Translate

quinta-feira, 24 de março de 2011


Bragança e o rio Sabor são o palco da minha inspiração


Bragança rosto bonito,
Beijado pelo sabor,
Em noites de labirinto,
Canta-lhe canções de amor.

Bragança de noite sonha,
Com sua alma acordada,
A renda da sua fronha,
Por suas mãos foi bordada.

Junto da margem do Savor.
Adormeci a chorar,
Bragança a minha dor.
Só tu a podes curar.

Bragança terra de esperança,
Seus sonhos são solitários,
Quando não vejo Bragança,
Meus olhos são fontanários.

Bragança chora coitada,
Tristonha cheia de dor,
Por ter morrido afogado,
O rouxinol do Sabor.

Sabor olha teu leito,
É largo e pedregoso.
Quando abraças meu peito,
Tornas-te muito vaidoso.

Bragança de noite sonha,
Um sonho lindo profundo,
A renda da sua fronha,
É a mais linda do mundo.

A água que leva o Rio,
Por meus olhos foi chorada,
Por minha alma medida,
Por meu coração coada.

Meus olhos são fontanários
A onde os teus vão beber,
São dois bosques solitários
A onde o amor não quer viver.

O rouxinol do Sabor,
Há três dias sem cantar,
Bragança cheia de dor,
Passa horas a chorar.

Do Sabor até à Sé,
Vai uma rua a subir,
O meu coração sem fé,
Chora sem ninguém ouvir.

Bragança chora coitada,
Tremendo de corpo inteiro,
Por ter morrido afogado,
O rouxinol no Baceiro.

Do Fervença até à sé
Trinta metros de distância,
A onde à noite passeiam,
Lindos olhos de criança.

Bragança já foi mourama,
Lutou de espadas na mão,
Batalhou com o Sabor.
Na noite de S.João.

Vivo fora da cidade,
Num casebre pequenino,
Que o sol beija com vaidade,
Nas tardes de S. Martinho.

Rua abaixo, rua acima,
Avenida do Sabor,
Quem me dera lá passar,
Ao lado do meu amor.

Bragança chora coitada,
Não por ferida nem doença,
Chora porque viu morrer
O rouxinol do Fervença.

Tu dizes que não há cravos,
Na cidade de Bragança,
Ainda hoje vi um,
No peito de uma criança.

Quem diz que Bragança é dama,
Fala a verdade bem sei,
Ninguém mente se disser
Que Sabor também é rei.

Bragança linda cidade,
Do Nordeste Transmontano,
É menina sem idade,
Seu passado foi soberano.

Bragança tem para ver,
A Domus municipal,
Lindos parques de lazer,
O Museu Abade de Baçal.

O seu Castelo imponente,
Ex-líbris da cidade,
Sorri para toda a gente,
Parece não ter idade.

Vivo fora da cidade,
Num alpendre casarão,
Que o sol beija com vaidade,
Nas tardes de S.João.

Ao passar pelo passeio,
Na cidade de Bragança,
Toda a gente me olhava,
Como se eu fosse uma criança.

Ao passar junto da Sé,
Toda a gente me olhou,
Quem será aquele rapaz,
Que de bengala ali passou.

Eu sou um rapaz poeta,
Nascido cá no Nordeste,
Na cidade de Bragança,
Toda a gente me conhece.

Adeus Bragança adeus,
Por ti estou a dar suspiros,
Neste cidade modelo,
Tenho um cento de amigos.

Esta gente de Bragança
Não sabe o que é cegueira,
Como eu me hei-de defender,
Com tanta, tanta barreira.

Ao passar junto da Sé,
Toda a gente olhou para mim,
Parece que eu andava vestido,
Vestido de ouro e marfim.

Se visse como não vejo,
Andava a trabalhar
Assim como sou invisual
Ando no ciclo a estudar.

Toda a gente me conhece,
Por andar de bengalinha
O poeta do nordeste,
Passeia pela tardinha.

Tu dizes que tens amigos,
Amigos tenho-os eu,
Até parece que fui um anjo
Um anjo vindo do céu.
Ferreira Augusto

quarta-feira, 9 de março de 2011

Estas quadras são,
Populares e tradicionais,
Foram cantadas e re-cantadas,
Pelo povo de Vinhais.
Quadra Popular:

Pérolas são cantarinhas,
Com que se regam as flores,
Desde que tu me deixas-te,
Não me tem faltado amores
Quadra Popular:

O peixe nada na água,
Mete a cabeça no lodo,
Quem dá abraços e beijos,
Também dá o corpo todo.
Quadra Popular:

Minha sogra diz que tem,
Uma prenda para me dar,
Se não for a sua filha,
Pode a prenda guardar.
Quadra Popular:

Minha sogra não tem gosto,
Gosta da rosa amarela,
Ela não gosta de mim
Mas eu gosto da filha dela.