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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tio Zé Berzumbas

Já morreu o meu tio Zé Berzumbas,
Um homem muito rico do país,
Deixou-me em testamento uma fortuna,
Depois de ter esticado o seu pernil.

Deixou-me um colarinho e três gravatas,
Com pintinhas que fingiam violetas,
Deixou-me uma caixa de fósforos com beatas,
E um belo guarda-chuva sem varetas.

Deixou-me um fato à subiote,
Que causava assombro a toda a gente,
As calças estavam dentro de um caixote,
E o casaco não tinha costas nem frente.

Deixou-me umas botas embostado,
Que foram vendidas por quinze tostões,
Deixou-me um sobretudo remendado,
Que já não tinha uma manga, nem botões.

Deixou-me uma camisa de popeline,
Umas ceroulas que não tinham fundilhos,
Deixou-me um revolver enferrujado,
Que já não tinha canos nem gatilhos.

Deixou-me uma vivenda luxuosa,
Para eu e a família ir viver,
A casa era no alto de Monsanto,
A mobília estava na loja por vender.

Depois desta fortuna golosal,
Deixou-me em dinheiro um tostão,
Deixou-me o canal do cu,
Para beber água fresca no verão.

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