Translate

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009


O MOINHO DA RIBEIRA

Aquele velho moinho,
Que havia junto à ribeira.
Quantos graõzinhos moeu
Para a gente da aldeia.

Quando a ribeira enchia
Dava gosto a gente ver.
Quer de noite, quer de dia,
O moinho sempre a moer.

Sempre a girar, a girar,
Sempre a moer, a moer.
Para a farinha não faltar
E haver pão para comer.

A ribeira já tem agua
Dizia o povo a cantar.
Vamos fazer a farinha,
Pode a ribeira secar.

Carros de bois e burrinhos
Num constante vai e vem,
Transportando os graõzinhos,
E a farinha também.

Quando a ribeira secava
O grão não era moído.
O moinho então ficava,
Deveras entristecido.

Da farinha se fazia
Pão de centeio bem sei.
Nos fornos era cozido
Que eu nunca esquecerei.

Pela janela entravam
Esfomeados pardalitos.
Apressados apanhavam
Pelo chão alguns grãozitos.

Foi há mais de trinta anos
Que ele foi abandonado.
Serviu para abrigo dos pobres
E carriça para o gado.

Hoje o moinho não mói
Está caído no chão.
Quem passa leva saudades,
Dos tempos que já lá vão.

Este moinho morreu,
Já não existem moleiros.
No lugar deste moinho
Crescem silvas e salgueiros.


Ferreira Augusto

Sem comentários: