O velho, o rapaz e o burro
O povo de tudo fala,
Tenha ou não tenha razão,
Vou-lhes contar uma história,
Em prova desta agressão.
Indo um velho campónio,
Do seu monte para o povoado,
Levava o neto que tinha,
No seu burrinho montado.
Mas logo ouvem dizer,
Olha aquele que tal é,
O rapaz forte a cavalo,
E o pobre velho vai a pé!
O velho pára e disse:
- Apeia-te meu rapaz,
Eu vou montar para o burrinho,
E tu a pé caminha atrás.
Logo adiante alguém diz,
Que patetice tão rata,
Um marmanjão a cavalo,
E o pobre garoto à pata.
O velho disse para o neto:
Que é um rapazinho muito novo
-Monta cá para o burrinho,
Haver o que é que diz o povo!
E logo o povo diz:
- Apeiem-se almas de breu,
Querem matar o burrinho,
Aposto que não é seu!
O velho disse par o neto:
Que se chamava José,
Pois vá o burro sem carga,
E nós dois vamos a pé.
E logo o povo disse:
- Toleirões calcados na lama,
Para que vos serve o burrinho,
Dormis com ele na cama!?
Já tudo nós dois fizemos,
Agora que mais nos resta?
Pois peguemos no burro às costas,
Fazemos ainda mais esta!!!
O povo mal vê aquilo,
Grita com grande sussurro,
Olhai dois doidos varridos,
Tornando-se donos do burro!
O velho para e exclama
Dá um suspiro profundo,
Por mais que a gente se mate,
Não cala as bocas ao mundo.
O velho diz para o neto:
- Que nos sirva de lição,
Pois bem mais tolo é,
Quem ao mundo dá satisfação.
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