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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quadra Popular:

Quando me ponho a pensar,
Cá com o meu coração,
Não sei como e quando,
Te tomei tanta afeição.
Quadra Popular:

Vou-te pedir um favor,
Que bem o podes fazer,
Vou-te pedir um beijo,
Diz-me lá se pode ser.
Quadra Popular:

Coração tu és tão doce,
Só eu sei saciar,
Quando estiver junto de ti,
Eu só te quero beijar.
Quadra Popular:

Dizem que o azul é feio,
Para mim é linda cor,
Com um olhar te encontrei,
Com um sorriso te amei.
Quadra Popular:

Podem as rochas partir,
Pode o mundo acabar,
Mas o nosso amor,
Há-de sempre continuar.
Quadra Popular:

Eu sofro por te amar,
Não me sinto arrependida,
Eu assim te vou provar,
Que por ti sou pretendida.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Quadra Popular:

Ó meu amor não me esqueças,
Não me esqueças a mim,
Um amor igual ao nosso,
Nunca na vida tem fim.
Quadra Popular:

Ó meu amor se te fores,
Deixa-me o teu sorriso,
Para morrer de saudades,
Pouco tempo é preciso.
Quadra Popular:

Neste mundo em que vivo,
Só há apenas ilusão,
Um mundo de falsidade
E cheio de confusão.
Quadra Popular:

Se tu tens os teus amores,
Não digas que sofres não,
Pois os olhos só indicam,

O que vai no coração.
Quadra Popular:

Tu pensas que eu que perco,
Eu perco por te deixar,
Eu perco quem não me ama,
Tu perdes quem te sabe amar.
Quadra Popular:

Há muita gente na vida,
Que vive como no céu,
Ela diz que está viva,
No entanto nunca viveu.
Quadra Popular:

Estou-me aqui a atrapalhar,
Sem saber o que escrever,
Uma palavra encantadora
E ser feliz até morrer.
Quadra Popular:

Quer ao longe, quer ao perto,
Eu nunca te esquecerei,
Mesmo com o coração aberto,
A mesma amiga serei.
Quadra Popular:

Quando tu passas por mim,
Eu não levanto o olhar,
Mas não quer dizer com isso,
Que eu deixei de te amar.
Quadra Popular:

Este amor chegou ao fim,
Foi grande a desilusão.
Nunca mais quero amores,
Para não sofrer mais não.
Quadra Popular:

O amor é uma flor,
Que nasce sem ser plantado,
Por isso aquele que ama,
Deve ser também amado.
Quadra Popular:

Quando eu não te amava,
Via-te sempre sem querer,
Agora que eu te amo,
Passo os dias sem te ver.
Quadra Popular:

Foi na areia molhada,
Que esta carta escrevi,
Tu amas a quem te odeia,
E eu sofro tanto por ti.
Quadra Popular:

Triste de quem não tem amor,
Triste de quem os não pode ter,
É chorar a noite inteira,
Até ao amanhecer.
Quadra Popular:

Os teus olhos são azuis,
Azuis de cor do mar,
Quando um dia os vi,
Logo pensei em te amar.
Quadra Popular:

Os dias da minha vida,
Só tu os deves saber,
Tenho tantas saudades tuas
Sem ti eu não sei viver.
Quadra Popular:

Eu quero-te tanto a ti,
Como quero à luz do dia,
Quando me zango contigo,
Já não sinto alegria.
Quadra Popular:

Amizade, amor e paixão,
Igual a mim nunca vi,
Não sei qual a razão,
Para gostar tanto de ti.
Quadra Popular:

Eu nasci para amar,
E nunca para sofrer,
Quando estou à tua beira,
Fico sempre a tremer.
Quadra Popular:

Passas-te e não falas-te,
Respeito guardas a alguém,
Podes passar e falar,
E respeitar quem te quer bem.
Quadra Popular:

O meu coração é teu,
Também a sua morada,
Se alguém quiser lá entrar,
Encontrará a porta fechada.
Quadra Popular:

Vinho que vai para vinagre,
Não retrocede o caminho,
Só por obra de milagre,
Volta de novo a ser vinho.
Quadra Popular:

Chamaste-me bexigosa,
Deus quis assim eu tê-las,
Não há coisa mais bonita,
Do que o céu com as estrelas.
Quadra Popular:

Chamaste-me bexigosa,
Tu que nada tens se não,
Cara lisa não é nada,
Pincelada tem feição.
Quadra Popular:

Jesus pregado na cruz,
Falou bem alto aos ladrões.
Despregai-me a mão direita,
Quero puxar os calções.
Quadra Popular:

Tu dizes que não me queres,
Diz-me a razão porquê,
Não me queres por ser pobre,
Grande riqueza tem você!
Quadra Popular:

Vou cantar uma cantiga,
Não quero ser descortês,
Vou a fazer à vontade,
A quem sempre a mim ma fez.
Quadra Popular:

Eu gosto muito de ouvir,
Cantar a quem aprendeu,
Se houvera quem me ensinara,
Quem aprendia era eu.
Quadra Popular:

Chamaste-me Mira Mira,
Eu não sou de Mirandela,
Moro na rua da Graça,
Salsas era minha terra.
Quadra Popular:

No alto daquela serra,
Esta um pinheiro a gemer,
Coração que tanto sofre,
Grande sofrimento deve ter.
Quadra Popular:

Ó carvalho da Portela
Porque não dás coisa boa?
Cada um dá do que tem,
Conforme a sua pessoa.
Quadra Popular:

Assim como as andorinhas,
Nasceram para voar,
Também eu minha querida,
Nasci para te amar.
Quadra Popular:

Tenho na minha algibeira,
Semente de manjerona,
Diga-me lá ó menina,
Onde quer que a desponha.
Quadra Popular:

Eu dou-me bem por feliz,
Por ter tanto na mão,
Deite a minha palavra de honra,
E mais o meu coração.
Quadra Popular:

Quando às vezes considero,
Abre-se o céu e treme o chão,
Só em saber que tenho,
Segredos na tua mão.
Quadra Popular:

Altas torres tem seu peito,
Forradas de primavera,
Foram uns alicerces falsos,
Eu fui a primeira pedra.
Quadra Popular:

Maria se escreve com M,
Coração, coração com um C,
Lealdade, lealdade com um L,
Gratidão, gratidão com um G.
Quadra Popular:

Com que letra se escreve Maria,
Com que letra se escreve coração,
Com que letra se escreve lealdade,
Com que letra se escreve gratidão.
Quadra Popular:

Eu bem sei o que significa,
A tinta no papel branco,
Significa o bem que te quero,
Nunca eu te quisera tanto.
Quadra Popular:

Vai-te carta, vai-te carta,
Vai ver o meu amorzinho,
És fechada com um abraço,
És aberta com um beijinho.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Quadra Popular:

Vai-te carta mal notada,
Foi triste quem te notou,
Com lágrimas foi escrita,
Com suspiros se fechou.
Quadra Popular:

O correio é uma ilusão,
O correio só faz sofrer,
Estou à espera do correio,
Para cartas não trazer.
Quadra Popular:

Amor se me eu for embora,
Tu não fiques a chorar,
Os correios vão e vêm,
Para cartas te mandar.
Quadra Popular:

Dizem que o preto, que é feio,
Para mim é linda cor,
É da cor com que eu escrevo,
As cartas ao meu amor.
Quadra Popular:

O papel com que te escrevo,
Saiu-me da palma da mão,
A tinta saiu-me dos olhos,
E a pena do coração.
Quadra Popular:

Lá te mando esta carta,
Foi escrita por minha mão,
Tem pena de mim amor,
E dó do meu coração.
Quadra Popular:

Nas asas de um passarinho,
Feliz carta vai voando,
Vai ver o meu amorzinho,

Que por ti está esperando.
Quadra Popular:

Esta carta que te mando,
Declina sentimento,
Eu também sentido estou,
Com o nosso afastamento.
Quadra Popular:

Lá te mando esta carta,

Com toda a satisfação,
Por não te poder mandar,
Meus olhos meu coração.
Quadra Popular:

Carta quando lá chegares,
Abre-te e fala cortês,
Canta se lágrimas vires,
Nos olhos de quem te fez.
Quadra Popular:

Saudoso espero resposta,
Foi escrita por minha mão,
A tinta saiu-me dos olhos,
E a pena do coração.
Quadra Popular:

Vai-te carta, vai-te carta,
Lindos olhos tu vais ver,
Quem souber a dita sorte
Que tu carta vais a ter.
Quadra Popular:

Vai-te carta, vai-te carta,
Vai bater aquela sala,
Se não te abrirem a porta,
Abre-te carta e fala.
Quadra Popular:

Vai-te carta, vai-te carta,
Por esse mundo sem fim,
Vai dizer ao meu amor,
Se ainda gosta de mim.
Quadra Popular:

Vai-te carta, vai-te carta,
Vai ver o meu amorzinho,
Ajoelha-te e faz a vénia,
Dá-lhe por mim um beijinho.
Quadra Popular:

Vai-te carta, vai-te carta,
Nas asas de um passarinho,
Vai ver o meu amor,
Dá-lhe por mim um beijinho.
Quadra Popular:

Queres saber onde eu moro?
Eu bem sei que tu queres,
Moro na rua das latas,
Onde se fazem colheres.
Quadra Popular:

Se queres saber onde eu moro,
Dou-te a minha direcção,
Moro na rua dos anjos,
Travessa do coração.
Quadra Popular:

Se queres saber quem eu sou,
Isso também eu queria,
Sou neto da minha avó,
Sobrinho da minha tia.
Quadra Popular:

Se queres saber quem eu sou,
Vai ao Registo Civil,
Começo por tal e tal,
E acabo em til e til.
Quadra Popular:

Dia primeiro de Abril,
Dia tão enganador,
Chegou a ocasião,
De enganar o meu amor.
Quadra Popular:

Lá te mando uma carta
Sem nenhuma letra dentro,
Que te vai fazer dar,
Voltinhas ao pensamento.
Quadra Popular:

Se tivesse papel de ouro,
Mercava pena de prata,
Com a tinta dos meus olhos,
Escrevia-te uma carta.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Quadra Popular:

Se tivesse papel de ouro,
Mercava pena de prata,
Apurava o meu sentido,
E escrevia-te uma carta.
Quadra Popular:

Estas meninas de agora,
Só pensam no amor,
De manhã quando acordam,
Até beijam o cobertor.
Quadra Popular:

Tenho uma camisa nova,
Feita de pano de linho,
Está rota meu amor está rota,
Está rota no colarinho.
Quadra Popular:

Ó meu amor se quiseres
Vestir camisa lavada,
Paga à tua lavadeira,
Que eu não sou tua criada.
Quadra Popular:

Chamaste-me bexigosa,
Que te importa meus sinais,
Nunca vi céu sem estrelas,
Nem altar sem castiçais.
Quadra Popular:

Andas morta para saberes,
Onde eu passo os meus serões,
Nas lojas das vendedeiras,
Encostado aos balcões.
Quadra Popular:

Tenho uma cama de penas,
Por cima coberta de ais,
Travesseiro de suspiros,

E os lençóis de mortais.
Quadra Popular:

Não à flor como o suspiro,
Cá para a minha aceitação,
Todas as flores se vendem,
Só os suspiros se dão.
Quadra Popular:

Lágrimas caiem dos olhos,
Suspiros do coração,
Mágoas que trago comigo,
Já mais se apagaram.
Quadra Popular:

Não chores amor não chores,
Que o chorar derrama a vista,
Não há-se faltar tempo,
Em que o amor não te assista.
Quadra Popular:

O meu coração fechou-se
Em duzentas gavetinhas,
Abre-se com saudades,
E fecha-se com palavrinhas.
Quadra Popular:

Eu bem sei que te estas rindo,
Do meu juízo que é pouco,
Qualquer pessoa de bem,
Tem sua veia de louco.
Quadra Popular:

Deixa-te estar pêra rocha,
Em cima dessa pereira,
Se te deixas abanar,
Depois não tens quem te queira.
Quadra Popular:

Tua nadas atrás de mim,
Como a pêra atrás do ramo,
Tu andas para me enganar,
Contigo fica o engano.
Quadra Popular:

A Jesmim caiu do céu,
Desfolhou-se no Outono,
Ai de mim que estou falando,
Com um amor que já tem dono.
Quadra Popular:

Com amor, amor se paga,
O amor tem alto preço,
Na margem esquerda se lê,
A coisa que mais te peço.
Quadra Popular:

Já dormi na tua cama,
Já te apalpei os joelhos,
Pudera te ter capado,
Que eu cá tinha os aparelhos.
Quadra Popular:

Já dormi na tua cama,
Já o teu rosto beijei,
Já logrei os teus carinhos,
Mais coisinhas que eu cá sei.
Quadra Popular:

Quem me dera ser um cigarro,
Na boca do fumador,
Para a toda a hora beijar,
A boca do meu amor.
Quadra Popular:

Andam para ai a dizer,
Que o Ferreirinha morreu,
Não acreditem é mentira,
O Ferreirinha sou eu.
Quadra Popular:

Cada Santo tem seu dia,
E S. João dos mais espertos,
Escolheu para ele um dia,
A sonhar de olhos abertos.
Quadra Popular:

Antoninho lindo nome,
Lindo Espelho de vestir,
Quem tem amores com Antonios,
Vaia o céu e torna a vir.
Quadra Popular:

Todos os Antónios são Santos,
Só o meu é pecador,
Só a mim me havia de calhar,
António ser o meu amor.
Quadra Popular:

S. Pedro perdeu as calças,
Indo da terra para o céu,
Quem lhas achar que lhas dê,
Para não andar com o cu ao léu.
Quadra Popular:

O anel que tu me deste,
Para o bazar de S.Pedro,
Eu queria namorar,
Contigo muito em segredo.
Quadra Popular:

Assobia ao acipestre,
Em busca do meu anel,
Estes rapazes de agora
Todos usam arganel.
Quadra Popular:

Assobia ao acipestre,
Em busca do meu cordão,
Estes rapazes de agora,
Todos vestem albardão.
Quadra Popular:

Ó acipestre dos vales
Arrumo dos passarinhos
Quem namora às escondidas,
Quer abraços e beijinhos.
Quadra Popular:

Não há coisa mais triste,
Do que uma casa sem flores,
Uma gaiola sem pássaros,
E um coração sem amores.
Quadra Popular:

Chamas-te à minha cara,
Gaiolas dos passarinhos,
Eu chamo à tua boca,
Gaiola dos meus beijinhos.
Quadra Popular:

Dizem que o mel é doce,
Para mim não tem paladar,
Sinto a doçura do mel,
Quando te estou a beijar.
Quadra Popular:

A tua cara é linda,
Linda cara de paixão,
Tenho visto caras lindas,
Mas como a tua não.
Quadra Popular:

Tu chamaste-me criança,
Criança eu sei que sou,
Tu bem sabes meu menino,
Que esta criança te amou.
Quadra Popular:

Pensavas por me deixares,
Que eu de pena morreria,
Vai-se um amor e vem outro,
Vivo com a mesma alegria.
Quadra Popular:

Ó alegria do mundo,
Tu por onde tens andado,
Tenho corrido bem terras,
E não te tenho encontrado.
Quadra Popular:

Diga-me lá ó amigo,
Por onde é que tem andado,
Que até aos bichos do monte,
Por si tenho procurado.
Quadra Popular:

Arrulha a pomba, arrulha a pomba,
Arrulha a pomba no rolhador,
Todos têm só eu não tenho,
Nesta terra o meu amor.
Quadra Popular:

No alto da comieira,
Canta alegre a cotovia,
No freixial da ribeira,
Canta o melro noite e dia.
Quadra Popular:

Caia bem essa parede,
Dá-lhe mais outro de mão,
Mas tem cuidado não caia,
Alguma gotinha no chão.
Quadra Popular:

Põe-se o sol às nove e meia,
Lá no mês de S.João.
Às cinco e meia rompe o dia,
Logo chega o clarão.
Quadra Popular:

Fui com o rebanho para o campo,
Pus o pé no feto bravo,
Tira de mim o sentido,
Que eu em ti à muito não trago.
Quadra Popular:

O meu amor é pastor,
O seu nome é Joáo,
De dia guarda o rebanho,
E à noite o meu coração.
Quadra Popular:

Estou aqui neste terreiro,
O orvalho a cair,
Por mais que o orvalho caia,

Do terreiro não me hei-de
Quadra Popular:

Adeus que em vou embora,
Adeus que me quero ir,
Dá-me cá esses teus braços,
Que em quero despedir.
Quadra Popular:

Os rapazes desta terra,
Aonde estão metidos,
Ouviram falar na guerra,
No monte estão escondidos.
Quadra Popular:

Vou-me embora de Nuzedo,
Mas não me hei-de despedir.
Para ninguém ficara a chorar,
E ninguém se alegre por me ir.
Quadra Popular:

Adeus povo de Nuzedo,
Cercado de pinheirais,
Se os moços são bonitos,
As moças são muito mais
.
Quadra Popular:

Adeus povo de Nuzedo,
Adeus fonte de água fria.
Onde eu ia beber,
A toda a hora do dia.
Quadra Popular:

Hei-de-te cercar Nuzedo,
Com uma fita de algodão.
há porta do meu amor,
Vou prender meu coração.
Quadra Popular:

Lindo povo de Nuzedo,
Minha terra natal,
Berço da minha tristeza,
Cama de todo o meu mal.
Quadra Popular:

Vou-me casar a Nuzedo,
Que é terra de muito pão,
Sobem os galos à mesa,
Batem com o rabo no chão.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Quadra Popular:

Quando passei por Nuzedo,
Veio tudo à janela,
Parece que nunca virão,
Gente de fora da terra.
Quadra Popular:

Daqui para a minha terra,
Tudo é caminho chão,
Tudo são cravos e rosas,
Plantados por minha mão.
Quadra Popular:

Minha terra minha terra,
Minha terra e eu aqui,
Os anjos do céu me levem,
Á terra onde nasci.
Quadra Popular:

Ó água que assim vais turva,
Quando há-des aclarar,
Ó mundo que não me deixas,
Quando me queres deixar?
Quadra Popular:

Ó rio não levas água,
Deixas a areia descoberta,
Vai-se um amor e vem outro,
Nunca vi coisa mais certa.
Quadra Popular:

Lá vai o rio fugindo,
Ó quem mo dera agarrar,
O amor é como um rio,
Foge e não torna a voltar.
Quadra Popular:

Lavadeira do rio triste,
Vem lavar ao rio alegre,
A agua do nosso rio,
Deixa a roupa como a neve.
Quadra Popular:

Quando te disse adeus Porto,
Das varandas do navio,
Eram as lágrimas tantas,
Sem chover crescia o rio.
Quadra Popular:

Eu não sei que fiz ao Porto,
Que tanto chora por mim,
Quero ir viver ao Porto,
Á rua do jardim.
Quadra Popular:

Cantai passarinhos cantai,
Nos ramos dependurados,
Cantai que eu agora choro,
Dos meus dias desgraçados.
Quadra Popular:

Fui eu a que bati palmas,
Nas palmeiras do deserto,
Fui eu a que trouxe amores,
Nove meses encobertos.
Quadra Popular:

Trago dentro do meu peito,
Um cravo branco aberto,
Regala-te de o vê-lo,
Que logra-lo não é certo.
Quadra Popular:

Indo-me eu por aí a baixo,
Aos saltinhos como a lebre,
Acautelesse ó menina,
Do rapaz que anda alegre.
Quadra Popular:

Encontrei o meu amor,
Na praça a vender morangos,
Deitava de contra peso,
O coração de nós ambos.
Quadra Popular:

Que lindo botão de rosa,

Aquela roseira tem,
De baixo ninguém lhe chega,
Acima não vai ninguém.
Quadra Popular:

Tua mãe é uma roseira,
Que o teu pai escolheu,
Tu és um botão de rosa,
Que essa roseira deu.
Quadra Popular:

Não namores o mecânico,
Porque cheira a gasolina,
Namora antes um doutor,
Porque usa pasta fina.
Quadra Popular:

Comecei com sete anos,
Na escola a estudar,
Nos teus lábios aprendi
A conjugar o verbo amar
.
Quadra Popular:

Comecei com sete anos,
Os livros a folhear,
Agora tenho dezoito,
E continuo a estudar.
Quadra Popular:

Vou chumbar a português,
Vou ter um grande desgosto,
Por não saber que o verbo amar,
É simples ou composto.
Quadra Popular:

A paixão de estudantes,
É meia amalucada,
Eu e tu no manicómio,
Era o fim da macacada.
Quadra Popular:

O amor de um estudante,
É como o latim africano,
Varia no dia-a-dia,
Nunca chega ao fim do ano.
Quadra Popular:

Dizes que o estudante é parvo,
Mais parvo é quem lho chama,
Diz-me lá ó minha parva,
Se não é mais parvo quem tu amas.
Quadra Popular:

Gama é um gatinho,
Que está sempre a miar,
Sape gato, vai-te embora,
Deixa a menina estudar.
Quadra Popular:

A lua é muito bela,
As estrelas são belas também,
Estuda, estuda rapazinho,
Verás como ficas bem.
Quadra Popular:

O amor de um estudante,
É caldo verde picado,
Ao chegar aos ouvidos dos pais,
Temos o caldo entornado.
Quadra Popular:

Quem namora estudantes,
Faz dois pecados mortais,
Rouba-lhe o tempo a eles,
E o dinheiro aos pais.
Quadra Popular:

A vida de um estudante,
È uma vida de luto,
Se estuda não namora,
Se namora não estuda puto.
Quadra Popular:

A vida de um estudante,
É uma vida amargurada,
Se estuda não namora
Se namora não estuda nada.
Quadra Popular:

O amor de um estudante,
Não dura mais que uma hora,
Tocam os sinos vão para a aula.
Vêm as férias vai-se embora.
Quadra Popular:

O amor de um estudante,
Não dura mais que uma hora,
Só o meu é tão velhinho,
Ainda se não foi embora.
Quadra Popular:

Se esta rua fosse minha,
Como é dos estudantes,
Mandava-lhe por no meio
Um jardim de diamantes.
Quadra Popular:

Ser calhau não é fixe,
Se maluca também não.
O que é fixe na vida,
É curtir a curtição.
Quadra Popular:

Bem puderas dizer sim,
Mas não tiveste coragem,
Se continuas assim,
Não chegas à outra margem.
Quadra Popular:

Meu amor pede a Deus,
Que eu peço às almas santas,
Que nos juntemos um dia,
Já que as saudades são tantas.
Quadra Popular:

A sagrada escritura,
Tem palavras em latim,
És o moço mais simpático,
Que Deus criou para mim.
Quadra Popular:

Naquela ilha distante,
Há outra ilha de amor,
Luciano e a Cristina,
Luciano conquistador.
Quadra Popular:

Venho da praia do ouro,
Da ilha dos diamantes,
Trago o coração doente,
Pelos teus olhos brilhantes.
Quadra Popular:

Quando olho em meu redor,
Tudo vejo verdejar,
Só a luz dos teus olhos,
Eu não consigo alcançar.
Quadra Popular:

Os teus olhos são tão lindos,
Ao teu pai lhos fui pedir,
O teu pai não mos quis dar,
Contigo hei-de eu fugir.
Quadra Popular:

Teus olhos contas escuras,
São duas ave-marias,
Um rosário de amarguras,
Que eu rezo todos os dias.
Quadra Popular:

Gosto muito dos teus olhos,
Muito mais gosto dos meus,
Se não fossem os meus olhos,
Não podia ver os teus.
Quadra Popular:

Os meus olhos já não têm,
O brilho de antigamente.
Os meus olhos andam cegos,
Cegaram por ti somente.
Quadra Popular:

Por teus olhos negros, negros,
Trago eu negro o coração,
De tanto pedir-lhe amor,
E eles a dizer que não.
Quadra Popular:

Olhos pretos, olhos brancos,
Olhos azuis, olhos verdes,
São as quatro castas de olhos,
Que em poucas caras os vedes.
Quadra Popular:

Tens dois olhinhos na cara,
Brilhantes como alfinetes,
Abertos são duas rosas,
Fechados dois ramalhetes.
Quadra Popular:

Tendes os olhinhos pretos,
Como a seda de cozer,
Se nascemos um para o outro
O que havemos de fazer.
Quadra Popular:

Tendes os olhinhos pretos,
Como a vaga da nigela,
Se não fosses tão bonita,
Mal aja quem os fizera.
Quadra Popular:

Para que chorais tristes olhos,
Para que em dais tanta pena,
Para que vos estais lembrando,
De quem de vós não se lembra.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Quadra Popular:

Lindos olhos tem menina,
Ó que fagueirinhos são,
Logo à primeira vista,
Prenderam meu coração.
Quadra Popular:

Quando os lábios não se tocam
Momento da partida,
São sempre os olhos que trocam
O beijo da despedida.
Quadra Popular:

Não me namora o teu lenço,
Nem o brinco das orelhas,
Namora-me o teu olhar,
Por baixo das sobrancelhas.
Quadra Popular:

Eu a querer-te e a estimar-te,
Tua a fugires de mim,
Deus por deia um castigo
Uma pena sem ter fim.
Quadra Popular:

Se eu soubera quem tu eras,
Ou te amaria ou não,
Agora não há remédio,
Padece meu coração.
Quadra Popular:

O meu amor coitadinho,
Anda de costas viradas,
Eu não lhe viro as costas,
Mas nego-lhe as minhas falas.
Quadra Popular:

Ó silva prendidassa,
Que aprende pelas lavradas,
Também tu minha menina,
Me prendeste com tuas falas.
Quadra Popular:

Ó silva prendidassa,
Que nasce e aprende no chão,
Quem me dera ó menina,
Prender-me ao teu coração.
Quadra Popular:

Ó silva prendidassa,
Que nasce pelos caminhos,
Dá amoras para quem lá passa,
E também para os passarinhos.
Quadra Popular:

Ó silva prendidassa,
Que aprende pelas paredes,
Também tu minha menina,
Me prendes quando me vedes.
Quadra Popular:

Ó silva prendidassa,
Que aprende pelas montanhas,
Também tu minha menina,
Me prendeste pelas entranhas.
Quadra Popular:

Vivo triste como a silva,
Verdinha da mesma cor,
Só se me vê a alegria,
Quando a silva deita a flor.
Quadra Popular:

Há silvas que dão amoras,
Há outras que não as dão,
Há homens que são firmes
E há outros que não o são.
Quadra Popular:

Há silvas que dão amoras,
Há outras que não dão nada,
Há homens que são firmes,
Outros que não têm palavra.
Quadra Popular:

Plantei a silva verde,
Juntinho do meu jardim,
O amor que é firme,
É firme até ao fim.
Quadra Popular:

Plantei a minha silva,
Juntinho ao meu craveiro,
Não há amoras como as da silva,
Nem amor como o primeiro.
Quadra Popular:

Uma silva me prendeu,
Quando as amoras lhe colhi,
Também tu me prendes,
Quando estou ao pé de ti.
Quadra Popular:

A silva que me prendeu,
Saiu daquela janela,
Ela de falsa quebrou,
Quem é falsa logo quebra.
Quadra Popular:

Quem ama não cuida,
O que virá acontecer
Pensa que tudo são rosas,
Que no jardim vai colher.
Quadra Popular:

Comparar o amor à rosa,
É fraca comparação,
A rosa nasce da terra,
O amor do coração.
Quadra Popular:

Se eu te quisera tanto,
Como tu me queres a mim,
Era um querer tanto,
Nunca mais teria fim.
Quadra Popular:

Coitadinho de quem tem,
Seus amores em segredo,
Passar por eles na rua,
Não falar porque tem medo.
Quadra Popular:

Ninguém se finte nos homens,
Nem que eles estejam a chorar,
As lágrima as que eles choram,
São o troco que eles vos vão dar.
Quadra Popular:

Ninguém se finte nos homens,
Nem no seu darei darei,
Depois de farem o frete,
Menina já lhe paguei.
Quadra Popular:

Menina não se namore,
Do rapaz da camisola,
Ele não é cá da terra,
Faz o frete e vai-se embora.
Quadra Popular:

Menina não se namore,
De ouro nem de formosura
Que tudo vai acabar,
Numa triste sepultura.
Quadra Popular:

Os olhos da minha sogra
São duas batatas fritas,
Quando olho para ela,
Até me arrebentam a s tripas.
Quadra Popular:

O sogro morreu ontem,
Enterrei-o num caixote,
Deixei-lhe a gaita de fora,
Quem quiser tocar que toque.
Quadra Popular:

A caminho do nordeste
Anda tudo aos trambolhões
Uma carroça sem rodas
E um cavalo sem travões.
Quadra Popular:

Ao passar à tua porta
Cheirou-me a bacalhau frito,
Espreitei pela fechadura,
Estavas a comer cabrito.
Quadra Popular:

Ao passar à tua porta
Cheirou-me a milho torrado,
Espreitei pela fechadura,
Comias leitão assado.
Quadra Popular:

Ao passar à tua porta
Cheirou-me a bacalhau cru,
Espreitei pela fechadura,
Estavas a comer peru.
Quadra Popular:

Tu não viste o que eu vi,
Á porta do tribunal,
Vi as cuecas do juiz
Embrulhadas num jornal.
Quadra Popular:

Sou do Minho, sou do Minho,
Sou do Minho natural,
Quem não conhece o Minho,
Não conhece Portugal.
Quadra Popular:

Semeie no meu quintal
Os cacos de uma caneca,
Nasceu um velho marreta
A tocar numa rabeca.
Quadra Popular:

Olha o grelo, olha o grelo
Olha o grelo do quintal,
Eu não quero mais grelinhos,
Que me podem fazer mal.
Quadra Popular:

Quatro bois, quatro vacas,
Levam o carro costa acima,
Não há moço nesta terra,
Que quatro vezes o diga.
Quadra Popular:

Quatro coisas são precisas,
Para saber namorar,
Olho aberto, pé ligeiro,
Ouvir e saber falar.
Quadra Popular:

A mulher para ser minha,
Tem de ter a perna baixa,
Da barriga redondinha,
Para levar com o pau na caixa.
Quadra Popular:

A mulher para ser mulher,
Tem de ter sete amores,
Dois casados, dois solteiros,
Um padre e dois doutores.
Quadra Popular:

Cantai, bailai raparigas,
Até o sapato romper,
O sapateiro é pobre,
Ajudai-o a viver.
Quadra Popular:

O dia em que me eu casar,
Hei-de dar um bailarico,
Até debaixo da cama
Há-de bailar o penico.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quadra Popular:

O fandango de uma velha,
Fez-me doer a barriga,
Eu não quero mais fandangos,
Se não de uma rapariga.
Quadra Popular:

O fandango de uma velha,
Fez-me doer a barriga,
Eu não quero mais fandangos,
Se não de uma rapariga.
Quadra Popular:

Tenho uma prima carnal,
Que namora o meu amor,
Namora prima namora,
Faz-me lá esse favor.
Quadra Popular:

Canta comigo priminha,
Que o nosso cantar graça tem,
Quanta gente tem inveja,
Por nós nos querermos bem.
Quadra Popular:

Muito se querem dois primos,
Se forem primos carnais,
Se forem primos segundos,
Já os disfarces são mais.
Quadra Popular:

Ó meu amor se te fores,
Leva-me na tua mala,
Eu sou como a primavera,
Onde quera vou fechada.
Quadra Popular:

Ó meu amor se te fores,
Leva-me na tua ida,
Eu sou como a primavera,
Onde quera vou metida.
Quadra Popular:

Meu lencinho de cambraia,
Bordado aos ramalhões,
Em cada ponta seu cravo,
No meu dois corações.
Quadra Popular:

Meu lencinho de cambraia,
Estendidinho na barrela,
Em cada ponta um cravo,
No meio a primavera.
Quadra Popular:

Menina do lenço preto,
Diga-me quem lhe morreu,
Se foi o seu namorado,
Para o lugar dele estou eu.
Quadra Popular:

Trago o coração de luto,
Ó mais ninguém lhe morreu,
Bem de luto pode andar,
Quem o seu amor perdeu.
Quadra Popular:

Tenho na minha janela,
Tulipas até ao chão,
O dia que te não vejo,
Muitas facadas me dão.
Quadra Popular:

Gostava de ser sábio,
Entrar no teu interior,
Para te poder dizer,
Se era grande o teu amor.
Quadra Popular:

Tenho dentro do meu peito,
Um copinho licor,
Quando o coração tem sede,
Diz o copo, bebe amor.
Quadra Popular:

Tenho dentro do meu peito,
Duas escadas de vidro,
Por uma descem as penas,
Por outra sobem alívios.
Quadra Popular:

Tenho dentro do meu peito,
Duas escadas de flores,
Por uma descem as penas,
Por outra sobem amores.
Quadra Popular:

Tantos ais tantos suspiros,
Tantas alucinações,
São os manjares de amores,
Em certas ocasiões.
Quadra Popular:

Dava-te o meu coração,
Se não estivesse agarrado ao forro,
Assim não to posso dar,
Se o arranco sei que morro.
Quadra Popular:

De manhã eu sinto frio,
Á tarde sinto calor,
Dá-me cá o teu abraço,
Vira-te para mim amor.
Quadra Popular:

Se o amor se vai embora,
Não vale a pena chorar,
A melhor coisa a fazer,
É por outro sem em lugar.
Quadra Popular:

Ainda que o lume se apague,
Na cinza fica o calor,
Ainda que o amor se ausente,
No coração fica a dor.
Quadra Popular:

O marmeleiro é triste,
Alegre quando tem flor,
Julgo que é tempo perdido,
Prevenir quem tem amor.
Quadra Popular:

Aí Jesus que assim se embana,
A folha daquela vinha,
Gostava de ser par Deus,
Como tu hás-de ser minha.
Quadra Popular:

A parreira tem mil uvas,
A uva tem mil baguinhos,
Menina que há-de ser minha
Não ande com segredinhos
.
Quadra Popular:

Tendes parreirais à porta,
Tendes sombra regalada,
Tendes fama de bonita
E de feia não tendes nada.
Quadra Popular:

Não te encoste à parreira,
Que a parreira está vendida,
Encosta-te a mim amor,
Sou teu para toda a vida.
Quadra Popular:

Não te encoste à parreira,
Que a parreira deita pó,
Encosta-te ao meu peitinho
Sou solteiro vivo só.
Quadra Popular:

Sete anos servi como amo,
Sete anos e mais um mês,
Todo o trabalho que lhe eu fiz,
Nenhum criado lho fez.
Quadra Popular:

Quatro coisas quer o amo,
Ao criado que o serve,
Deitar tarde e levantar cedo,
Comer pouco e andar alegre.
Quadra Popular:

Toda a vida fui pastor,
Toda a vida guardei gado,
Trago uma nódoa no peito,
De me encostar ao cajado.
Quadra Popular:

Não há dinheiro que pague,
A filha do camponês,
Não fosse ela transmontana,
E filha de um português.
Quadra Popular:

Não há dinheiro que pague,
A filha do lavrador,
Anda ao sol e anda à chuva,
E tem sempre a mesma cor.
Quadra Popular:

Semear e não colher,
É que atrasa o lavrador,
Também eu ando atrasado,
Nas falas com o meu amor.
Quadra Popular:

Um raminho, dois raminhos,
Três raminhos no seu peito,
Viva lá o Joaquim,
Que esta vai a seu respeito.
Quadra Popular:

Todo o rapaz que não trás,
Uma gravata ao peito,
Não é rapaz não é nada,
É um homem sem respeito.
Quadra Popular:

Eu sou sol e tu és sombra,
Qual de dois nós é mais firme,
Eu como sol acercar-te
Tu como sombra a fugir-me.
Quadra Popular:

O sol diz que anda zangado,
Mas eu sei-lhe andar ao jeito,
Quando nasce eu me levanto,
Quando se põe eu me deito.
Quadra Popular:

O sol quando nasce inclina,
A pedra ao meu anel,
Também eu em inclinava,
Para os teus braços Manuel.
Quadra Popular:

Não me puxes pelo dedo,
Porque o anel me tirais,
Que mo deu o meu amor,
Não mo deu quem vós cuidais.
Quadra Popular:

O anel que tu me destes,
Para o dedo mendinho,
Deste- me um anel tão largo,
E um amor tão pequenino.
Quadra Popular:

O anel que tu me destes,
Era de vidro e quebrou-se,
Não dure mais a tua vida,
Do que o anel me durou.
Quadra Popular:

O anel que tu me destes,
Nem o deu nem o vendi,
Deitei-o da ponte abaixo,
Fazia-te o mesmo a ti.
Quadra Popular:

O anel que tu me destes,
Anda aos saltos no dedo,
Se tu me tivesses amor,
O anel estaria quedo.
Quadra Popular:

O anel que tu me destes,
No domingo da trindade,
Era-me largo no dedo,
Apertado na amizade.
Quadra Popular:

Ó meu amor não me deixes,
Ao desamparo do mundo,
Eu não sou peixe que nade,
Nem voga que vá ao fundo.
Quadra Popular:

Nem no mundo há dois mundos,
Nem no céu há dois senhores,
Não há coração que possa,
Ser leal a dois amores.
Quadra Popular:

Quando o amor se encontra,
Numa rua sem saber,
Deitam-se os olhos em terra,
Disfarça-se o bem querer.
Quadra Popular:

Amores de ao pé da porta,
Quem não gosta de os ter,
Ainda que a boca não fale,
Os olhos gostam de ver.
Quadra Popular:

Á tua porta estou morto,
Trata-me de me enterrar,
Na tua mão estava a vida,
Se tu ma quisesses dar.
Quadra Popular:

Amores dolonge dolonge,
Doperto qualquer um os tem,
Amores de ao pé da porta,
Não são leais a ninguém.
Quadra Popular:

Sei que andas de mal comigo,
Por causa das embrulhadas,
Se tens dor de cotovelo,
Deita-lhe ortigas pisadas.
Quadra Popular:

Quero-te bem às avessas,
Pois tu assim mo ensinas,
Eu como amante firme,
Sigo as tuas doutrinas.
Quadra Popular:

Menina se quer saber,
Como agora se namora,
Mete-se o lenço ao bolso,
Deixasse-lhe a ponta fora.
Quadra Popular:

Minha perpétua amarela,
Junto da laje nascida,
Sabes do bem que eu te quero,
Fazes-te de desentendida.
Quadra Popular:

A cadeia te mil cravos,
Tem mil cravos no morrão,
Também eu tenho mil penas,
Dentro do meu coração.
Quadra Popular:

Apagai essa candeia,
Que vai o azeite caro,
Diante de mim estão dois olhos,
Que alumiam mais claro.
Quadra Popular:

Alumia-me ó candeia,
Que me quero ir deitar,
Sem torcida e se azeite,
Como te hei-de alumiar.
Quadra Popular:

Alumia-me ó candeia,
Até à rua do freixo,
Que me quero despedir,
De um amor que ali deixo.
Quadra Popular:

Alumia-me ó candeia,
Até à rua de além,
Que de lá para diante,
Já me alumia meu bem.
Quadra Popular:

Por a candeia estar alta,
Não deixa de alumiar,
Por o amor estar longe,
Não deixa de te falar.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Quadra Popular:

Adorada das estrelas
Vinde à janela falar,
Já que as estrelas te adoram,
Eu também te hei-de adorar.
Quadra Popular:

Meu amor disse que vinha,
Quando a ceifa chegar,
Meu amor não aparece
E a ceifa já está a acabar.
Quadra Popular:

Bem haja nosso Senhor,
Que morreu por toda a gente,
Tu a mim não me tens amor,
Eu morro por ti somente.
Quadra Popular:

Já o luar de alto se levanta,
Só tu minha preguiçosa,
Mal queres tu a quem canta,
No teu leito cor-de-rosa.
Quadra Popular:

Fui chorar junto da água,
Lágrimas de sentimento,
A água me respondeu,
Ninguém cura como o tempo.
Quadra Popular:

Deitei-me e adormeci,
Junto da água que corre,
A água me respondeu,
Quem tem amores não dorme.
Quadra Popular:

Nunca vi coisa mais triste,
Do que um jardim sem flores,
Uma fonte sem água,
E um coração sem amores.
Quadra Popular:

Ó Vila Real alegre,
Província de Trás-os-Montes,
O dia em que te não vejo,
Meus olhos são duas fontes.
Quadra Popular:

Hei-de-me ir , hei-de-te deixar,
Como a água deixa a fonte,
Que me trazes tão perseguida,
Como o coelho no monte.
Quadra Popular:

Foi à beira de uma fonte,
Que eu perdi meu coração,
Toda a facada tem cura,
Só a do amor é que não.
Quadra Popular:

Quem me dera ser a água,
Pelas fontes a correr,
Para beijar os teus lábios,
Quando lá fores beber.
Quadra Popular:

Foi beber água à fonte,
Com minhas mãos a sujei,
Nunca podemos dizer,
Desta água não beberei.
Quadra Popular:

Tu dizes que não, que não,
Eu digo que pode ser,
Tanto bate a águia na pedra,
Que a faz embrandecer.
Quadra Popular:

Eu hei-de subir ao alto,
Que eu do alto vejo tudo,
Quero ver com quem namora,
Esse pito polainudo.
Quadra Popular:

Eu hei-de amar uma pedra,
Deixar o teu coração.
Uma pedra não se queixa,
Dos pontapés que lhe dão.
Quadra Popular:

Eu gostava de te ver,
Trinta dias, um mês,
Uma semana, seis dias,
Uma hora cada vez.
Quadra Popular:

Meu coração é relógio,
Minha alma dá badaladas,
O dia em que te não vejo,
Trago as horas contadas.
Quadra Popular:

Mandei fazer um barquinho,
Da pelo de um caranguejo,
Para contar os minutos,
Das horas em que te não vejo.
Quadra Popular:

Toma lá uma laranja,
Come-lhe o que ela tem dentro,
Da casca faz um barquinho,
Embarca o teu pensamento
.
Quadra Popular:

Atirei com uma laranja,
Da minha porta para o cais,
Para ver se te esquecia,
Cada vez me lembras mais.
Quadra Popular:

Tenho dentro do meu peito,
Uma laranja partida,
Para dar ao meu amor,
Que anda de beiça caída.
Quadra Popular:

A laranja quando nasce,
Nasce logo redondinha,
Também tu minha menina,
Nasces-te para seres minha.
Quadra Popular:

Quero da laranja um gomo,
Da maça quero um pedaço,
Da menina mais bonita,
Quero um beijo e um abraço.
Quadra Popular:

Tenho fome, tenho sede,
Não é de pão nem de vinho,
Tenho fome de um abraço,
Tenho sede de um beijinho.
Quadra Popular:

Eu sou comprador de beijos,
Menina venda-me alguns,
Dou-lhe pago adiantado,
Cinco reis por cada um.
Quadra Popular:

O beijo dado na cara,
Escorrega cai no chão,
O beijo dado na boca,
Vai direito ao coração.
Quadra Popular:

Beijo na testa é respeito,
Beijo na cara é carinho,
Beijo no queixo é amizade,
Beijo na boca é docinho.
Quadra Popular:

Sei danças à espanhola,
Também danço à portuguesa,
Vira-te para mim ó Rosa,
Dá-me um beijo à francesa.
Quadra Popular:

Ó senhora cozinheira,
O seu caldo cheira, cheira,
Cheira a cravo, cheira a rosa,
Cheira à flor da laranjeira.
Quadra Popular:

Rosa que estas em botão,
Deixa-te estar na roseira,
Se te deixas desfolhar,
Não arranjas quem te queira.
Quadra Popular:

Ó minha rosa vermelha,
Onde deixas-te o cheiro?
Deixei-o na tua cama,
Na renda do travesseiro.
Quadra Popular:

A rosa é lavradeira,
Que se sustenta da terra,
O cravo é cavalheiro,
Está sempre à janela.
Quadra Popular:

Se o teu corpo fosse terra,
Eu mandaria-o lavrar,
Depois da terra lavrada,
Algum fruto há-de dar.
Quadra Popular:

Se o teu corpo fosse terra,
Eu mandaria-o lavrar,
Para semear desejos,
Que tenho de te falar.
Quadra Popular:

A menina que há-de ser minha,
Tem de andar na segurança,
Deve andar mais direitinha,
Do que o ouro na balança.
Quadra Popular:

Menina não tenha por certa,
A sorte que se anuncia,
Só depois de estar aberta,
Se conhece a melancia.
Quadra Popular:

Menina não seja vária,
Nem dei-te cravos para a banda.
Por o seu pai ser rico,
A roda também desanda.
Quadra Popular:

Chora o pobre, chora o rico,
A dor não poupa ninguém,
Cada um sofre o seu mal,
Conforme a sorte que tem.
Quadra Popular:

Como fui louco em amar-te,
Ris de mim a toda a hora,
Deixa porém que eu te diga,
Ninguém ria que não chora.
Quadra Popular:

Não te rias de quem chora,
Que a sorte que Deus ordena,
Pode a roda desandar,
E tu sofreres a mesma pena.
Quadra Popular:

Se me vires andar chorando,
Não me olhes com desdém,
Porque Deus também castiga,
Não diz quando nem a quem.
Quadra Popular:

Se me vires andar chorando,
Não me olhes com desdém,
Porque pode vir o dia,
De te ver chorar também.
Quadra Popular:

Ó águia que vais voando,
Por esses montes alem,
Leva-me ao céu onde eu tenho,
A santa da minha mãe.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Quadra Popular:

Perdigão perdeu a pena,
Na serra de Montesinho,
Não há mal que não venha,
Ao pobre do passarinho.
Quadra Popular:

Perdigão perdeu a pena,
Lá na serra do Marão,
Não há mal que não venha
Ao pobre do perdigão.
Quadra Popular:

Já não tenho pai nem mãe,
Já não tenho ninguém vivo,
Eu sou como perdigão,
Que no monte anda perdido.
Quadra Popular:

Minha mãe era uma santa,
Coitadinha já morreu,
O meu pai com pena dela
Pouco mais tempo viveu.
Quadra Popular:

Tive uma jóia sagrada,
Era a minha santa mãe,
Perdi-a fiquei sem nada,
Sou mais pobre que ninguém.
Quadra Popular:

A minha mãe é uma santa,
Por isso lhe quero bem,
Não fosse ela uma santinha,
A minha querida mãe.
Quadra Popular:

A minha mãe é uma santa,
Por isso lhe quero bem,
Não fosse ela uma santinha,
A minha querida mãe.
Quadra Popular:

A minha mãe é um tesouro,
Que a minha alma contem,
Eu não troco nem por ouro,
O amor de minha mãe.
Quadra Popular:

Chamas-te amor perfeito,
A um amor quer a terra tem,
Amor perfeito há só um,
É o amor de nossa mãe.
QUADRA POPULAR:

FUI AO JARDIM DO TEU PEITO,
PARA COLHGER UMA FLOR,
NÃO COLHI UM AMOR PERFEITO,
COLHI UM PERFEITO AMOR.
QUADRA POPULAR:

COMO O TREVO SE ASTREVE,
A NAMORAR UMA FLOR,

EU SEM SER TREVO ME ATREVO,
A CONTEMPLAR MEU AMOR.
QUADRA POPULAR:

NAMORADOS FALAI BAIXO,
QUE AS PAREDES TÊM OUVIDOS,
OS QUA ANDAM ENCOBERTOS,
SÃO OS QUE SÃO MAIS SABIDOS.
QUADRA POPULAR:

TU DIZES QUE NÃO ME AMAS,
POR EU SER UMA PEQUENA,
DORME COMIGO UMA NOITE,
VERÁS COMO VALE A PENA.
QUADRA POPULAR:

O AMOR ENTRE DOSI JOVENS,
É AMOR DE OPORTUNIDADE,
COMEÇA NA CAMA FOFA,
E ACABA NA MATERNIDADE.
QUADRA POPULAR:

DORME COMIGO UM A NOITE,
VERÁS COMO A CAMA DANÇA.
E NO FIM DE NOVE MESES,
SERÁS PAI DE UMA CRIANÇA.
QUADRA POPULAR:

TU DIZES QUE NÃO ME AMAS,
POR EU SER UMA CRIANÇA,
DORME COMIGO UM A NOITE,
VERÁS COMO A CAMA DANÇA.
QUADRA POPULAR:

HEI-DE-ME CASAR COM UM VELHO,
QUE ME QUERO ENCHER DE RIR,
FAREI A CAMA BEM ALTA,
PARA O VELHO NÃO SUBIR.
QUADRA POPULAR:

PELOS MALES DESTA VIDA,
NINGUÉM NO MUNSO SE APURE,
NÃO HÁ BEM QUE NÃO ACABE,
NEM MAL QUE SEMPRE DURE.
Quadra Popular:

Hoje passei à tua porta,
As telhas tinham virtude,
Estava com louca doença,
Fiquei de boa saúde.
Quadra Popular:

Ó ribeira, ó ribeira,
Ó ribeira pé de freixo,
Posso morrer quando quiser,
Que penas a ninguém não deixo.
Quadra Popular:

Eu hei-de morrer de um tiro,
Ou de uma faca de ponta,
Se hei-de morrer amanhã,
Morra hoje que tanto monta.
Quadra Popular:

Coitado daquele que morre,
Se ao paraíso não vai,
Quem cá fica logo come,
Logo a pena se esvai.
Quadra Popular:

Se a morte se comprasse,
Ó meu Deus o que seria,
O rico comprava a morte,
Só o pobre é que morria
.
Quadra Popular:

Rapazes quando eu morrer,

Quem me há-de levar à cova,
Quatro rapazes solteiros,
Que eu rapariga nova.
Quadra Popular:

Rapazes quando eu morrer,
Levai-me devagarinho,
Á porta do meu amor,
Descansai um bocadinho.
Quadra Popular:

Não sei que mal eu fiz à sorte,
Para tal mal assim,
Não sei que bem fiz à morte
Que não se lembra de mim.
Quadra Popular:

Quando eu vim para este mundo,
Nas palhas nasci deitado,
Deus passou a mão por cima,
Já nasceu um desgraçado.
Quadra Popular:

Fui te ver estavas doente,
Perguntei-te se era dor,
Tu me disses-te que não,
Que era paixão pelo amor.
Quadra Popular:

Se me ouvires cantar,
Não digas que estou contente,
Eu canto para espalhar,

A dor que meu coração sente.
Quadra Popular:

Está uma roda parada,
Por falta de cantador,
Eu vou dar a minha entrada,
Siga a roda ao redor.
Quadra Popular:

Está uma roda parada,
Por falta de haver quem cante,
Eu vou dar a minha entrada,
Siga a roda para diante.
Quadra Popular:

Quero cantar mas não posso,
Tenho o meu amor diante,
Como os olhos me acena,
Que estou rouca que não cante.
Quadra Popular:

Se eu soubesse fazer teatro,
Como sei cantar cantigas,
Eu fazia rir as velhas,
Quanto mais as raparigas.
Quadra Popular:

Boa noite meu senhores,
Boas noites lhes estou a dar,
É da minha obrigação,
A todos cumprimentar.
Quadra Popular:

Canto eu e cantas tu,
Formamos uma capela,
Os anjos cantam no céu,
Nós cantamos cá na terra.
Quadra Popular:

Ó meu amor é um corno,
Daqueles mais retorcidos,
Hei-de-o por à janela,
Para convidar os amigos.
Quadra Popular:

Cantigas ao desafio,
Ninguém sabe mais do que eu,
O meu pai é serrador,
Serrou os cornos do teu.
Quadra Popular:

Ó fado que foste fado,
Já o foste já não és,
Já viras-te a cabeça,
Para onde tendes os pés.
Quadra Popular:

Ó fado que foste fado,
Roubador do meu dinheiro,
Hei-de-te mandar prender,
Às grades do limoeiro.
Quadra Popular:

A torre de São Julião,
Tão larga como cumprida,
Onde vão os prisioneiros,
Acabar com o resto da vida.
Quadra Popular:

Preso que estás na cadeia,
Porque não serras as grades,
Bem fala quem está de fora,
Com todas as liberdades.
Quadra Popular:

Se a penitência for grande,
Eu não a hei-de cumprir,
Hei-de falar com o meu amor,
Onde quera que o vir.
Quadra Popular:

Vai-te ingrato, vai-te ingrato,
Meu amor minha ilusão,
Vai-te gabar que me deixas,
No meio de uma prisão.
Quadra Popular:

Vai-te ingrato, vai-te ingrato,
Vai-te amor da minha vida,
Vai-te gabar que me levas,
No coração metida.
Quadra Popular:

Ó viva, ó triste vida,
Ó desarranjada,
Todos arranjam a vida,
Só eu não arranjo nada.
Quadra Popular:

Diga-me lá ó menina,
Se quer ser minha namorada,
Para mim as outras meninas,
São tudo menos que nada.
Quadra Popular:

Cinco sentidos nós temos,
De outros cinco precisamos,
Todos os sentidos perdemos,
Quando nos apaixonamos.
Quadra Popular:

Ó meu amor, meu amor,
Ó meu amor meu enleio,
Quando comecei a amar-te,
Tinha dez anos e meio.
Quadra Popular:

Ó meu amor quem te disse,
Que a dormir suspirava,
Quem te disse não mentiu,
Que eu por ti suspiros dava.
Quadra Popular:

Quem me dera ser colete,
Quem me der botão,
Para andar agarradinho,
Junto do teu coração.
Quadra Popular:

Menina que leva, leva,
Nessa sua arregaçada,
Levo copinhos de vidro,
Se os parto fico sem nada.
Quadra Popular:

O meu coração é vidro,
É vidro na tua mão,
O meu coração quebra,
Se o deixares cair ao chão.
Quadra Popular:

Já te dei meu coração,
Coisa que dar não podia,
Já te dei a melhor prenda,
Que no meu peito trazia.
Quadra Popular:

Ripa a vaga ao teu olmo,
Que eu ao meu já a ripei,
Tira de mim o sentido,
Que eu de ti já o tirei.
Quadra Popular:

A folha do olmo vira,
Vira que a vira o vento,
Só eu ainda não me virei,
Do primeiro intento.
Quadra Popular:

Um dia fui a uma feira,
Não sei como aquilo foi,
Comprei uma vaca leiteira,
Cheguei a casa era um boi.
Quadra Popular:

Eu casei-me lá em baixo,
Com uma mulher dos trabalhos,
Andava de feira em feira,
Arre burro quem quer alhos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Quadra Popular:

A mulher é o diabo,
Trás o inferno escondido,
Eu se fosse diabrete
Andava lá sempre metiido.
Quadra Popular:

As contas do meu rosário,
São peças de artilharia,
Fazem tremer o inferno,
Quando eu rezo ave-Maria.
Quadra Popular:

Já te amei um verão inteiro,
E metade de um inverno,
Agora nem ao menos ver-te,
Meu castiçal do inferno.
Quadra Popular:

Quatro com cinco são nove,
Já se faz uma novena,
Ó meu amor de tão longe,
Que por ti padeço pena.
Quadra Popular:

Quatro com cinco são nove,
Meu amor já sei contar,
Enganaste-me uma vez,
Não me tornas a enganar.
Quadra Popular:

Chapéu alto, chapéu alto,
Chapéu alto leva o vento,
Bem enganadinho anda,
Quem detrás de mim perde o tempo.
Quadra Popular:

Trazeis o chapéu baixinho,
Mandai-o a levantar,
Por baixo do chapéu andam,
Olhinhos de namorar.
Quadra Popular:

Palavras fora da boca,
São como pedras fora da mão.
As pedras vão e não vêm,
As palavras vêm e vão.
Quadra Popular:

Chamaste-me pedra caída,
Da parede esborralhada,
Se por ti sou esquecida,
Por outros sou desejada.
Quadra Popular:

Pedrinhas desta calçada,
Levantai-vos e dizei,
Quem vos passeia de noite?
Que de dia já eu sei.
Quadra Popular:

Domingo à tarde ouvi,
Ouvi passos na calçada,
Olhei para trás para ver,
Se eram os da minha amada.
Quadra Popular:

Não me atires com pedrinhas,
Que estou a lavar a loiça,
Atira-me com beijinhos,
De modo que ninguém oiça.
Quadra Popular:

Não me atires com pedrinhas,
Á barra da minha saia,
Minha mãe não me criou,
Para os meninos da praia.
Quadra Popular:

Quem ama padece muito,
Mais padece quem namora,
Mais padece quem não vê
O seu amor a toda a hora.
Quadra Popular:

Linda arvore é o chopo,
Que dá flor e não dá fruto,
Tenho ouvido dizer,
Quem ama padece muito.
Quadra Popular:

Salgueiro de ao pé do rio,
Porque razão não das fruto?
Veio o ano muito seco,
Estar verde já é muito.
Quadra Popular:

As penas dos passarinhos,
Não são como as da gente,
Quem me dera ter as deles,
E das minhas fazer presente.
Quadra Popular:

As penas dos passarinhos,
São brancas e amarelas,
Não me toques se não caio,
Não me tenho das canelas.
Quadra Popular:

Passarinho da ribeira,
Não sejas meu inimigo,
Empresta-me a s tuas asas,

Eu quero voar contigo.
Quadra Popular:

Ouvi cantar a rolinha
Lá para os lados da igreja,
Não há tiro que a mate,
Nem caçador que a veja.
Quadra Popular:

Sempre que eu vou à missa,
Faço um retiro no adro,
Vejo passar caras lindas,
Só tu és do meu agrado.
Quadra Popular:

Quem me dera um dia ter,
O que a minha alma deseja,
As portas do céu abertas,
Como estão as da igreja.
Quadra Popular:

Se fores domingo à missa
Põe-te em lugar que eu te veja,
Não faças andar meus olhos,
A correr pela igreja.
Quadra Popular:

Para o domingo que vem,
Hei-de ir à missa de dia,
Quero ver o meu amor,
Na porta da sacristia.
Quadra Popular:

Ó água que vais passando,
Por baixo da sacristia,
Diz à terra que não coma,
O meu amor de algum dia.
Quadra Popular:

Três dias antes de morrer,
Quero passear o adro,
Quero mostrar ao meu corpo,
Onde vai ser enterrado.
Quadra Popular:

Ó adro terra de igreja,
Onde se enterram anjinhos,
Ó terra que estais comendo,
Corpos tão delicadinhos.
Quadra Popular:

Ó adro terra de igreja,
Travesseiro de quem ama,
Junto das pedras do adro,
Faz o meu amor a cama.
Quadra Popular:

Eu amei a fita verde,
Amei-a na novidade,
Amo quem for de meu gosto,
Quem for da minha vontade.
Quadra Popular:

Os meus olhos são dois peixes,
Que andam numa lagoa,
Eles andam a chorar,
Por uma certa pessoa.
Quadra Popular:

Liberdade, liberdade,
Liberdade, não é boa,
Eu não tenho liberdade
De falar com uma pessoa.
Quadra Popular:

Liberdade, liberdade,
Quem a tem chama-lhe sua,
Eu não tenho liberdade
De noite sair à rua.
Quadra Popular:

Liberdade liberdade,
Quem a tem está bem contente,
Eu não tenho liberdade
De falar com toda a gente.
Quadra Popular:

O amor e o dinheiro,
Não pode andar encoberto,
O dinheiro é chocalheiro,
O amor desinquieto.
Quadra Popular:

Eu casei-me cativei-me,
Troquei a prata por cobre,
Troquei minha liberdade,
Por dinheiro que não corre.
Quadra Popular:

O meu amor enjeitou-me,
E eu dei-me por enjeitada,
Agora todos me chamam,
Viúva sem ser casada.
Quadra Popular:

O mar também é casado,
O mar também tem filhinhos,
É casado com areia,
Os filhos são os peixinhos.
Quadra Popular:

Ó mar tu és um leão,
Que tudo queres comer,
Não sei como os homens podem,
As tuas ondas vencer.
Quadra Popular:

O Mara também é casado,
O mar também tem mulher,
É casado com areia,
Bate nela, quando quer.
Quadra Popular:

Já corri o mar em roda,
Nas asas de um cegonha,
Quando nasceu a mulher,
Nasceu a pouca vergonha.
Quadra Popular:

Já corri o mar em roda,
No rabo do bacalhau,
Quando nasceram os homens,
Nasceu todo o bicho mau.
Quadra Popular:

Se o mar tivesse varandas
Ou escadinhas de pau,
Ia ver o meu amor,
Á pesca do bacalhau.
Quadra Popular:

Toda a vida desejei,
Ao que não posso chegar,
Uma casa no Brasil,
Com janelas para o mar.
Quadra Popular:

Eu canivete de prata,
Caiu ao mar afundou-se,
Vai amor onde quiseres,
Quero-te bem acabou-se.
Quadra Popular:

Ainda agora vim do mar
De remar contara amare,
Já estou pronto para bailar,
O vira da Nazaré.
Quadra Popular:

Ainda agora vim do mar
De remar contara amare,
Já estou pronto para bailar,
O vira da Nazaré.
Quadra Popular:

Ó mar que não derretes
Ó navio que não partes,
Ó amor que não fizeste,
O que comigo trataste.
Quadra Popular:

Ó mar sagrado ladrão,
Quantas almas tens em ti,
Já lá tens o meu amor,
Ainda tens vingança em mim.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Quadra Popular:

No meio daquele mar,
Está uma pedra comprida,
Com um letreiro que diz:
Quem lá vai arrisca a vida.
Quadra Popular:

As ondas do mar são brancas,
No meio são amarelas,
Coitadinho de quem nasce,
Para morrer no meio delas.
Quadra Popular:

Fui à praia ver o mar,
Para ver o que lá ia,
Vim de lá admirado,
Com as ondas que o mar fazia.
Quadra Popular:

Já me não querem no mundo,
Já fiz a casa no ar,
As paredes de papeis,
Janelas de namorar.
Quadra Popular:

Semeei o bem te quero,
Á beira do areal,
Veio o vento e levou-o,
Não te quero bem, nem mal.
Quadra Popular:

O amarelo desbota,
O vermelho perde a cor,
Também tu minha menina
Já me perdes-te amor.
Quadra Popular:

Separai, separai,
O branco do amarelo,
Também a mim me separaram,
De quem queria e quero.
Quadra Popular:

Amarelo, amarelo,
Amarelo, linda cor,
Falam mal do amarelo,
Falam mal do meu amor.
Quadra Popular:

Fui hoje ao supermercado,
E comprei um super queijo,
Encontrei o meu amado,
E dei-lhe um super beijo.
Quadra Popular:

Menina que está à janela,
Comendo pão com queijo,
Limpa a baba da boquinha,

Que eu quero de um beijo.
Quadra Popular:

Eu gosto muito de ti,
Embora penses que não,
Pois a boca sempre cala,
O que sente o coração.
Quadra Popular:

Quem tem telhados de vidro,
Não atirar pedradas,

Eu fui atirar às tuas,
Achei as minhas quebradas.
Quadra Popular:

Ó pais que tendes as filhas,
Não faleis das mal fadadas,
Que as que andam na triste vida,
Também nasceram honradas.
Quadra Popular:

Torradinhas, café com leite,
Minha mãe não quero mais,
Por causa das torradinhas,
Fogem as filhas aos pais.
Quadra Popular:

Quando eu era solteirinha,
Usava fitas e laços,
Agora que estou casada,
Trago os filhos nos braços.
Quadra Popular:

Cravos brancos são beijinhos,
Cravos roxos são abraços,
Hei-de morrer de paixão,
Se não cair nos teus braços.
Quadra Popular:

Debaixo do cravo roxo,
Anda o amor encoberto,
Anda o mundo suspeitando,
Para saber ao certo.
Quadra Popular:

Deitei o cravo ao poço,
Abertinho e fechou-se,
Diga o mundo o que disser,
Quero te bem e acabou-se.
Quadra Popular:

Ó meu lencinho vermelho,
Que tiras-te a cor ao cravo,
Gostava de ser para Deus,
Como tu és do meu agrado.
Quadra Popular:

Cravo branco lealdade,
De leal eu me perdi,
Se alguém no mundo se perde,
Sou eu por causa de ti.
Quadra Popular:

As estrelas que o céu tem,
Desfa-las todas o vento,
Só não desfaz a imagem,
Que trago no meu pensamento.
Quadra Popular:

Eu pus-me a contar as estrelas,
Das escadas da tribuna,
Contei oite, sete e seis,
Cinco, quatro, três, dois uma.
Quadra Popular:

Eu pus-me a contar as estrelas,
Eu contei cento e doze,
Com mais duas nos teus olhos,
Ficaram cento e quatorze.
Quadra Popular:

A lua vai para Braga,
Leva estrelinhas no meio,
É estilo de quem ama,
Há noite dar um passeio.
Quadra Popular:

Á beira do rio nascem,
Violetas ao comprido,
Esta me noite me disseram,
Que não casavas comigo.
Quadra Popular:

Esta noite sonhei eu,
Coma minha prima Aurora,
De manhã quando acordei,

Ainda tinha a vela de fora
Quadra Popular: 
Esta noite sonhei eu, 
Com a minha prima Teresa, 
De manhã quando acordei, 
Ainda tinha a vela acesa.
Quadra Popular:

Esta noite sonhei eu,
Foi uma barbaridade,
Só agora é que eu achei,
Amor de minha vontade.
Quadra Popular:

Esta noite sonhei eu,
Contigo minha beleza,
Acordei estava na cama,
Em sonhos não è firmeza.
Quadra Popular:

Esta noite sonhei eu,
Contigo minha menina,
Que estava na tua cama,
Acordei estava na minha.
Quadra Popular:

Esta noite vai chover
Uma chuva miudinha,
Se chover na tua cama
Amor vem deitar-te à minha.
Quadra Popular:

Esta noite vai chover
Uma chuva rigorosa,
Eu hei-de-me livrar dela,
Na tua cama ó Rosa.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quadra Popular:

O meu amor coitadinho,
Chora de noite na cama,
Chora que já foi amado,
E agora ninguém o ama.
Quadra Popular:

Esta noite vai chover,
Uma chuva miudinha,
Eu hei-de-me livrar dela,
Na tua cama menina.
Quadra Popular:

Ó que noitinha tão bela,
Nem chove, nem faz luar,
Ó que noitinha tão bela,
Para colher e semear.
Quadra Popular:

Não à sol como o de Maio,
Nem luar como o de Janeiro,
Nem cão como o de regalo,
Nem amor como o primeiro.
Quadra Popular:

Ó lua vai-te deitar,
Há cama do meu amado,
Dá-lhe beijinhos por mim,
Se ainda estive4r acordado.
Quadra Popular:

Ó lua vai-te deitar,
Há cama do meu amado,
Dá-lhe beijinhos por mim,
Se ainda estiver acordado.
Quadra Popular:

Subi ao céu num fio de ouro,
Numa nuvem fiz encosto,
Se não querias ser minha,
Não nascesses a meu gosto.
Quadra Popular:

O meu amor ontem à noite,
Pela vida me jurou,
Que se ia deitar ao mar,
Se ele é tolo, eu não sou.
Quadra Popular:

O meu amor ontem à noite,
Chamou-me descoradinha,
Os anjos do céu me levem,
Se esta cor não era a minha.
Quadra Popular:

Ontem à noite fui a elas,
Com cinco tostões de prata,
Fui a pé vim a cavalo,
Não há coisa mais barata.
Quadra Popular:

Ontem à noite há meia-noite,
Uma menina mais eu,
Coitadinha não sabia,
Todo o trabalho foi meu.
Quadra Popular:

Ainda não é meia-noite,
Ainda não são doze horas,
Ainda te não disse adeus,
Meu amor para que choras.
Quadra Popular:

Pelo toque da viola,
Já sei as horas que são,
Ainda não é meia-noite,
Já passei um bom serão.
Quadra Popular:

Viola minha viola,
Minha querida companheira,
Não foi uma vida curta,
Foi uma vida inteira.
Quadra Popular:

O tocador da viola,
Tem as unhas de marfim.
A viola não me agrada,
Mas o tocador sim.
Quadra Popular:

Doze mortos estão deitados,
Por cima dez vivos estão,
Quando os vivos tocam nos mortos,
Os mortos gemidos dão.
Quadra Popular:

Ó tocador da guitarra,
Repenica-me esses dedos,
Se quebrares as cordas,
Tens aqui os meus cabelos.
Quadra Popular:

Indo eu por ai abaixo,
Á caça do coelho,
eu cacei uma menina,
Pela trança do cabelo.
Quadra Popular:

Se passares pelo adro,
No dia do meu enterro,
Diz à terra que não como
As tranças do meu cabelo.
Quadra Popular:

Cabelo branco é saudade,
Da mocidade perdida,
Às vezes não é da idade,
São os desgostos da vida.
Quadra Popular:

Não cortes o teu cabelo,
Porque eu gosto dele assim,
Penteia-te à minha moda,
Penteia-te só para mim.
Quadra Popular:

Lindo cabelo menina,
Esse que vós penteais,
Quanta gente se admira,
Com a afeição que lhe dais.
Quadra Popular:

Tens o cabelo comprido,
Pelas costas aos anéis,
Por causa desse cabelo,
Passo tormentos cruéis.
Quadra Popular:

Desenrola o teu cabelo,
Não o tragas enrolado,
Desengana o teu amor,
Não o tragas enganado.
Quadra Popular:

Julgavas por me deixares,
Que eu cortava o meu cabelo,
Cada vez mais penteado,
Por cima laço vermelho.
Quadra Popular:

Já cortei o meu cabelo,
Já lá vai a minha gala,
A culpa tive-a eu,
Dar ouvidos a quem fala.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Quadra Popular:

Tenho tosse no cabelo,
Dor de dentes no cachaço,
Amargam-me as sobrancelhas,
Não vejo nada de um braço.
Quadra Popular:

Eu lavei o meu cabelo,
Com a água da verbena,
Meu cabelo cresce, cresce,
E a minha alma pena, pena.
Quadra Popular:

De baixo do teu cabelo,
Andam piolhos escondidos,
Mesmo assim eu gosto de ver,
Os teus cabelos cumpridos.
Quadra Popular:

Menina não seja vária,
Nem seja tão bandoleira,
Porque o cabelo é a gala,
De uma menina solteira.
Quadra Popular:

O cabelo entraçado,
Serve de qualquer maneira,
De dia serve de gala,
E à noite de travesseira.
Quadra Popular:

Já passei o mar a nado,
Nas ondas do teu cabelo,
Agora posso dizer,
Já passei o mar sem medo.
Quadra Popular:

Nas ondas do teu cabelo,
Vou-me deitar a afogar,
Vou mostrar ao mundo todo,
Que há ondas sem ser no mar.
Quadra Popular:

Esses cabelos da testa,
São os que te dão a graça,
Parecem correntes de ouro,
Onde o meu olhar se enlaça
.
Quadra Popular:

Que lindo vaso de flores,
Tem meu amor na escaleira,
Para prender os meus olhos,
Quando passam à carreira.
Quadra Popular:

Há porta do meu amor,
Está um laço de algodão,
Todos passam e não caiem,
Só eu caí na prisão.
Quadra Popular:

Rua abaixo, rua acima,
Toda a gente me quer bem,
Só a mãe do meu amor,
Não sei que raiva me tem.
Quadra Popular:

Esta rua é cumprida,
Ladrilhada ao compasso,
Não há pedra que não bula,
Quando eu por ela passo.
Quadra Popular:

Esta rua é cumprida,
Ladrilhada mal segura,
Quando eu por ela passo,
Não há pedra que não bula.
Quadra Popular:

Se esta rua fosse minha,
Eu mandava-a a ladrilhar,
Com pedrinhas de brilhantes,
Para o meu amor passar.
Quadra Popular:

Já tive na minha rua,
Com quem ia namorar,
Agora passo por ela,
Como o pardal a voar.
Quadra Popular:

As mulheres quando se encontram,
Só falam na vida alheia,
Começam no quarto minguante,
E acabam na lua cheia.
Quadra Popular:

A mulher do meu vizinho,
É uma santa mulher,
Dá os ossos ao marido,
Come a carne com quem quer.
Quadra Popular:

Desgraçada como eu,
No mundo não há ninguém,
Eu já nasci desgraçada,
Do ventre de minha mãe.
Quadra Popular:

A mulher é desgraçada,
Até no vestir da saia,
Não há desgraça nenhuma,
Que aos pés da mulher não caia.
Quadra Popular:

O coração da mulher,
Anda de terra em terra,
É como um copo de vidro,
Com qualquer arzinho quebra.
Quadra Popular:

Chamaste-me pêra podre,
Minha maça mapodrica,
A pêra podre se come,
E a maça de podre se atira.
Quadra Popular:

Toda a moça que é bonita,
Nunca houvera de nascer,
É como a pêra madura,
Todos a querem comer.
Quadra Popular:

Minha mãe ó minha mãe,
Não se pode ser mulher,
Se é bonita agrada a todos,
Se é feia ninguém a quer.