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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Romance da ceifa:
DOM PEDRO

Dom Pedro se foi à caça,
Para os campos da alegria,
Dera-lhe um mal no caminho,
Para trás não volveria.
Sua mulher ficava parida,
E numa cama metida,
- Óh minha mãe, minha mãe,
Minha mãe que tanto bem me queria,
Para onde foi Dom Pedro,
Que tanta tardada tinha?
- Dom Pedro minha filha,
Foi para uma romaria,
Andará por lá um ano,
Um ano e mais um dia.
- Óh minha mãe, minha mãe,
Minha mãe que tanto bem me queria,
As paridas desta terra,
Com que tempo vão à missa,
Umas vão de três semanas,
Outras de quarenta dias,
Tu como és de gente nobre,
Tu vais de um ano e um dia.
- Óh minha mãe, minha mãe,
Minha mãe que tanto bem me queria,
As paridas desta terra
Que traje levam à missa?
- Umas vão de primavera,
Outras de seda branca vestidas,
Tu como és de gente nobre,
Vais de seda negra vestida.
Há entrada da igreja
Houve um velho que dizia
- Óh que viúva tão alegre,
De seda negra vestida,
- Óh minha mãe, minha mãe,
Aquele homem que dizia?
- Era por causa da nossa moça,
Que também de luto ia.
- Óh minha mãe, minha mãe,
Minha mãe que tanto bem me queria,
Que tochas eram aquelas,
Que alto reluziam?
- Eram por alma de Dom Pedro,
Que morto há um ano havia.

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