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terça-feira, 15 de dezembro de 2009



O Bichinho misterioso


Ouçam queridos colegas,

Não é gago quem vos fala.

Ouçam a história dum bicho

Que um dia entrou na sala.


Na sala dos professores

Duma escola de Vinhais.

Anda um bicho misterioso

Fazendo estragos demais.


Na sala dos professores,

Passeia pelas gavetas,

Um bichinho misterioso

Ratito de barbas pretas.


Este bicho misterioso,

Vai fazendo pela vida.

Procura pelas gavetas

Alguns restos de comida.


Este bicho misterioso,

Mostra possuir bom dente.

Rói bolachas e chocolates

Tudo que encontra na frente.


Este bicho roedor

Não se farta de papel,

Já roeu a enciclopédia

Da colega Raquel.


A colega Raquel,

Anda muito chateada.

Roeram-lhe o seu saber

Ficou a não saber nada.


Na gaveta da Natália,

Entrou com muito jeitinho.

Pegou numa partitura

Pôs-se a tocar cavaquinho


Á professora Zulmira,

Roeu mobília francesa.

À professora Alcina

Roeu língua portuguesa.


Roeu trabalhos e actas,

Papeis brancos, papeis pretos.

No dossiê do Horácio

Fez leituras de sonetos.


Pelos estragos que faz,

Não é um rato pequeno.

Só consegue encher a barriga

No dossiê do Moreno.


Vejam caros leitores

Os estragos que o rato fez.

No dossiê da José

Fez leituras de inglês.


Da toca um dia saiu,

Para a sala foi passear.

As mulheres mal o viram

Começaram logo a gritar.


Umas saltaram para a rua,

Outras para cima dos bancos.

Aquilo mais parecia

Uma tourada em Barrancos.


Professores e funcionários,

Corriam atrás do rato.

Mas o tipo era esperto

Escondeu-se num buraco.


Alguém grita aflito

Pelos guardas da Escola.

Se quereis matar o bicho

Ide buscar a pistola.


Na rua havia frio,

Na sala muito humor.

O rato sentia frio

Meteu-se num aquecedor.


Entrou na sala o porteiro

Com um sorriso no rosto.

Espreitou no aquecedor

Mas o bicho já estava morto.


O porteiro mal o viu

Não teve nojo do bicho.

Deitou-lhe as mãos ao pescoço

Atirou com ele par o lixo.


Foi numa tarde de outono,

Num dia de vendaval.

Tudo isto aconteceu

Ao pobre do animal.


Desculpem caros colegas

O bicho morreu com o susto.

Foi mais uma brincadeira

Do vosso colega Augusto.


Ferreira Augusto

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