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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009




HISTÓRIA DA MATA PORCA!

Vou contar uma história,
Daquelas que fazem rir,
Os matões do Toni Forros,
Deixaram a porca fugir.

Dia vinte e seis de Dezembro,
Neste dia pequenino,
O culpado disto tudo,
Foi o parra do mouchinho.

Ia seguindo à frente,
Dando vozes à garganta,
Ao vê-lo entrar n aporta,
A porca logo se espanta.

Grita o Manuel aflito,
Deitem-lhe a mão que ela aí vai.
As cozinheiras ouviram,
Logo foram para a janela.

A porca ao sair da loja,
Logo se pôs a correr.
Ao ver o matão de faca,
Fugia para não morrer.

Onde vai a nossa reca?
Pergunta a Jacinta aos pais.
Responde o Manuel a sorrir,
Vai passear para Vinhais.

A Jacinta na janela,
Estava muito coradinha,
E começou a gritar,
Volta para a loja requinha.

O Vitorino guarda,
Que é um grande farsola,
De repente foi a casa,
Buscar a sua pistola.

Onde vais tu de pistola?
Perguntaram os moços soslteiros.
Vou caçar porcos-bravos,
Lá para o pontão dos Salgueiros.

A porca só parou,
No meio de Silveirais,
Se se apanha livre na estrada,
Só parava em Vinhais.

Quando lá chegou o parra,
Meteu-se em grande sarilho,
Deitou-lhe as mãos a uma perna,
Tinha uma força de grilo.

Forma buscar uma corda,
Das mais grossas que havia.
Para arrastar a requinha,
Até ao lugar da saída.

Para puxar por ela,
É preciso dois valentões,
Puseram-se a puxar a corda,
Parrecos e Aranhões.

Diz então o Vitorino,
Com patuá de doutor,
A junta dos bois é fraca,
Vamos buscar um tractor.

Diz com muita alegria,
O José doo Aranhão,
Se o Luciano soubesse,
Fazia uma canção.

Diz o Alberto de Nuzedo,
Estamos no tempo do nabo,
Isto parece bruxedo,
Ou então coisas do diabo.

Uns vão para a frente puxar,
Outrsos vão detrás a rir,
Sem nenhum adivinhar,
O que estava por vir.

Levaram a requinha,
Até ao local de saída,
Deitada em cima de um banco,
A pobre perdeu a vida.

Mataram, também levaram,
Com grande contentamento,
Ao estar a tirar a tripa,
Apareceu um documento.

O matão que aquilo viu,
Deitou-lhe a mão muito atento.
Ele logo descobriu,
Que aquilo era testamento.

Minha vida estava no fim,
Vou distribuir minha herança,
Por todos os meus herdeiros,
Que hoje se encontram na matança.

Ao meu dono Toni Forro,
O que já anda a mancar,
Vou deixar -lhe as minhas patas,
Para melhor poder andar.

O matão tem uma faca,
Que mais parece um punhal,
Vou deixar-lhe os meus vivos olhos,
Uma vez que ele já vê mal.

O Vitorino guarda,
Que mora para além da escola,
Vou deixar-lhe a bexiga,
Para a bolsa da pistola.

Ao José do Aranhão,
Seu pai veio do estrangeiro,
Vou deixar-lhe o meu palaio,
Para guardar o dinheiro.

Para o meu herdeiro parrinha,
Que gosta muito de brincar,
Deixo-lhe as minhas orelhas,
Para as moscas no verão chotar.

Para o meu herdeiro Manuel,
Por ser amigo das façanhas,
Deixo-lhe a minha dentadura,
Para roer as castanhas.

Para o Beto de Nuzedo,
Que trabalha que é um regalo,
Também fica bem servido,
Com a ponta do meu rabo.

Para a herdeira Jacinta,
Que é um pouco esquisita,
Vou deixar-lhe o meu focinho,
Para que fique mais bonita.

Para a menina Dudu,
Que é óptima cozinheira,
Também fica bem servida,
Com a minha tripa traseira.

Para a Dona Francelina,
Por me levar o almoço,
Deixo-lhe as tripas delgadas,
Para cordão de pescoço.


Fui sempre uma porca pobre,
Tenho pouco que vos deixar,
O pouco bem repartido,
Sempre deu para um jantar.

Passei fome, passei frio,
Passeio um grande calvário,
Não se esqueçam,
De passar pelo notário.


Ferreira Augusto

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