
Com este invento ninguém sonhou,
Pois o raio da Internet,
A vida facilitou.

Através da Internet,
Enganam-se clientes,
Professores e doutores,
Estudantes e adolescentes.

Cuidado com a Internet,
Seus riscos pode trazer,
Pode enganar à distância,
Leva milhões a perder.

As novas tecnologias,
De Informação e Comunicação,
Facilitaram a vida,
Ao mais pobre cidadão.

Divulgam, levam a cultura,
Ao mais pobre cidadão,
Foi com o decorrer dos tempos,
Que houve esta evolução.

Ferreira Augusto

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


O SAME


O Same é um tractor,
Para rasgar o duro chão,
Não há outro como ele,
Cá para trás do Marão.

Há lavradores que lavram,
Com vacas, bois e jumentos.
Como podem estes homens,
Aumentar estes rendimentos?

Há lavradores no nordeste,
Com baixa produção,
Só por não terem ainda,
Tractores Same à mão.

Os campos do nordeste,
São duros, posso dizer,
Marcam a força do Same,
São mais fáceis de revolver.

O Same é um tractor,
Muito forte e poderoso.
Não há outro que o torça,
Mesmo quando ele for idoso.

Vai aos vales e montanhas,
Aos cabeços e às ribeiras.
Transporta lenha e castanhas,
Pedra, terra e madeiras.

Não lavres mais lavrador,
Com as vacas coitadinhas!
Lavra mais este tractor,
Que três juntas de vaquinhas.

Lavradores que eu conheço,
Não querem acreditar,
Quando lhe falo no preço,
Que eles têm de pagar.

É um tractor excelente
Para estes solos lavrar.
Quem o tem está bem contente,
Nunca imaginou sonhar.

A terra dura revolve,
A seca e a molhada,
Muita gente se comove.
Ao vê-lo passar na estrada.

Enquanto lavra a pedra dura,
Ganha a massa para se pagar,
A lei dos três anos perdura,
Para quem o quer comprar.

Quem quiser comprar, que compre!
Eu já estou remediado,
Já comprei um tractor Same,
Tractor bem ao meu agrado.


Ferreira Augusto
As Brasileiras contra atacam…

Casadas falais de nós,
Nós não chamamos ninguém,
Se de nós tendes inveja,
Como nós fazei também.

Não fiqueis preocupadas,
Que eles não apanham a sida!
Eles trabalham vestidos,
Não se esquecem da camisa.

Nós viemos do Brasil,
Para aqui ganhar a vida,
Temos filhos no Brasil,
Há espera de comida.

Para ganharmos a vida,
Nós vergamos bem a mola,
Se quereis nosso trabalho,
Entrai para a nossa escola.

“Mães casadas de Bragança”,
Não aprenderam a sambar,
Entrai para a nossa escola!
E ireis ver que ides gostar.

Para dançar o samba,
É preciso ter jeitinho,
Dançai de pé e deitadas,
Há que abanar o rabinho!

Ferreira Augusto.

Quis ir a elas...

Quis ir a elas, porque eram estrangeiras,
Queria saber se a fruta era diferente!
Entrei na sala apareceram as brasileiras,
Fruta gostosa vinda de outro continente.

Quis ir a elas, porque eram atraentes,
Eram jeitosas tinham corpo delicado,
Quando passavam com a ssaias transparentes,
Tinha desejos, ficava logo excitado.

Quis a elas, porque também sou maluco,
Minha mulher não compra a fruta tropical,
Fui ao caixote e escolhi a de Pernambuco,
Fruta gostosa igual à de Portugal.

Ferreira Augusto.
Estalabronca

Estalabronca na cidade de Bragança,
Por causa das meninas brasileiras,
Que roubaram os marido às casadas,
E limparam-lhe o dinheiro das carteiras,

As meninas que chegaram a Bragança é que são!
As mais bonitas e puras donzelas,
Seduziram os homens da região,
Noite e dia a fazer amor com elas.

As casadas que estavam bem servidas é que foram!
Fazer queixinhas à televisão,
Que ficarão sem os seus maridos,
Andam aflitas,
Com enorme comichão.

Estalabronca e a notícia vai no ar,
Esta notícia nos jornais é liderança,
Não ha mulheres que deiam tantao que falar,
Como as meninas que chegaram a Bragança.

Ferreira Augusto

Quem tramou as brasileiras

Há cidade de Bragança,
Chegaram as brasileiras,
O trabalho que elas fazem,
É limpeza nas carteiras.

Limpam carteiras e petos,
Onde há dinheiro xurudo,
Essas meigas brasileiras,
Fazem limpeza em tudo.

Há cidade de Bragança,
Chegaram moças jeitosas,
Trabalham bem na limpeza,
Não são nada escrupulosas.

As jeitosas vão limpando,
Pequenos industriais.
Trabalham ao desafio,
Para ver quem limpa mais.

Atravessaram o mar,
Num voo longo e secreto.
Ao chegarem a Bragança,
Já tinham emprego certo.

Atravessaram o mar,
Essas estrelas brilhantes.
Na cidade de Bragança,
São esposas são amantes.

Quatro mulheres mal amadas,
Mães casadas, mães solteiras,
Foram à televisão,
A malhar nas brasileiras.

Quatro mulheres mal amadas,
Foram à televisão,
Dizendo que os seus maridos,
Não dormiam em casa não!

Quem tramou as brasileiras?
Quatro mulheres mal amadas,
Foram dizer à SIC,
Que não eram consoladas.

Ferreira Augusto

Versos sobre o Lar da Terceira Idade

No Lar da Terceira Idade,
Vejo sofrer tanta dor,
Rostos velhos sem maldade,
Precisam de muito amor.

Altos castelos caídos,
Pelo tempo derrubados,
Choram suspiros perdidos,
Por estes bancos sentados.

Tanta lágrima caída,
Aqui eu ouço chorar,
P´ra esquecer a triste vida,
Alguém se põe a cantar.

O passado tão distante,
Recordam de vez em quando,
Uma saudade constante,
Aos poucos os vai matando.

Este branco que se vê,
Na cabeça da velhice,
Muitas vezes é saudade,
Do tempo da meninice.

Ferreira Augusto
O grande convívio de Carbiçãis

Dia vinte e dois de Outubro,
Na memória vai ficar.
Nas páginas da nossa história,
Para sempre vai perdurar.

Vais ficar na memória,
Dos amigos do coração.
Foi mais uma vitória,
Do bom dia tio João.

As vitórias só são ganhas,
Quando existe união.
Esta batalha foi ganha,
Com grande satisfação.

Este dia maravilhoso,
Que acaba de acontecer
É marco cronológico,
Que ninguém deve esquecer.

A história se vai fazendo,
Com grandes acontecimentos,
Que o historiador vai escrevendo,
Ao longo dos séculos e tempos.

A história, sempre se fez,
Com factos do passado.
Em Carbiçãis, mais uma vez,
O acto foi consumado.

A batalha foi ganha assim.
Sem ódio, sem rancor.
Neste bonito jardim,
Houve carinho paz amor.

Foi pura realidade,
O que se viu nessa terra,
Com carinho e amizade,
Vencemos amis um guerra.

Sem balas, arma e tiro,
Esta batalha foi vencida,
Houve lágrimas, houve suspiros,
Que dão à família mais vida.

Se não fosse a tia Alice,
Eu não estaria presente.
Muito amor ainda existe
Na alma de tanta gente.

Lindo povo de Candoso,
Onde brilha muito amor.
É o povo mais formoso,
Que existe em Vila Flor.

Tia Alice e tio João,
Um casal exemplar,
De candoso, a Nuzedo vão,
Para eu à festa não faltar.

Tanta, tanta generosidade,
Têm estes dois amigos,
Por eles, sinto saudade4s,
Por mim não são esquecidos.

Estes versos lhe ofereço,
Por serem tão bons amigos,
Eu deles não me esqueço,
E também do senhor Domingos.

A todos eu agradeço,
Aos que esta ideia tiveram,
Para mim tem alto preço,
Aquilo que comigo fizeram.

A festa também foi para mim,
Apesar de eu não estar doente,
Sinto honra em ser assim,
Eu não quis ser indiferente.

Tanto tio, tanta tia,
Nesse dia conheci,
No auge de tanta alegria,
Felizes momentos vivi.

Tantos abraços e beijos,
Nessa festa recebi,
Por entre suspiros e gracejos,
A minha missão cumpri.

Prós amigos do coração,
Que estiveram em Cabiçãis,
Vai um grande abração,
Do Luciano de Vinhais.

Ferreira Augusto