Narminda
-Bom-dia senhor morais,
Bom-dia lhe venho dar.
Venho-lhe pedir a filha,
Se o senhor ma quiser dar,
-Ainda me pedes a filha
Ó maroto descarado,
Minha filha não a dou,
Para as mãos de um desgraçado,
- Se me não dá sua filha,
A culpa tive-a eu,
Gozam-lhe outros a rama,
Pois o fruto comi-o eu.
A mãe que aquilo ouviu,
Logo se pôs a chorar,
Foi dar com sua filha,
Numa janela a cantar
-Minha mãe vou para a viela
Na viela há boa gente,
Se alguma coisa houver,
O meu corpo é que o sente.
-Tu para a viela não vás,
Não queiras lá o teu nome,
Antes quero ver casada,
Nem que seja com outro homem.
O hospital de Lamego,
Trinta metros tem de altura,
No espelho do hospital,
Vejo a minha formosura.
-No espelho do hospital,
Vejo a minha formosura.
Diga-me senhor doutor,
Se o meu mal ainda tem cura.
-O seu mal já não tem cura,
O seu mal é mal venero,
O seu mal já só tem cura,
Quando for para o cemitério.
As camas do hospital,
São trinta bem as contei,
Deitadinha numa delas,
Muita lágrima chorei.
-Chorai fadistas chorai
Que Narminda já morreu.
Era a cara mais bonita
Que na má vida apareceu.
Sem comentários:
Enviar um comentário