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quarta-feira, 17 de março de 2010

Romance da ceifa:
CATIVA

À guerra, à guerra Mourinho,
Traz-me uma cristã cativa,
Que não seja da gente baixa,
Seja da alta como a minha.
Uns foram pelo Mar abaixo,
Outros foram terra acima,
Encontraram o conde Flores,
Que vinha lá da romaria,
Vinha lá de Santiago,
Santiago da Galiza,
Mataram o conde Flores,
A condensa ficou cativa,
A rainha mal o soube,
Ao caminho lhe saíra,
Aqui tem a sua escrava,
Aqui tem a sua cativa,
E logo lhe entregou a s chaves,
Da sala e da cozinha,
A reina andava pranchada,
E a escrava pranchada ia,
Por milagre de Deus padre,
Ambas pariram no mesmo dia.
A escrava trouxe rapaz,
E a reina rapariga.
As ladronas das parteiras,
Trocaram a s criancinhas.
Levaram o rapaz à reina,
E à escrava a rapariga.
A reina como mais valente,
Levantou-se primeiro um dia,
E foi ver a sua escrava,
Foi ver a sua cativa.
- Como estas minha escrava,
Como vais minha cativa?
- Aqui eu estou senhora,
Como uma pobre parida,
- Se a tivesses na cristandade,
Que nome davas à tua filha?
- Chamava-lhe rosa Branca,
Rosa Branca da Alexandria,
Também assim se chamava,
Uma linda irmã que eu tinha.
Foi cativada pelos mouros,
Manhã de Páscoa florida,
- Tu se a visses hoje,
Ainda a conhecerias?
- Conhece-la não minha senhora,
Que eu ainda era muito novinha,
A não ser por uma sina,
Que a minha mãe me dizia.
No seu peito tinha um cabelo,
Sete voltas a cingia
E no seu pé direito
Menos um dedo teria.
Mal o aja o perro mouro
E mais a sua tirania.
Pedi-lhe para me trazer uma escrava,
E trouxe-me uma irmã minha!
Juntaram ouro e prata,
E tudo do que de melhor no palácio havia.
Dali para a cristandade,
Não fugiam que voariam,
Chegaram à beira do rio,
O mouro as avistaria,
Dá-nos la barca barqueiro,
Dá-no-la por tua vida,
Mais vale salvar quatro almas,
Do que tudo o que o mouro tinha.
Chegaram à cristandade,
As trindades tocariam,
Reza lá ó minha irmã,
Reza sem demasia,
Vamos lá rezara s duas,
Pois na terra do mouro
Não havia.

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