O Bichinho misterioso
Ouçam queridos colegas,
Não é gago quem vos fala.
Ouçam a história dum bicho
Que um dia entrou na sala.
Na sala dos professores
Duma escola de Vinhais.
Anda um bicho misterioso
Fazendo estragos demais.
Na sala dos professores,
Passeia pelas gavetas,
Um bichinho misterioso
Ratito de barbas pretas.
Este bicho misterioso,
Vai fazendo pela vida.
Procura pelas gavetas
Alguns restos de comida.
Este bicho misterioso,
Mostra possuir bom dente.
Rói bolachas e chocolates
Tudo que encontra na frente.
Este bicho roedor
Não se farta de papel,
Já roeu a enciclopédia
Da colega Raquel.
A colega Raquel,
Anda muito chateada.
Roeram-lhe o seu saber
Ficou a não saber nada.
Na gaveta da Natália,
Entrou com muito jeitinho.
Pegou numa partitura
Pôs-se a tocar cavaquinho
Á professora Zulmira,
Roeu mobília francesa.
À professora Alcina
Roeu língua portuguesa.
Roeu trabalhos e actas,
Papeis brancos, papeis pretos.
No dossiê do Horácio
Fez leituras de sonetos.
Pelos estragos que faz,
Não é um rato pequeno.
Só consegue encher a barriga
No dossiê do Moreno.
Vejam caros leitores
Os estragos que o rato fez.
No dossiê da José
Fez leituras de inglês.
Da toca um dia saiu,
Para a sala foi passear.
As mulheres mal o viram
Começaram logo a gritar.
Umas saltaram para a rua,
Outras para cima dos bancos.
Aquilo mais parecia
Uma tourada em Barrancos.
Professores e funcionários,
Corriam atrás do rato.
Mas o tipo era esperto
Escondeu-se num buraco.
Alguém grita aflito
Pelos guardas da Escola.
Se quereis matar o bicho
Ide buscar a pistola.
Na rua havia frio,
Na sala muito humor.
O rato sentia frio
Meteu-se num aquecedor.
Entrou na sala o porteiro
Com um sorriso no rosto.
Espreitou no aquecedor
Mas o bicho já estava morto.
O porteiro mal o viu
Não teve nojo do bicho.
Deitou-lhe as mãos ao pescoço
Atirou com ele par o lixo.
Foi numa tarde de outono,
Num dia de vendaval.
Tudo isto aconteceu
Ao pobre do animal.
Desculpem caros colegas
O bicho morreu com o susto.
Foi mais uma brincadeira
Do vosso colega Augusto.
Ferreira Augusto
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