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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016


Por de trás de uma janela


Numa tarde ofegante,
De uma linda primavera.
Vi tanta coisa brilhante,
Por de trás de uma janela.

Olhei para a rua em frente,
Para ver quem ia nela.
Eu vi passar tanta gente!
E tanta roupa amarela!

Vi passar carros de marca,
Dando a sua apitadela.
Tudo isso observava,
Por de trás de uma janela.

Vi um rapaz e uma menina,
Ele levava a mão na dela.
Ao virar numa esquina,
Ele deu-lhe uma beijadela.

Ela não ficou contente!
Ficou um pouco amarela.
Levanta a mão de repente,
E deu-lhe um estaladela.

Uma mulher em balão,
Saia de uma viela,
Com quatro sacos na mão,
Deu valente escorregadela!

Caiu a roupa no chão,
No chão daquela viela!
Tomate, couve e feijão,
Açúcar, chã e canela.

Também vi dois pombos brancos,
No telhado da viela!
O pombo que não era manco,
Deu-lhe ali a galadela.

Passaram cães a ladrar,
Atrás de uma só cadela.
Tudo isto, eu vi passar,
Por de trás dessa janela.

Também vi um chico esperto,
A saltar uma cancela!
Ele não viu que ali perto,
Estava o sentinela!

Estava tão ofegante,
Por de trás dessa janela.
Foi numa tarde brilhante,
De uma linda primavera.

De dia por vezes sonho,
Com a minha alma acordada,
Isto não passou de um sonho,
Sou cego e não vi nada!


Ferreira Augusto.

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