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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A caveira do meu pai

A caveira do meu pai,
Sem ter língua me falou,
Olha filho o triste estado,
Em que morte me deixou.

Fui um dia ao cemitério,
Em altos gritos eu bradei,
Eu pelo meu pai chamei,
Que me contasse tal mistério.
-Filho meu é um império,
Que nesta habitação vai,
Tanto grito tanto ai,
Tanta fala com ternura,
Falou-me da sepultura,
A caveira do meu pai.

-filho meu, filho amado,
No tempo em que eu era vivente,
Hoje aqui presentemente,
Estou num esqueleto mirrado.
-Fique meu pai descansado,
Já que a morte o destinou,
Veja se já encontrou,
Os ossos do meu irmão.
-Esses ainda cá estão
E sem ter língua me falou.

-os ossos de tua mãe,
Estão difíceis de encontrar,
Estou farto de procurar,
Não sei onde o coveiro os tem,
Se passou aqui alguém,
Que viesse cá mexer,
Nada se vem a saber,
Porque para este cativeiro,
Veio a tua mãe primeiro,
Olha filho o triste ser.

-Quando me fui abaixar,
Sobre a fria sepultura,
Vi uma linda criatura,
Voltou-se a campa a fechar,
Fiquei sem palavras dar,
Meu corpo se arrepiou.
-neste lugar em que estou
Debaixo do chão gelado,
Olha filho o triste estado,
Em que a morte me deixou.

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