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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Capítulo 46: 
A vida quotidiana na cidade

Na segunda metade,
Do século dezanove,
Cresceu a população,
Portugal ficou mais pobre.

Durante o século dezanove,
Na segunda Metade,
Cresceu a população,
Cresceu muito a cidade.

Cresceram muito as cidades,             
Fizeram-se transformações,
Abriram-se avenidas,
Fizeram-se construções.

Construíram-se escolas,
Teatros e tribunais,
Muitos edifícios públicos,
E mercados municipais.

Pavimentaram-se ruas,
Belos jardins de lazer,
Praças para passear,
Que ainda hoje se podem ver.

Há água canalizada,
Também iluminação,
Começou a recolha do lixo,
Por causa da poluição.

Apareceram os bombeiros,
O carro americano,
Um transporte colectivo,
Noite e dia todo o ano.
 
Havia policiamento,
Noite e dia, toda a hora.
Puxado por cavalos,
De rua em rua ia o chora.

O chora, em Lisboa,
Transportava, passageiros,
Seguia de rua em rua,
Com portugueses e estrangeiros.

Os burgueses nesse tempo,
Eram muito importantes,
Eram médicos e professores,
Militares e comerciantes.

Neste tempo os burgueses,
Tinham um estatuto social,
Tinham enormes riquezas,
Por isso não viviam mal.

Neste tempo os burgueses,
Tinham enorme riqueza,
Alguns foram recebendo,
Títulos de nobreza.

A alta burguesia,
Vivia bem de verdade,
Tinha ricas moradias,
Nos arredores da cidade.

Havia burgueses médios,
Outros menos endinheirados,
Habitavam os bairros novos,
Em andares mal confortados.

A alimentação desta classe,
Era muito variada,
Três refeições ao dia,
Mesa sempre recheada.

Comiam pratos de carne,
Peixe do melhor que há.
Bolos, compota e bolacha,
Bebiam café e chá.

A casa onde viviam,
Mais parecia uma estalagem,
Vivia toda a família,
E também a criadagem.

No calçar e no vestir,
Esta classe burguesa,
Vestiam roupas estrangeiras,
Viviam à moda francesa.

Encomendavam coleções,
Os comerciantes portugueses,
Enchiam os armazéns,
De artigos franceses.

Não só nos Armazéns do Chiado,
Se encontrava esta roupa bela,
Também na Casa Africana,
E no Armazéns Grandela.

As senhoras desta época,
Vestiam roupa da moda,
Chapéu e manga com rendas.
Vestido com grande roda.

O homem vestia calça,
Lenço e boa gravata,
Casaco e belo colete,
Lindo chapéu e cajata.

Quer burguês, quer nobre,
Gostavam da diversão,
Iam a casas de teatro,
E a bailes de salão.

No Porto o são João,
Em Lisboa a dona Maria,
Eram lugares de lazer,
Para os membros da burguesia.

Ouviam belos concertos,
Tomavam banho no mar,
Nos jardins e nos coretos,
Ouviam bandas tocar.

Havia passeios públicos,
Pelas ruas das cidades,
Os passeios e os piqueniques,
Deixaram muitas saudades.

Começou o futebol,
Nesta época em Portugal,
Difundiu-se por todo o lado,
A partir da capital.

A população urbana,
Nem toda vivia bem,
Havia muita miséria,
Numa terra de ninguém.                 

As classes populares,
Nem todas viviam bem,
Trabalhavam noite e dia,
Para ganhar um vintém.

Havia os serviçais,
Muitos homens sem profissão,
Os trabalhadores fabris,
E empregados de balcão.

Ouviam-se os pregões,
Pelas ruas da cidade,
Quem compra, quem quer comprar,
Artigo de qualidade.

Ouviam-se os pregões,
Quem compra, quem quer comprar,
Artigo bom e barato,
Não há melhor no lugar.

Ouviam-se os pregões,
Com frases que fazem rir,
Uns à procura da sorte,
Outros da sorte a fugir.

As classes populares,
Nos bairros pobres viviam,
Em casas sem condições,
Pão e batatas comiam.

Comiam pão e batatas,
O bacalhau era raro,
Por vezes seu alimento,
Uma tigela de caldo.

Havia muitos pedintes,
Homens velhos e crianças,
Vagueavam pelas ruas,
Sem destino e esperança.

O vestuário era simples,
E conforme a estação,
Muitas vezes andavam descalços,
Quer no inverno, quer no verão.

Para a fome esconder,
Cantavam algumas cantigas,
Os homens numa taberna,
As mulheres nas romarias.

Tinham uma vida dura,
Os operários nesse tempo,
Trabalhavam muitas horas,
E pequeno vencimento.

Os salários eram baixos,
Era preciso poupar,
Por vezes mal chegava,
Para a renda pagar.

Os operários fabris,
Tinham má alimentação,
Muitas horas de trabalho,
E péssima habitação.

Os salários eram baixos,
Havia muitos acidentes,
As crianças e mulheres,
Andavam sempre doentes.

Os operários então,
Para não serem explorados,
Lutaram contra os patrões,
E foram recompensados.

Neste tempo os operários,
Lutavam por seus direitos,
Através das associações,
Que tinham virtudes e defeitos.
Ferreira Augusto

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