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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Romance da ceifa:
Silvana B


Bem se passeia a Silvana,
Pelo corredor acima,
O magano do seu pai,
De amores a pretendia,
Dá-me o teu corpo Silvana,
Dá-me o corpo filha minha,
- Meu corpo sim eu lho dava,
Meu corpo sim lho daria,
Mas as penas do inferno,
Meu Deus quem as passaria.
- Cala-te lá ó Silvana,
Que isso remédio teria,
Pois o padre-santo em Roma,
Tudo nos perdoaria.
- Vou-me tirar esta roupas,
Por ser de todos os dias,
Para não caírem as módoas,
Nas roupas de todos os dias.
Foi-se deitar à sua cama,
Para fingir que dormis,
Os soluços eram tantos,
Que todo o quarto tremia.
Ouvira a sua mãe,
Do quarto onde dormia,
- Que é isso ó Silvana,
Que é isso filha minha?
- O magano do meu pai,
De amores me pretendia.
- Cala-te lá ó Silvana,
Que isso remédio teria,
Eu vou para a tua cama,
E tu vens deitar-te à minha.
Lá pelo meio da noite,
Silvana foi pretendida,
- Tu não estás virgem Silvana,
Tu não estás virgem minha,
- Como eu hei-de estar virgem,
Se três vezes fui parida!
Uma do rei de Castela,
Outra do rei de Sevilha,
Outra da nossa Silvana,
Da nossa filha tão querida.
- Abençoada mulher,
Mais o leite que mamas-te,
Que esta noite à meia-noite,
Do inferno me livras-te.

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