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terça-feira, 12 de janeiro de 2010


Destinos...

Ó Portugal meu encanto,
Ó Portugal meu jardim,
Aqui a vida amarga tanto,
Nunca pensei que fosse assim.

Eu deixei a minha terra,
E vim para terras de França,
As coisas boas da serra,
Não me saem da lembrança.

Por caminhos sem asfalto,
Arrisquei a minha sorte.
Passei fronteiras a salto,
Sem BI, nem passaporte.

Eu não sei falar latim,
Também não falo francês,
Não me percebem a mim,
Porque falo português.

Não conheço dias santos,
Nem qualquer dia feriado.
Choram lágrimas meus prantos,
Sou português emigrado.

Meu trabalho é precário,
Sem direito à assistência,
Sou mais um explorado,
Sem pena nem clemência.

A solidão me abrasa,
Não tem sabor minha ceia,
Vou construir uma casam,
Na minha pequena aldeia.

Já lá comprei um lameiro,
Uma horta, uma vinha.
Vou deixar o estrangeiro,
Esta terra não é minha.

Vou mandar estudar meus filhos,
Com o dinheiro que ganhei.
Não quero que eles passem,
Aquilo que eu passei.

Por estar ausente Maria,
Deves estar à minha espera,
Eu hei-de voltar um dia,
Como volta a Primavera.


Ferreira Augusto

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