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quarta-feira, 31 de março de 2010


O FATO DO MEU CASAMENTO

No dia em que eu me casei,
Ia todo preparado,
Com um fato que eu cá sei,
Todo sujo e esfarrapado.
Fui uns sapatos comprar,
Ó que belas alpargatas,
Umas meias bem baratas,
Já rotas no calcanhar,
Faziam-me um belo andar.
Tornei-me filho de um rei.
As ceroulas que levei,
Emprestaram-mas nesse dia,
Foi um dia de alegria,
O dia em que eu em casei.
Com a calça remendada,
Que mais parecia um vivaço,
Com um cinto de baraço,
De junca, podre e entrançada,
Gravata desfiada,
Ainda isso não comprei,
Confesso que a cortei,
De um trapo de pano cru,
Faltava pouco para ir nu,
No dia em que eu me casei,
Com este fato que eu cá sei.,
Com a jaqueta a cadete,
Que tinha lindas amostras,
Tinha um remendo nas costas,
E buraquinhos de lado,
Que tinham os ratos lá andado,
Roendo essa fazenda,
Com este fato de encomenda,
Ia todo preparado,
Chapéu de novo modelo,
Que a todos metia cobiça,
Era um coco de cortiça,
Para não ir em cabelo,
Dava gosto a gente velo,
No dia do meu noivado,
Ficou tudo admirado,
E tornou-se um grande sarilho,
Meu fato metia brilho,
Todo sujo e esfarrapado.

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