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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Capítulo 17: 
Horrores do século catorze

Durante o século treze,
Houve grande prosperidade.
Chegou o século catorze,
Século de calamidades.

Que grande calamidade,
Sobre a Europa se abateu,
Quer no campo, quer na cidade,
Óh quanta gente morreu!

Durante o século catorze,
Houve grande regressão,
As sementes apodreciam,
Não havia produção.

Não havia produção,
Eram grandes as calamidades.
Não crescia a população,
Era grande a mortandade.

A terra não produzia,
Por causa da humidade,
Houve fome, peste e guerras,
Baixou a natalidade.

Os invernos prolongados,
E os verões muito quentes,
Não deixavam germinar,
Na terra as sementes.

A peste chegou por mar,
Aos portos Italianos,
Afectou várias terras,
Ao longo de poucos anos.

Quando os barcos aportavam,
Trazendo ratos nos porões,
As pessoas desesperadas,
Iam para outras regiões.


De aldeia, em aldeia,
Andavam os mercadores,
Transportando nas alforjas,
Pulgas e roedores.

Era a peste bobónica,
Doença desconhecida,
Quer a novos, quer a velhos,
A morte ceifava a vida.

A peste também chegou,
Um dia a Portugal,
Ela veio da Crimeia,
Quando chegou foi fatal.

A peste quando chegou,
Infectou o Sul e o Norte,
Em cada canto pairava,
Um silêncio de morte.

Por um silêncio de morte,
A Europa foi barrida,
Houve fome, peste e guerras,
A esperança foi perdida.

A peste negra alastrou,
Como uma tempestade,
Provocando o horror,
Quer no campo, quer na cidade.


A peste negra alastrou,
Como uma tempestade,
Levava velhos e novos,
Não respeitava a idade.

A peste não respeitava,
A fortuna do nobre,
Sempre que ela chegava,
Sofria o rico e o pobre.

Os cadáveres amontoavam-se,
Pelas ruas fatalmente,
Marcados por manchas escuras,
Que assombravam o vidente.

Nos cemitérios entravam,
Muitos cães esfomeados,
Devorando cadáveres,
Que estavam mal sepultados.

Muitas mezinhas caseiras,
Nesta época se inventaram,
Mas as febres eram altas,
Os doentes não curavam!

Passadas algumas horas,
O doente agudizava,
O cheiro nauseabundo,
A região infectava.

Estes bichos roedores,
A doença espalhavam,
Havia poucos doutores,
A epidemia não travavam.

Sentiam-se febres altas,
Nos corpos manchas escuras,
Havia doentes em casa,
Muitos mortos pelas ruas.

Pessoas desesperadas,
Com muita fé e devoção;
Pediam ajuda a São Roque,
São Pedro e São João.

O Papa Clemente Sexto,
Que em França residia,
Rodeou-se de fogueiras,
Assim da morte escaparia.

O bom Bispo de Milão,
Impediu o sofrimento,
Isolando os infectados,
Com altos entaipamentos.

As pulgas infectavam,
Toda a espécie de animais;
Ovelhas, porcos e cabras,
Galinhas, pombos e pardais.

Por toda a parte havia,
Escassez de cereais,
Devido aos anos ruins,
E aos maus temporais.

Os barcos ficavam,
De quarentena nos cais,
Para ver se acabavam,
Com tão feios amimais.

Ficavam de quarentena,
Para matar a bicharada,
Ao cabo de quinze dias,
No barco não havia nada.

Durante o século catorze,
Houve a guerra dos cem anos,
Destruiu muitas cidades,
Matou muitos seres humanos.

Houve a guerra dos cem anos,
Mais longa da história,
Depois de tanta batalha,
Foi uma guerra sem glória.

Com esta guerra tão longa,
O povo muito sofreu,
Foi um século de horrores,
Que o Continente viveu.

Nestas guerras prolongadas,
Ninguém ganhou, digo eu,
Aquele que disser que ganhou,
Foi aquele que mais perdeu.

Ferreira Augusto

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