Translate

sábado, 31 de agosto de 2013



Minha mulher

Minha mulher num berreiro,
Só vive do estrangeiro,
Mas que infernal!
Ela chora, fica em brasa,
Se eu levar coisa para casa,
Se é nacional.
Quis uma cama francesa,
Da madeira mais fina,
A loiça é toda chinesa,
Só veste cedas da china.
Que estrangeirinha,
Ela me havia de arranjar,
Que sorte a minha,
Eu tenho de a gramar.
Porque me diz,
Meu rico translazantana,
Quero-te ver no nariz,
Um bigode à Americana.
Até o canário é belga,
Bacalhau da noruega,
Ou inglês.
Veio do japão o prato,
Onde vai comer o gato,
Porque é francês.
Ela só gosta meus ouvintes,
De macarrão à italiana.
O pão é broa de avintes,
E a pinga americana.
Que desgraçado,
Tenho sido com a mulher,
Sou obrigado,
A fazer o que ela quer,
Vou no seu role,
Para com ela me dar bem,
Até uso um guarda-sol,
Para parecer um chamberlém.
Gosta do jogo da bola,
De Tourada à espanhola,
Que é o seu derriço.
Quando vamos ao café,
O café da sua fé,
É o suíço,
Também teve uma criancinha,
Muito linda e engraçadinha,
Até esta veio de frança,
Metida numa cestinha.
Fala francês,
Merci napa de qua,
E o chinês, tamchim Carapuchaguá,
Se ferra o cão,
Ninguém a percebe,
Põe-se a falar alemão,
Para não pagar a quem deve.

Canção da Silvana

Sem comentários: