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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quantos eram, quantos somos!

Minha vista não é larga,

Nem minha a sabedoria,

Mas tenho jeito para enversar

Fenómenos do dia a dia.


Há muito tempo que eu não escrevia

Versos desta natureza,

Quis hoje a demografia

Que eu lhe fizesse esta surpresa.


Quantos eram, quantos somos

Eu desejava saber.

As contas não batem certo

Fico sem nada entender.


Se eu fosse Cientista,

Não queria outra profissão.

Seria o melhor artista

Em estudos da população.


Se eu fosse Cientista,

Estudava a demografia:

Pedia ajuda à história

E dados à Geografia.


Quando Deus criou o Mundo

Tudo era informe e em vão.

O mar imenso e a terra

Jaziam na escuridão.


Deu Deus um sopro divino,

Apareceu das trevas a luz,

Apareceu no Céu a lua

Com seu brilho que seduz.


O sol rompeu em seguida

Com raios de esplendor

Cantavam nas árvores as aves

Mil hinos ao criador.


Deus então para completar

A sua obra e criação,

Lembrou-se de criar o homem

Com a mais bela perfeição.


Assim apareceu no Mundo

O nosso velho pai Adão

Sem nenhuma companhia

Rei de toda a criação.


Vendo-se no Mundo sozinho

Pediu a Deus companheira.

Eis que Deus lhe concedeu

Eva, pura e verdadeira.


Deus no início do Mundo

Somente este casal criou.

O Mundo hoje tem tanta gente

Como tudo se passou?


Deste casal, puro e santo

Quanto filho foi gerado,

Espalharam-se pela terra

O Globo foi habitado.


Foi crescendo pouco a pouco,

A população universal.

Para onde caminha

Este Mundo afinal?


Estuda-se população

Cada vez com mais afã,

Para saber quantos eram

E quantos serão amanhã.


No Século dezassete,

Tudo de mal aconteceu.

Houve fome, peste e guerra,

E a população não cresceu.


Os invernos eram longos,

A semente apodrecia,

Com ele trazia a fome

Oh quanta gente morria!


Chuvosos eram os invernos,

Na primavera, vinha a geada

Os frutos não germinavam

E a negra fome apertava.


A taxa da mortalidade

Era alta, podem querer.

Oh quanta gente morria

Sem trinta anos viver.


O Trigo não germinava,

A cevada também não.

Quer nos campos, quer nas cidades

A todos faltava o pão.


Quer a fome, quer as guerras,

Traziam as epidemias,

Quer nos campos, quer nas cidades

As famílias eram atingidas.


Só um corpo resistente

Da morte escaparia

Quem provocou esta mortandade

Foi a negra Epidemia.


A taxa da natalidade,

Também sofreu algum dano.

Oh quantos bebés morriam

Sem completar um ano.


Mal haja os anos ruins,

E os maus temporais,

Pois no Século dezassete

Causaram penas e ais.


Quer invernos, quer os verões

Traziam grande desgraça,

Só fica destruição

Quando a tempestade passa.


Com tanta gente a morrer,

Havia grandes sofrimentos.

Diminuía a população

Não havia casamentos.


Faziam-se orações,

Quer nos campos, quer nas cidades

Pedia-se a Deus do céu,

Que afastasse a tempestade.


Que desgraça se abateu,

Na Europa Seiscentista.

Tudo iria investigar

Se eu fosse cientista.


O dezassete levou,

Muita alma para a sepultura,

Eis que o dezoito chegou

Com ele, veio a fartura.


O século dezoito chegou

Com ele veio a bonança

A população aumentou

Na Inglaterra e na França.


O dezassete já lá vai

Eis que o dezoito chegou,

Aumentou a população

O barómetro disparou.


Nos campos da Inglaterra

Houve uma revolução,

A terra produziu mais

Aumentou a produção.


Os campos bem adubados

Mais produtos produziam,

A gente bem alimentada

Ó quantos bebés nasciam!


Com o decorrer dos anos

Desenvolveu-se a medicina,

Houve melhor higiene

Descobriram-se as vacinas.


Fizeram-se roupas de algodão,

E melhores habitações

Com o uso do sabão

Desapareceram as infecções.


Com o progresso da medicina

E o aumento da produção

Cresceu a demografia

Houve grande explosão.


Com o decorrer dos anos

Houve outra revolução

Aconteceu na Inglaterra

A do ferro e do carvão.


Já havia mão-de-obra

Para nas fábricas trabalhar

Cresceram as zonas urbanas

E as casas para habitar.


Com esta revolução

Surge em cena o milionário

As coisas correram mal

Somente para o operário.


Os salários eram baixos

Sem direito à assistência

Viviam em casas imundas

Propicias para a doença.


Aumentou a população

Com ela veio a pobreza

Uns vão morrendo à fome

Outros mergulham na riqueza


Têm trabalhos precários

Sofrem a descriminação

Rejeitados da sociedade

Da saúde e da educação.


Está fincada na memória

Desta humana geração

Ao longo de toda a história

Sempre houve emigração.


No século quinze começou

A diáspora portuguesa.

Os que saíram à pressa

Não voltaram com certeza.


Por todos os continentes

Portugal emigrantes tem

Os portugueses são resistentes

Engrandecem a pátria mãe.


Portugal hoje tem Emigrantes

Emigrantes tem Portugal agora

Todos eles vão sofrendo

Discriminações a toda a hora.


Portugal tem Imigrantes

Brasileiros e africanos

Chineses e romenos

Moldavos e ucranianos.


Portugal tem emigrantes,

Portugal Imigrantes tem:

A dor que os portugueses sofreram,

Sofrem estes outros também.


Quantos debates têm feito

As poderosas instituições

Defendendo os direitos

Das grandes Imigrações.


Os direitos estão escritos

Em cartas são para cumprir

Há denúncias de maus-tratos

Mas ninguém as quer ouvir.


Tanta coisa se tem feito

Para os Emigrantes defender

Mas neste mundo insatisfeito

Muito mais há que fazer.


Os países têm Emigrantes

Espalhados pelo mundo inteiro:

Uns vão para melhorar a vida

Outros pela ambição do dinheiro.


Houve aculturação,

O folclore português

É dançado pelo suíço

Pelo Alemão e o Francês.


Houve aculturação

Alteraram-se as paisagens

Casou o negro com o branco

Fez-se assim a mestiçagem.


Como é feita a integração

Nos países de acolhimento

Por vezes a emigração

É votada no esquecimento.


Gostaria de investigar

Os fenómenos migratórios

Ao longo de toda a história

Chegaria a estudos notórios.


Teria dados concretos

Chegaria a conclusões

Mas os dados não batem certos

Em relação às populações.


A população teve

Um crescimento profundo

Se não fossem as guerras

Não se cabia no mundo.


É grave a situação

Com o desemprego a aumentar

O mundo está louco e cego

Com tanta boca para alimentar.


Eis que as cidades cresceram

Os campos estão desertos

Como tudo aconteceu

É estudo para os espertos.


Por todo o lado existem

Emigrantes explorados

Por vezes os seus direitos

Pelos dirigentes ignorados.


Os homens escamoteiam

Os valores ancestrais

Todos os dias se cometem

Injustiças sociais.


A população de um país

É fácil de contar

Mas a do mundo inteiro

Faz a cabeça pensar!


Contei as pessoas todas

Fui de país em país

Os dados não batem certo

Que rico trabalho eu fiz!


Não há sábio que diga

Quem criou o Universo

O mundo é tão antigo

Cada vez mais complexo.


A religião fala de Deus.

A História da evolução.

Não tenho dados concretos

Continua a investigação.


A história nada comprovou

A religião também não

Vamos ver se a ciência

Se um dia terá razão!


Meu relatório está feito

Quero Excelente na avaliação

Saio muito satisfeito

Desta acção de formação.


Já mais irei esquecer

Esta acção enriquecedora

Deixo esta recordação

Para tão experiente formadora.


Ferreira Augusto


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