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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Romance da ceifa:
A ceguinha


Cavaleiro por quem sois,
Pelo divino amor de Deus,
Daí a esmola à ceguinha,
Que cegou dos olhos seus.

Cavaleiro ouviu isso,
Seu cavalo enfriou,
Pôs os olhos na ceguinha,
A pobreza o entristou.

De remendos e farrapos,
Todo era o seu trajar,
Meteu a mão a um bolso,
Três moedas lhe quisera dar.

Eu não quero cavaleiro,
O dinheiro na minha mão,
Que podem assim assim,
Arrancar-me o coração.

- De onde vindes cavaleiro?
De tão longo viajar,
Novinhas do meu filho,
Bem tu mas podias dar.
- Novinhas do teu filho,
Não isso não é para ti!
Há sete anos que ceguei,
Há sete que o não vi.

-Dizei-me vós óh ceguinha,
Como é o vosso nome?
- Margarida de Autobuia,
Mulher do capitão mor.

- Perdoa-me óh minha mãe,
Para vós não tenho escrevido.
Pois alguém me tinha dito,
Que vós já tínheis morrido.

- Graças a Deus que para sempre,
Agora posso dizer,
Que abracei o meu filho,
Sem tal conta fazer.

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