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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Quatro bens ...

Quatro bens trago comigo,
Que jamais quero perder,
Com alegria os canto,
Em verso os vou dizer.

Eu gosto de repartir,
O pouco que Deus me deu,
Pelo pobre que tem fome,
Por quem tem menos que eu.

Quem vive na solidão,
Eu lhe faço companhia,
Nem que seja só uma hora,
Por vezes parece um dia.

Conselhos são verdadeiros,
Muitos conselhos eu dou,
A quem do caminho certo,
Um dia se desviou.

Gosto muito de sorrir,
Brincar e cantar também,
Junto de um coração triste,
Que já sorrisos não tem.

Sinto-me feliz assim,
Assim eu gosto de ser,
Deus no céu diz-me assim,
Como é lindo o teu viver.

Ferreira Augusto
Zeca soldado

Pobre soldado recruta,
Não come a fruta,
Tem medo da sida,
O Zé não se acautelou.
Ontem há noite andou,
Por ai na má vida!
Quando chegou ao cartel,
Perguntou-lhe o furriel:
-Onde foste Zé?
- Esta noite eu fui ao fado,
Todo engravatado,
Mas sem o boné.
Meteu e tirou,
E ficou doente,
A vida estragou,
Não volta a ser gente,
Meteu e tirou,
Está tramado,
Não volta a ser gente,
O Zeca soldado.
A sida diz o doutor,
Que nos faz por,
A cabeça à roda,
Esta doença da sida,
É uma ferida,
Que hoje anda na moda.
Pobre do Zeca soldado,
Está tramado com este mal.
Doença que não tem cura,
Esta na dependura,
Lá no hospital.
Meteu e tirou,
E ficou doente,
A vida estragou,
Não volta a ser gente,
Meteu e tirou,
Está tramado,
Não volta a ser gente,
O Zeca soldado.
Lá pelo mundo inteirinho,
Quem come o rabinho pode engasgar.
Rapazes tende juízo,
Este é um aviso,
Que vos estou a dar.
Mulheres brutas na viela,
Vão para a janela,
Para o povo a dizer:
- Nossa vida está perdida,
Por causa da sida,
É um risco meter.
Meteu e tirou,
E ficou doente,
A vida estragou,
Não volta a ser gente,
Meteu e tirou,
Está tramado,
Não volta a ser gente,
O Zeca soldado.


Ferreira Augusto
Fredo Gaiteiro

Já morreu Fredo Gaiteiro,
Que na minha aldeia havia,
Contam-se mais de um milhar,
Os roubos que ele fazia.

Tocava gaita-de-foles,
Com prazer e alegria,
Era chamado para tocar,
Para festas e romarias.

Quando vinha para casa,
Sempre nos bolsos trazia,
Ou facas, ou guardanapos,
Ou copos por onde bebia.

Tinha em casa uma gaveta,
Onde essas coisas guardava,
A mulher de tudo sabia,
E não lhe dizia nada.

Na adega tinha enxadas,
Muito ferro enferrujado,
Martelos, pás e machadas,
Que ao povo tinha roubado.

Qualquer coisa lhe servia,
Para esconder na mão,
Na adega escondia,
Apodrecendo em montão.

Há pouco tempo morreu,
Para o além ele partiu.
Morreu e o que roubou,
Para nada lhe serviu.


Ferreira Augusto
O amigo fiel

Era uma vez dois amigos de infância.
Um dele um certo dia cometeu um crime tendo sido julgado e condenado à morte por decapitação.
Depois de estar algum tempo na prisão, foi marcado o dia da sua execução.
No dia marcado o juiz perguntou-lhe: - Meu rapaz tu vais ser executado, mas antes pergunto-te se tens algum desejo que quisesses ver realizado antes de morreres?
- Eu gostaria de me despedir dos meus familiares – Disse o condenado.
- Pois bem meu rapaz, vamos conceder-te esse desejo, mas tens de deixar um amigo no teu lugar, pois se tu não apareceres na hora marcada o teu amigo será executado em teu lugar! Disse o juiz.
- Eu tenho um amigo que poderá ficar no meu lugar enquanto me ausento. Disse o condenado
E assim foi, o amigo de infância do condenado ficou no seu lugar enquanto este se foi despedir da sua família.
Perto da hora da execução, o juiz perguntou ao amigo do condenado se ele iria aparecer e o amigo disse-lhe que ele apareceria, pois tinha-o como amigo fiel e confiava na sua palavra.
As horas passavam e a tensão aumentava….
Chegada a verdadeira hora o condenado não tinha aparecido, então o juiz deu ordem para o amigo ser executado. Já de joelhos e com o pescoço prestes a ser cortado, eis que aparece o condenado a gritar: - Soltem-no em que já estou aqui!!!!
O juiz emocionado, por ver tal fidelidade abraçou-se aos dois rapazes e disse: - A partir de agora não são só dois amigos, seremos três!
E assim nenhum foi executado.
A cobra e a cegonha

Numa tarde quente de primavera uma cobra saiu do seu buraco, onde tinha estado hibernada durante o inverno para se estender ao sol.
Ao mesmo tempo uma cegonha sobrevoava os céus, ao ver a cobra estendida ao sol pensou para com ela – Já vou arranjar merenda para o meu jantar!!!
Aproximou-se então da cobra , com o objectivo de caçá-la. Ao dar a primeira bicada na cobra esta enroscou-se em volta do pescoço da cegonha matando-a em poucos segundos.
Foi então que a cobra disse: - Eras espertas, vinhas para calçar e acabas-te por ser caçada!!!
A lebre e o sapo

Era uma vez uma lebre que enquanto andava a passear a ver se encontrava comida, encontrou um sapo, ao vê-lo caminhar tão vagarosamente disse: -Então amigo não andas mais do que isso?
- Ando devagar mas chego sempre. – Respondeu o sapo.
- Queres fazer uma aposta comigo a ver quem chega primeiro? – Propôs a lebre.
- Aceito! Diz o local! Aposto que vou ganhar. - Disse o sapo.
- Há! há!Há! Isso querias tu, olha bem para as minhas pernas.
E desatou a correr.
O sapo também foi caminhando, no seu passo lento…
A meio do caminho a lebre encontrou uma horta com umas couves muito tenrinhas e viçosas, esquecendo-se da aposta que havia feito com o sapo, foi a correr para a horta.
Comeu, comeu….e adormeceu….
Quando acordou voltou a lembrar-se da aposta que tinha feito com o sapo! De nada lhe serviu correr, correr, quando chegou ao local o sapo já lá estava à sua espera.
Foi então que o sapo lhe disse: - De nada te serviram as tuas pernas, pois não é quem corre muito que chega primeiro.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O velho, o rapaz e o burro

O povo de tudo fala,
Tenha ou não tenha razão,
Vou-lhes contar uma história,
Em prova desta agressão.

Indo um velho campónio,
Do seu monte para o povoado,
Levava o neto que tinha,
No seu burrinho montado.

Mas logo ouvem dizer,
Olha aquele que tal é,
O rapaz forte a cavalo,
E o pobre velho vai a pé!

O velho pára e disse:
- Apeia-te meu rapaz,
Eu vou montar para o burrinho,
E tu a pé caminha atrás.

Logo adiante alguém diz,
Que patetice tão rata,
Um marmanjão a cavalo,
E o pobre garoto à pata.

O velho disse para o neto:
Que é um rapazinho muito novo
-Monta cá para o burrinho,
Haver o que é que diz o povo!

E logo o povo diz:
- Apeiem-se almas de breu,
Querem matar o burrinho,
Aposto que não é seu!

O velho disse par o neto:
Que se chamava José,
Pois vá o burro sem carga,
E nós dois vamos a pé.

E logo o povo disse:
- Toleirões calcados na lama,
Para que vos serve o burrinho,
Dormis com ele na cama!?

Já tudo nós dois fizemos,
Agora que mais nos resta?
Pois peguemos no burro às costas,
Fazemos ainda mais esta!!!

O povo mal vê aquilo,
Grita com grande sussurro,
Olhai dois doidos varridos,
Tornando-se donos do burro!

O velho para e exclama
Dá um suspiro profundo,
Por mais que a gente se mate,
Não cala as bocas ao mundo.

O velho diz para o neto:
- Que nos sirva de lição,
Pois bem mais tolo é,
Quem ao mundo dá satisfação.
A mentira

Uma certa noite estavam vários amigos reunidos numa taberna a contar mentiras uns aos outros.
Foi então que um deles disse: - Há dias estava eu no meio da floresta onde vivem vários animais ferozes e a arma que eu trazia era uma carabina, entretanto à minha frente apareceu um leão, eu de sangue frio apontei a minha carabina para o leão.
- Se aquele tipo mata o leão espeto-lhe já com este copo. – Disse um outro sujeito que estava sentado em outra mesa.
- Boa noite meus senhores foi a primeira noite que errei um tiro – Disse o sujeito que estava a contar a história.
O suicídio do Senhor Pereira

Era uma vez um homem chamado Pereira, desgostoso com a vida um certo dia pensou suicidar-se. Saiu de casa e foi à loja da esquina, lá comprou um acorda e um jornal e seguiu caminho até ao jardim.
Lá olhou para uma arvore e começou a magicar como suicidar-se….
Meteu a corda debaixo dos braços e foi pendurar na arvore ao mesmo tempo balouçava-se e lia o jornal.
Entretanto o senhor Alberto um seu amigo passava pelo jardim e viu o senhor Pereira na arvore a balouçar-se e a ler o jornal.
Admirado perguntou-lhe: - Então senhor Pereiro o que faz ai em cima?
- Estou a enforcar-me – Respondeu o senhor Pereira.
Rindo-se exclamou o senhor Alberto: - Mas se se quer enforcar deite antes a corda pelo pescoço!!!!
- Mas isso eu já experimentei, mas falta-me a respiração – Respondeu o senhor Pereira.
O rato do moinho e o rato do campo

Um certo dia o rato do moinho gordo, de pelo lustrossinho farto de estar naqueles aposentos foi dar uma volta pelo campo. Andando no seu passeio encontrou-se com o seu irmão do campo este era magrinho ao contrario dele.
Quando o rato do moinho chegou à beira do rato do campo disse-lhe: - Então rato do campo estas tão magrinho, aqui não há comida? Olha para mim que gordinho, lá no moinho comida não falta!!!! Não queres vir comigo até lá??
- Vou sim – Disse o rato do campoi
E lá foram eles até ao moinho.
Chegados ao moinho um gato caçou o rato do moinho.
Espantado o rato do campo disse para o rato do moinho: - Estas a ver rato do moinho mais vale ser do campo magrinho, do que ser do moinho gordinho e pelo gato papadinho!!!

E logo fugiu para o campo!
A abelhinha e a pomba

Num lindo dia de primavera andava uma abelhinha a voar de flor em flor para a apanhar o néctar para o seu cortiço, subitamente começou a trovejar e a chover torrencialmente fazendo com que a abelhinha cai-se num charco de água.
Já prestes a afogar-se uma pomba que ali passava reparou na aflição da abelhinha e rapidamente foi em busca de uma palhinha para poder salvar a pobre da abelhinha.
E assim foi, com a palhinha salvou a abelhinha retirando-a deste modo da água!
Entretanto o sol voltou a brilhar, tendo a abelhinha secado as suas asinhas levantou voo.
Voando, voando avistou um caçador que tinha a arma apontada para uma pomba!
Aflita a abelhinha voou a toda a velocidade para ferrar o caçador e salvar a pomba!
Assim foi o caçador antes de disparar foi ferrado pela abelhinha, com a aflição deixou cair a arma e a pomba voou.
O vento e o sol

Um certo dia o vento e o sol encontraram-se, começando a conversar sobre qual dos dois seria o mais forte!
Disse então o vento: - Eu sou o mais forte pois por onde passo levo tudo, arranco arvores, derrubo casas e até aldeias inteiras!!!
- Pois eu também sou muito forte, faço secar as fontes, os rios, a natureza. – Disse o sol.
Estando nestas conversas avistaram um homem ao longe e fizeram uma aposta: -Vamos apostar a ver quem consegue tirar o casaco que o homem que vem lá trás vestido!! – Disse o vento.
- Começa então tu vento!!! – Propôs o sol.
O vento começou a soprar, soprou, soprou, quanto mais soprava mais o homem tentava apertar o casaco!!!
- És tão forte vento, que nem conseguis-te que o homem tirasse o casaco!!!! Queres ver como eu em poucos instantes faço com que ele retire o casaco? Vê bem…
Então o sol começou a aquecer por cima do homem. Aqueceu, aqueceu e logo logo o homem despiu o casaco! Ganhando deste modo o sol a aposta que fora feita.
O cantador

Numa certa noite, estava um fadista a cantar fado numa taberna, toda a gente que o ouvia o elogiava muito, até que um deles lhe perguntou: - Óh amigo você realmente canta bem o fado, é um bom artista, está de parabéns!
- Eu até sou capaz de cantar com o diabo ao desafio à meia-noite. Disse o cantador.
Nessa mesma noite o cantador seguiu caminho a pé. Caminho fora, por volta da meia-noite encontrou um sujeito no meio do olival.
- O senhor anda por aqui sozinho a estas horas?- Perguntou o sujeito.
- É verdade! Disse o cantador.
- Então você é o tal que canta com o diabo ao desafio à meia-noite?- Perguntou o sujeito.
- É verdade sou eu mesmo! – Exclamou o cantador.
- Aceita um cigarrinho? Perguntou o sujeito.
Conversa puxa conversa o sujeito e após fumarem o cigarro o sujeito, que afinal era o diabo disfarçado propôs ao cantador que cantassem um fado.
- Comece você primeiro, disse o diabo.
- Eu quando me deito na cama faço o sinal da cruz e para renegar o demónio, santo nome de Jesus.
Ao fim de cantar a quadra o diabo findou-se, sem deixar qualquer rasto.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O porco criado ao caco

Era vez uma beata que vivia numa aldeia das Beiras.
Um certo dia uma vizinha oferecera-lhe um leitão e esta criou-o ao caco.
Criado deste modo o porco tornou-se um fiel companheiro da sua dona, para onde esta ia lá ia o porco com ela.
Cresceu, cresceu e numa noite quando a dona foi à igreja tratar da mesma o porco foi atrás dela entrando sem a beata se ter apercebido.
Depois de passar vistoria à igreja a beta foi-se embora para casa, tendo fechado a porta, deixando o porco lá dentro.
Entretanto o porco vendo-se sozinho dentro da igreja, começou a correr de um lado para o outro fazia um grande barulho que se ouvia de fora. Minutos depois cá fora passava uma outra beata que ouvindo tal basqueiro, foi falar com o padre dizendo-lhe que o diabo andava dentro da igreja, dito isto ambos foram confirmar.
Ao lá chegarem o padre constatou que era verdade o que a beata dissera, então decidiram fazer um procissão e rezar uma ladainha, com o objecto de excomungar o diabo.
E lá foi a aldeia toda… o padre na frente e a população atrás foram aproximando-se da porta da igreja, o porco assustado ficou caladinho.
- Ao abrir a porta à primeira palavra que eu disser, vocês respondem “Amén” – Disse o padre
E assim foi…
Mal abriu a porta o porco meteu-se entre as pernas do padre, levando-o no lombo igreja fora gritando o padre – Ai que me leva o diabo!!! Ai que me leva o diabo!!!
E o povo respondia – Amém.
O Viajante...

Um certo dia um viajante que tinha o habito de dar uma esmola para os santos e outra para o diabo foi almoçar a uma hospedaria onde comeu uma omeleta, quando foi para pagar não tinha dinheiro, mas como era conhecido da dona combinou com ela que ficaria a dever, mas que em poucos dias iria pagar-lhe.
Entretanto passaram-se seis ou sete anos e o viajante nada de aparecer.
Numa tarde de inverno o viajante passou de novo pela hospedaria para pagar a divida de há anos atrás, mas foi surpreendido pela dona quando esta lhe disse que a divida havia aumentado.
- Mas porque motivo aumentara, perguntou o viajante?
Foi então que a dona da hospedaria lhe explicou: - Meu senhor é fácil explicar, imagine dos quatro ovos que comeu naquele dia na omeleta poderiam ter nascido quatro pintainhos, esses pintainhos poderiam mais tarde ter posto mais ovos, e desses ovos teriam nascido mais pintainhos, posto isto em sete anos, faça a conta!!!!
- Pois sendo assim não pago, prefiro ir para tribunal!!! Disse o viajante.
E assim foi tendo-se ido embora.
No mesmo dia o viajante encontrou-se com um desconhecido, que era o diabo disfarçado que lhe perguntou: - Óh viajante, tu que tens homem, vais tão triste?”
- Pois vou, aconteceu-me uma boa, comi há sete anos quatro ovos numa omeleta naquela hospedaria da esquina e agora a mulher apresentou-me uma conta muito elevada, uma vez que na altura fiquei-lhe a dever. Agora vamos para tribunal, pois é absurdo o que ela me pede. Disse o viajante.
- Óh homem não te preocupes, eu serei o teu advogado nessa confusão! Disse o diabo disfarçado.
Chegado o dia do julgamento todos estavam sentados na sala de audiências, só o advogado do viajante ainda não tinha aparecido.
Cansados de esperar chega então ele com um assador de castanhas assadas, todo sujo entrou pela sala a dentro.
- Mas afinal quem é o senhor?- Perguntou o juiz.
- Eu sou o advogado do senhor viajante! – Respondeu o diabo disfarçado.
- E vem nesses preparos e atrasado? – Perguntou o juiz.
- Senhor juiz eu peço desculpas por chegar atrasado, mas estive a assar este assador de castanhas, que são para eu e uns amigos irmos semear um souto - Respondeu o diabo disfarçado.
- Mas de castanhas assadas não podem nascer castanheiros! – Exclamou o juiz.
- Pois é verdade senhor juiz, pois se de castanhas assadas não nascem castanheiros de ovos fritos, também não nascem pintos!!!
E ficou resolvida a questão.
O cão fiel

Era uma vez um senhor rico que tinha um cão, ao qual dava carinho e tratava-o como um elemento da família.
Um certo dia o cão morreu e dono como gostava muito do cão, quis fazer-lhe um funeral, como se de uma se tratasse. Foi então falar com o padre para que fizesse o funeral, o padre respondera-lhe que não podia realizar esse funeral, porque se tratava de um cão e não de uma pessoa, no entanto, havia uma possibilidade de o fazer mas o dono do cão teria de ir dormir três noites ao cemitério.
Na primeira noite verá , na segunda noite ouvirá na terceira noite sentirá disse-lhe o padre.
O dono do cão perguntou ao padre se ele pagasse bem se haveria alguém que lhe fosse lá dormir aquelas três noites.
O padre respondeu-lhe que sim, desde que ele desse uma bandeja cheia de livras de ouro.
Venha comigo, disse o dono do cão. E foram até sua casa, onde lhe encheu a bandeja de livras de ouro, dizendo para o padre: - Vá lá dormir você ao cemitério, que eu já lhe paguei, não devo nada.”
A raposa tramou o lobo

Era uma vez uma raposa que andava à procura de comida. Ao passar junto de um poço reparou que haviam dois balde pendurados sobre um pau de um lado ao outro do poço, um em cada ponta, estes eram utilizados por um lavrador para regar a horta.
A raposa pensando que dentro de um deles haveria de comer saltou para cima dele e este com o peso caiu para dentro do poço juntamente com a raposa dentro ficando o outro balde suspenso em cima.
A raposa estava aflita porque não conseguia sair do poço. Horas depois ainda dentro do poço, junto deste passou um lobo. A raposa sentindo a presença do lobo gritou:
- Compadre lobo o que andas a fazer por aqui?
- Vou ver se encontro um cordeiro novo para o meu jantar, respondeu o lobo.
- E tu que estás ai a fazer perguntou-lhe o lobo.
- Eu estou aqui numa adega tão fresquinha e com comida que também está uma delícia! Não queres vir provar? – Disse a raposa.
- E como queres que eu já para ai? Perguntou o lobo
- Não vês esse balde ai em cima? Salta para dentro dele e vais ver como chegas cá num instante.
O lobo assim fez, meteu-se no balde e como pesava mais que a raposa conseguiu levantar a raposa que estava dentro do outro balde dentro do poço, tendo ao mesmo tempo ele ficado dentro poço e a raposa astuta ao chegar ao cima saltou para a terra rindo do lobo!!!
O galo e o companheiro

Era uma vez um galo que tinha um cão como companheiro.
Um certo dia pensaram ir dar uma volta pelo campo e assim fizeram, perdidos na beleza da natureza quando deram conta já era noite e não enxergavam para voltar.
Foi então que procuraram uma arvore para passar a noite, o galo esvoaçou e foi para cima de um galho da arvore o cão meteu no tronco da árvore e ali passaram a noite.
De manhã cedo o galo começou a cantar tendo sido ouvido por uma raposa que ali passava perto.
Intriga a matreira da raposa pensou para com ela: “ Já vou arranjar merenda” e foi ter junto da árvore onde estava o galo.
Ao lá chegar disse para o galo: “Olá amigo galo! Madrugas a cantar. Sabes galo agora saiu uma lei que diz que todos os animais devem ser amigos.
Não acredito. Disse o galo.
É verdade repetiu a raposa, vem até cá em baixo e vamos tomar o pequeno-almoço juntos.
O galo intrigado disse-lhe que sim só que antes pediu à raposa que acordasse o seu companheiro que estava no tronco da arvore.
A raposa foi espreitar e de lá de dentro saiu o cão a ladrar atrás dela, tentando dar-lhe uma coça.
E de cima da arvore gritava-lhe o galo: “Raposa mostra-lhe as leis, mostra-lhe as leis”.
Filha neta e nora

Era uma vez senhora rica que vivia numa cidade num grande palácio e com o filho.
Um certo dia disse para o filho que precisava de uma criada.
Foi então que lhe indicaram uma rapariga da aldeia muito seria e leal.
Como era muito bonita, o filho tentou namora-la e dormir com ela, mas como era pobre e muito seria não quis e foi falar com a patroa para que lhe fizesse as contas pois queria ir-se embora.
A patroa perguntou porque se queria ir embora, e a rapariga respondeu-lhe que era por causa do filho dela, pois queria que dormisse com ele.
A patroa embasbacada, disse então então à rapariga que naquela noite fosse dormir ao quarto dela e ela iria dormir ao quarto da emprega, assim foi.
Pela noite fora o malandro do rapaz dirigiu-se ao quarto da empregada a pensar que ela lá estaria e no final de contas dormiu com a sua própria mãe ficando a mãe grávida do filho.
O tempo passou e a criança nasceu, sem que o rapaz soubesse do que tinha acontecido, deu-a a criar a outra pessoa
Uns anos depois já a criança era crescida a mãe foi busca-la e a rapariga começou a frequentar a casa da mãe verdadeira sem saber, o rapaz seu pai desconhecendo que o era começou a gostar da rapariga que era sua filha, acabando por namorar e casar com ela.
Um ano depois nascera um bebe, filho de ambos e uma vez quando o bebe estava a chorar a avó que conhecia toda a história disse: “filha, neta e nora embala o teu filhinho que chora”.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Não condenar sem provas

Era uma vez uma senhora muito rica, que vivia numa cidade onde tinha um grande palácio e como era rica tinha uma criada na qual depositava muita confiança.
Um dia a senhora deu por falta de uma jóia pela qual tinha muita estima, pois tinha-a herdado da sua avó.
Desconfiada começou por perguntar à criada se tinha visto a sua jóia, a criada respondera-lhe que não tinha visto nada!!
A patroa continuava dizendo: - De certeza que foste tu que a roubas-te pois no meu quarto não entra mais ninguém.
A criada disse-lhe então: - Sou pobre, mas sou honrada, nunca mexi em nada de ninguém, por isso vou-me embora, faça-me as contas.
Entretanto a criada tinha ainda de ir buscar a roupa que tinha ido lavar para a lavandaria, foi então que a senhora da lavandaria disse para a criada: - Olhe pressa à fronha da cama vinha esta jóia pressa, por como não é minha leve-a e entregue à sua patroa!
E assim foi a criada, ao entregara a roupa à patroa disse-lhe que ali tinha a sua jóia que tinha ido pressa na fronha da cama.
Foi então que a patroa se agarrou a criada a chorar e dizendo-lhe que não se devia condenar sem provas, por isso mesmo lhe pedia desculpas e continuasse a trabalhar para ele, pois nela depositava muita confiança.
O tesouro

Um rico lavrador, um certo dia quando estava para morrer, chamou os filhos junto dele e disse-lhes: - Filhos eu deixo-vos alguma fortuna para vos poderens governar, mas o maior tesouro está na vinha!
Os filhos eram pouco trabalhadores e passado algum tempo gastaram toda a fortuna que o pai lhes deixou e andavam preocupados como é que se iriam governar.
Então um deles disse: - E se nós fossemos à procuras do tesouro que pai disse que havia na vinha?
E todos concordaram, tendo ido todos para a vinha cavala.
Cavaram, cavaram a vinha toda, mas o tal tesouro não aparecia.
Passado dois ou três meses, voltaram a dizer uns para os outros que deviam voltar novamente para a vinha a ver se encontravam o tesouro. E assim foi lá foram eles de novo para a vinha, cavaram, cavaram, mas nada de tesouro!!!
Cansados voltaram para casa, mas a vinha ficara sem erva alguma e repleta de uvas.
Quando foi na altura de vindimar as uvas, viram que a vinha tinha produzido uma grande quantidade de uvas tendo dado para eles e ainda venderam.
Foi então que eles pensaram que afinal o tesouro que o pai referia tinha a ver com a própria vinha e com o cuidado de tratar dela.
O alfaiate

Um certo dia um alfaiate foi chamado para ir trabalhar para casa de uma família numerosa.
No primeiro dia ao mata-bicho deram-lhe apenas um ovo para comer.
Depois foi trabalhar, passando o dia todo a dizer: - Um ovo é um ovo!!
E o trabalho não rendeu nada.
No segundo dia ao mata-bicho deram-lhe dois ovos.
Depois foi trabalhar, passando o dia todo a dizer: Dois ovos, já são dois ovos!!!
E o trabalho já rendeu mais um pouco.
Ao terceiro dia ao mata-bicho deram-lhe dois ovos e uma chouriça.
Tendo de seguida ido trabalhar, e cheio de energia dizia o alfaiate: - Dois ovos e uma chouriça, fora preguiça, dois ovos e uma chouriça, fora preguiça.
Então nesse dia o trabalho rendeu muito mais que nos dias anteriores!!!
Cepa torta

Era uma vez um lavrador, que tinha muitas propriedades e uma vinha muito grande, tinha em casa um criado, quando foi na altura de cavar a vinha mandou o criado a cavala!
Dava-lhe merenda, quando chegava à vinha o criado abria o saco da merenda e via que no saco só ia pão e o vinho era vinagre.
E então o criado cavava duas ou três videiras e depois dizia: - Pão ralão, vinho vinagrão, cava tu enxadão! E deitava-se a sombra da oliveira.
Qaundo chegava a casa o patrão perguntava-lhe: então cavaste muito?
E o criado respondia: - Já vou perto da cepa torta!
No dia seguinte voltaram a dar-lhe merenda e voltaram a mandá-lo para a vinha, o criado chegava à vinha e voltava a olhar para a merenda e via que era outra só pão e vinho vinagre.
E então o criado cavava duas ou três videiras e depois dizia: - Pão ralão, vinho vinagrão, cava tu enxadão! E deitava-se a sombra da oliveira.
Á noite ao chegar a casa o patrão perguntava-lhe : - então cavaste muito rapaz?
E o criado respondia: - Estou quase a chegar à da cepa torta!
O patrão desconfiado pelo facto do criado nunca mais passar da cepa torta, voltou a dar-lhe merenda no dia seguinte e foi espreitá-lo.
Viu que o criado ao chegar à vinha abria o saco da merenda, olhava para a mesma e dizia: Pão ralão, vinho vinagrão, cava tu enxadão e viu que se deitava à sombra da oliveira!!
O patrão foi para casa e disse para a mulher: - Ó mulher temos de dar outra merenda ao nosso criado, pois já há três dias que vai para a vinha e ainda não cavou nada!!
Assim fizeram, no dia seguinte deram uma boa merenda ao criado.
O criado ao chegar à vinha olhou para o saco da merenda e provou o vinho dando conta que o vinho era bom e o pão era com chourição, então disse o criado: - Vinho bom, pão e chourição, hoje tens de cavar enxadão.
Posto isto deitou mãos à obra e cavou a vinha toda.
O Lobo e a Raposa

Um certo dia um lobo caçou um cordeiro e à hora do jantar preparando-se para o comer apareceu uma raposa dizendo:
- Compadre lobo hoje tem um jantar reforçado!!
É verdade comadre raposa, quer fazer-me companhia? Disse o lobo
E a raposa respondeu que hoje já tinha jantado, era melhor deixa-lo para o outro dia para o almoço.
O lobo concordou, foi então que abriram uma cova para guardar o cordeiro deixando-lhe apenas o rabo de fora.
Mal o lobo virou as costas a raposa foi comer um bocado do cordeiro.
No dia seguinte quando se encontraram disse o lobo para a raposa:
- Comadre raposa então vamos lá comer o cordeirinho.
- Compadre lobo, hoje não pode ser convidaram-me para um baptizado para ser madrinha, temos de deixar para manhã. – disse a raposa.
O lobo concordou e mal virou costas a raposa foi comer mais uma parte do cordeiro.
No dia seguinte à mesma hora encontraram-se e o lobo perguntou-lhe:
- Então comadre raposa o baptizado correu bem? Como se chama o teu afilhado.
O meu afilhado chama-se Começou-se, disse a raposa.
- Então vamos hoje comer o cordeiro, disse o lobo?
A raposa manhosa disse que tinham de deixa-lo para o outro dia, pois voltava a ter outro baptizado, onde seria também madrinha, não podendo faltar!!!
Deixando virar costas o lobo foi comer mais um pedaço do cordeiro.
No dia seguinte à mesma hora voltaram a encontrar-se e o lobo voltou-lhe a perguntar:
- Então comadre raposa o baptizado correu bem? Como se chama o teu afilhado.
- O meu afilhado chama-se Miou-se , disse a raposa.
- Hoje é que então vamos comer o cordeirinho!!!- Disse o lobo!
- Compadre lobo, ainda tenho outro baptizado, temos de deixa-lo para o dia seguinte. Disse a raposa
No dia seguinte à mesma hora voltaram a encontrar-se para comer o cordeiro.
- O meu afilhado chama-se Acabou-se , disse a raposa.
- Então hoje é que vamos comer o cordeirinho!!!- Disse o lobo!
- Sim disse a raposa.
E lá foram os dois até ao sítio onde tinham enterrado o cordeiro.
Chegados ao sitio o lobo disse para a raposa:
- óH comadre puxa lá tu pelo rabo do cordeiro.
A raposas manhosa disse: Puxe o compadre que tem mais força.
Foi então que o lobo deitou os dentes ao rabo e puxou por ele, puxou tanto que acabou por cair de cú para trás!!
A raposa ria que fartava e acabou fugir às gargalhadas, por ter enganado o compadre lobo!!!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O lobo morto

Era uma vez três estudantes que vinham passar as férias à sua aldeia, vinham a pé pois naquela ainda não havia transportes.
Na berma do caminho por onde eles vinham estava um lobo morto,
Ao verem-no os estudantes ficaram muito admirados!! Foi então que um deles disse: - E se cada um de nós fizesse uma quadra para este lobo? E o que fizer a quadra mais feia pagara o almoço dos outros dois!!!
Assim foi, ambos concordaram e começaram a pensar nas quadras.
Depois de terem as quadras feitas cada um disse a sua.
Leu então o primeiro a sua quadra: - Este lobo, enquanto no mundo andou, tudo quando comeu, nada pagou.
Disse o segundo estudante: - Este lobo enquanto esteve vivo tudo comeu cru e nada cozido!
Disse depois o terceiro estudante a sua quadra: - Este lobo enquanto dormiu a sua cesta nunca dormiu uma tão boa como esta!
Ditas as quadras nenhum deles queria perder.
Entretanto estando eles nestas razões na sua direcção caminhava um soldado.
Chegando junto deles perguntou: - Então meus rapazes o que se passa para aqui, não parecem muito contentes.
Respondeu-lhe então um dos estudantes: - Nós fizemos ambos uma quadra para este lobo, e apostamos que quem fizesse a quadra mais feia teria de pagar o almoço aos outros dois, só que agora as quadras estão todas bonitas e ninguém quer perder.
Então como são as quadras perguntou o soldado?
Os estudantes voltaram a dizê-las e o soldado disse que ambas estavam muito bem.
E sugeriu que os estudantes lhe pagassem o jantar também a ele.
Caminharam e na primeira hospedaria pararam para jantar.
Pediram o jantar, mas apenas três doses, quando foram servidos vierama s três dozes.
E um dos três estudantes disse muito rápido: - Em nome do pai este me cabe!
Outro disse: - Em nome do pai e do filho este é o pilho.
E o soldado muito rápido disse: Em nome do pai e do filho e do espírito santo antes que fique em branco.
E o último dos estudantes ficou a ver navios.
O burro que sabe ler

Era uma vez um lavrador que tinha um burro, no tinha grande estimação e andava sempre a dizer que o burro dele era muito inteligente e que de burro não tinha nada.
Um dia foi a cavalo nele para a feira a tratar de negócios.
Entretanto apareceu um comprador a perguntar-lhe se queria vender o burro.
O lavrador respondeu-lhe que não que o burro dele era muito inteligente e sábio, logo não o vendia por dinheiro nenhum.
E o comprador perguntou-lhe: - Então porque motivo é assim tão inteligente os eu burro?
- O meu burro até sabe ler respondeu o lavrador!!!
- Como é que é possível, burros a ler, disse o comprador!!!
- Fazemos já uma aposta amigo, se o meu burro, não souber ler eu perco e você leva o burro!!!
Foi então que o lavrador meteu a mão ao bolso do casaco e tira de lá as letras do abecedário, atirando com elas para a frente do burro.
Então o burro com uma pata, como que a procurar as letras e a primeira que encontrou foi um “E”, de seguida um “S” procurando, procurando seguiu-se o “U”, a seguir ao “U” colocou um “M”, depois um “P” de seguida um “A” e depois um “R”, depois de seguida um “V”, e depois um “O” tendo de seguida levantado a pata da frente e acena para o comprador ler o que ele tinha escrito.
E o comprador leu “ES UM PARVO”!!!!
Arre burro mata lobos

Era uma vez um moleiro que tinha um burro e chamava-lhe Arre burro mata lobos.
Um dia o moleiro pensou vender o burro e foi com ele para a feira.
Entretanto apareceu um lavrador a perguntar se queria vender o burro: - Este burro é para vender amigo?
- É sim respondeu o moleiro.
Então como se chama o burro perguntou o lavrador?
O burro chama-se Arre burro mata lobos, respondeu o moleiro.
Então ele já matou algum lobo? Perguntou o lavrador.
O moleiro disse-lhe que apenas gostava de o chamar assim.
Fez-se então o negócio e lá partiu o lavrador com o Mata lobos (burro).
Alguns dias depois o lavrador levou o burro a pastar para um lameiro deixando-o lá preso a uma estaca.
Quando à noite chegou para ir buscar o burro, não havia nem corda, nem burro, nem estaca!
Intrigado o lavrador começou a pensar o que teria acontecido ao burro! Se calhar os lobos apareceram e em vez de ele matar os lobos os lobos mataram-no a ele, dissera o lavrador.
Depois de procurar por todas as redondezas e de não ter encontrado nenhum rasto, nem vestígios regressou à aldeia triste e pensativo. A meio do caminho lembrou-se de passar por um moinho que ficava à beira do rio, a ver se o burro tinha ido para lá.
Quando chegou ao moinho, avistou o burro à beira da porta , no entanto este estava preso com a estaca e a corda. Admirado o lavrador espreitou para dentro da porta e qual o seu espanto quando lá dentro viu que estava um lobo.
Disse então o lavrador: - Razão tinha o moleiro em chamar-te Arre burro mata lobos!!! Não matas-te nenhum lobo, mas contribuíste para que eu o fizesse.
O ladrão e o diabo

Uma certa noite um ladrão e o diabo encontraram-se numa encruzilhada, cumprimentando-se.
Foi então que o diabo perguntou ao ladrão para onde caminhava aquela hora da noite.
O ladrão respondeu que ia roubar uma burra a um lavrador que morava na próxima aldeia. E perguntou também ao diabo para onde seguia.
O diabo respondeu que também ia para a mesma aldeia, roubar a alma da filha a esse mesmo lavrador.
Quando chegaram à aldeia a casa do lavrador ainda este e a sua família se encontravam acordados, conversando junto à lareira.
O ladrão escondeu-se debaixo da varanda à espera que o lavrador e família fossem dormir, para depois roubar a burra em segurança.
O diabo por sua vez foi para a chaminé, esperando que a filha do lavrador espirrasse.
Passado alguns minutos o ladrão ouviu espirrar a rapariga, e disse: - “Deus te ajude criatura.
Foi então que o diabo gritou da chaminé: - Ó lavrador vai à loja que te querem roubar a burra.
O lavrador levantou-se e o ladrão ao ouvi-lo pôs-se em fuga.
Nem o diabo nem o ladrão tiveram sucesso no roubo planeado.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Preto vadio

Um certo dia à porta de um lavrador rico bateu um preto.
O lavrador ao vê-lo perguntou-lhe: - O que queres tu?
E o preto respondeu: - Meu senhor ando perdido e estou com muita fome e com sede, importasse de me dar alguma coisinha.
Saia daqui seu vadio, se não solto os meus cães disse o lavrador.
O preto desolado virou as costas e prosseguiu a sua caminhada.
Mais tarde o lavrador saiu para a caça e perdeu-se, apavorado foi ter a uma ladeia desconhecida e bateu à porta de uma humilde casa.
Nessa casa vivia uma família de negros.
Quando bateu à porta surgiu um homem negro, que lhe perguntou o que desejada.
Foi então que o lavrador lhe disse que se tinha perdido e que não encontrava o caminho para regressar a casa se lhe podia dar de dormir até ao dia seguinte.
A família negra deu de dormir, comer e beber ao lavrador, no dia seguinte para o lavrador se preparava para ir embora, o homem negro disse-lhe: - Quando aparecer à sua porta um negro esfomeado, nunca mais diga “saia daqui seu vadio, se não solto os meus cães”.
Vem à ponte do norte, que lá encontrarás a tua sorte

Era uma vez um lavrador pobre, que já há muito tempo tinha o mesmo sonho que dizia que fosse à ponte do norte que lá estaria a sua sorte.
Uma amanhã, não muito convencido o lavrador, pôs pés ao caminho e foi em direcção à ponte do norte. Quando se aproximava, em sentido contrário vinha um outro lavrador seu conhecido de outra aldeia ao qual perguntou: - Olá amigo para onde caminhas tão cedo?
- Vou a uma aldeia à procura de um tesouro, pois tenho sonhado que num curral onde dorme uma cabrada e onde dorme uma cabra malhada, está um grande tesouro escondido. E você que anda por aqui a fazer?
- Eu também tive um sonho que me dizia para vir à ponte do norte que aqui encontraria a minha sorte, mas já estou farto de procurar e não encontro nada!!!
Os sonhos não são verdadeiros amigo, o melhor é irmos embora.
E assim fizeram cada um foi para sua casa.
Apenas com a diferença que um foi mais ingénuo do que outro, tendo dado a informação e perdendo o tesouro, que o outro lavrador aproveitou, ficando deste modo riquíssimo!!!
Quem está deixasse estar!

Era uma vez um rapaz, que todas as noites passava numa rua onde havia uma casa que estava desabitada. Durante algumas noites repara que naquele casa até então desabitada estava alguém. Passaram-se algumas noites e o rapaz curioso subiu as escadas da casa e perguntou: - Está aí alguém? Quem está aí?
E uma voz respondeu:
- Sim estou eu! Amanha à meia-noite em ponto quero que venhas aqui de novo pois iremos fazer uma viagem.
O rapaz apavorado, saiu a correr e a pensar no que lhe poderia vir a acontecer.
Foi então que decidiu ir aconselhar-se com o padre.
Depois de ter contado ao padre o que lhe tinha acontecido o padre disse: - Aí malandro o que foste tu a fazer! Quem está deixasse estar. Agora para te poderes salvar, tens de fazer aquilo que eu te disser, se não se não conseguires iremos partir os dois.
O rapaz seguiu os conselhos do padre que lhe dissera que ia com ele, que devia rezar uma oração e repetir uma palavra dessa mesma oração e à meia-noite em ponto teria de cortar o cordão que a alma do outro mundo teria à cinta.
Assim foi à meia-noite em ponto o padre disse a palavra que tinham combinado e o rapaz com um punhal cortou o cordão.
Ao mesmo tempo ouviu-se uma voz que disse: - Mal aja quem tanto te ensinou, se não esta noite partirias comigo para o inferno.
Reze Senhor Padre reze

Um certo dia um Padre deslocava-se a pé da sua paróquia para uma aldeia vizinha para as suas funções religiosas, à sua frente e no mesmo sentido caminhava também um rapaz, quando o padre se aproximou do rapaz, cumprimentou-o e disse-lhe:
-Para onde vais meu rapaz?
E o rapaz respondeu:
-Vou à procura de um amo senhor padre.
- Mas então o que sabes fazer tu meu rapaz? Sabes a doutrina? Perguntou o padre.
- Isso não sei senhor padre respondeu o rapaz.
E o padre disse-lhe:
- Desse modo não te podes salvar meu filho.
E continuaram a caminhada até que chegaram a uma ribeira, só que a ponte para atravessá-la tinha sido levada pela corrente que estava bastante forte.
Disse então o rapaz para o padre:
- O senhor padre sabe nadar?
- Não sei meu filho, respondeu o padre.
Entretanto o rapaz pôs-se a atravessar a ribeira a nado, conseguindo chegara ao outro lado.
O padre tentou também fazer o mesmo, mas a pé. Quando chegou ao meio da ribeira começou a gritar, a pedir socorro.
- Ajuda-me meu filho, ajuda-me ai Jesus!!!
E diz o rapaz para o padre:
- Reze senhor padre, reze!!!!
O padre como não sabia nadar, apenas sabia rezar, foi levado pela corrente.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Padre António

Era uma vez um Padre chamado António que tinha a sua paróquia, no entanto tinha outras aldeias de onde era também pároco.
Um certo dia ao deslocar-se para uma das aldeias montado no seu cavalo avistou ao longe um sujeito que caminhava a pé, de repente observou que o mesmo sujeito se ajoelhara. Quando o padre se aproximou constatou que o sujeito estava de joelhos em frente a um cadáver.
O padre António em vez de prosseguir o seu destino, voltou para trás para comunicar ás autoridades que o que havia observado.
Posto isto as autoridades deslocaram-se ao local para identificar o cadáver e prenderem o sujeito que ainda lá se encontrava de joelhos.
O Padre António jurava que esse sujeito não tinha culpa do sucedido, mas as autoridades não lhe deram ouvidos e condenaram o homem. Perante tal injustiça o padre António revoltou-se e disse:
- Já que Deus é tão injusto perante os inocentes eu vou abandonar a vida de sacerdote e se ao sair daqui encontrar o sujeito mais cruel à face da terra acompanhá-lo-ei para todo o lado.
Entretanto ao sair da paróquia, palavras não fossem ditas apareceu em frente ao padre um indivíduo desconhecido que lhe disse:
- Você aí quer me acompanhar-me na minha jornada?
O padre respondeu que sim, pois estava por tudo.
E assim foi os dois caminharam até que encontraram uma aldeia.
Era já noite e pediram pousada a um aldeão humilde e pobre. Este não lhes que disse que não, deu-lhes de jantar e de dormir.
Já de manhã deu-lhes também o mata-bicho e enquanto a senhora da casa foi dar de comer ao gado um bebe ficara a em casa e chorava no berço.
E o desconhecido que acompanhou o padre disse para ele:
-António pega na criança que chora e degola-a!
O padre respondeu:
- Eu não posso fazer isso!!!
Então o sujeito pegou na criança e ele mesmo a degolou!!!
Depois disto prosseguiram a caminhada antes que alguém aparecesse.
Chegaram a outra aldeia, onde também foram pedir de comer e beber à porta de outro aldeão humilde e pobre, este também os recebeu com todo o agrado e trouxera-lhes um copo muito bonito e valioso para beberem.
Foi então que o desconhecido disse para o padre António:
- Mete o copo ao bolso António e vamos embora.
O padre respondeu:
- Eu não posso fazer isso ao pobre homem.
Então ele mesmo levou o copo.
Mais tarde, depois de muito andarem chegaram à porta de um rico avarento cheios de sede pediram a este que lhes desse de beber.
O avarento respondeu:
- Se trazem sede bebam aí nesse caldeiro onde bebem os meus cavalos!!
Dito isto o desconhecido disse ao António:
-Leva-lhe este copo a esse senhor para que ele quando aqui passarem a pedirem de beber que lhes dê de beber por este copo e não no caldeiro.
Assim fez o padre António e de seguida prosseguiram a caminhada, até que chegarem a uma encruzilhada.
Nessa encruzilhada o desconhecido disse para o padre António:
- Aqui temos 3 caminhos dos quais deves escolher um e eu outro vão todos dar ao mesmo local, lá nos encontraremos.
E assim foi o padre António seguiu por um e o desconhecido por outro.
Ao chegar ao dito local o padre já o desconhecido lá estava à sua espera.
Disse o desconhecido para o padre:
-Então António vens cansado? Toma lá esta enchada e esta pica e vai para ali escavar a ver o que encontramos.
Assim fez o padre António. Começou a cavar e logo encontrou uma caveira à qual à ordem do desconhecido perguntou:
- Quem te matou?
E a caveira respondeu:
- Foi um barqueiro.
Porquê, perguntou o padre?
- Para me roubar o dinheiro respondeu a caveira.
Continuando a cavar e a cavar, apareceram mais seis caveiras e ambas responderam o mesmo que tinham sido mortas pelo barqueiro para lhe roubar o dinheiro!!!!
Admirado o padre começou a ficar intrigado e pensativo.
Foi então que o desconhecido disse ao padre.
- António lembras-te de quando degolei aquela criança tu não tiveste coragem para o fazer, no entanto te digo que se não o fizéssemos mais tarde aquela criança iria trazer vários dissabores àquela pobre e humilde mãe metendo-lhe a alma no inferno.
Também não ficas-te contente quando roubei aquele valioso copo ao aldeão mas também te digo que esse copo mais cedo ou mais tarde iria meter a alma do aldeão no inferno, com tanta cobiça e soberba que tinha pelo copo.
Depois entregamos o copo aquele avarento que já tinha a alma no inferno, mas com ele mais depressa para lá caminhará.
E agora pudeste verificar depois de tanto escavares que o barqueiro afinal não foi a pessoa que pensas-te, ou seja, o barqueiro pode não ter morto aquele pobre homem , no entanto já tinha morto estes sete que aqui encontramos, por isso António volta para a tua paróquia continuando a exercer a tua função de sacerdote, porque Deus é justo e não injusto como tu vieste a pensar.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O casamento do Carlitos

O Carlitos era um pequeno rapaz que andava na escola. Certo dia ao sair da escola na rua por onde passava ficou admirado ao ver entrar várias pessoas para uma igreja, curioso quis saber o que se passava e foi espreitar à igreja e depois de ter visto que lá se estava a realizar um casamento foi para casa cheio de fome.
Ao chegar a casa em cima da mesa da sala de jantar, estava um tabuleiro com uma pêra. Sem dar conta que a mãe o estava a observar disse o Carlitos para a pêra:
- Senhora dona pêra, é de livre vontade casar com a boca do senhor Carlitos?
Senhor Carlitos é de livre vontade casar com a senhora dona pêra?
Já que ninguém se opõe a este casamento, eu vos caso em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo.
E em poucos segundos da pêra restava apenas o caroço!!!
Mais tarde quando o pai do Carlitos chegou a casa, a mãe contou-lhe o que tinha feito o Carlitos ao chegar da escola.
- Óh homem hoje aconteceu um episódio estranho com o nosso Carlitos, não é que o gaiato ao chegar da escola não reparou que eu o estava a ver e disse para uma pêra que estava ali em cima da mesa: “Senhora dona pêra, é de livre vontade casar com a boca do senhor Carlitos? Senhor Carlitos é de livre vontade casar com a senhora dona pêra? Já que ninguém se opõe a este casamento, eu vos caso em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo” e em poucos segundos da pêra restava apenas o caroço!!
O pai depois de ouvir o que a mulher lhe tinha contado foi ter com o Carlitos levando uma vara e disse:
- Senhora dona vara é de livre vontade casar com as costas do senhor Dom Carlitos?
Virando-se para o Carlitos disse:
- Senhor Dom Carlitos é de sua livre vontade casar com a senhora dona Vara?
E Responde o Carlitos atrapalhado:
- Papa, Papa este casamento não pode ser realizado, porque a senhora dona vara quer casar com as costas do senhor Dom Carlitos, mas o Senhor Dom Carlitos não está disposto, nem quer casar com a senhora dona vara.
E fugiu a correr para o quarto o Carlitos.
A mentira do Victor

O Victor era um pequeno rapaz, filho de um rico fazendeiro. Pelo seu aniversário fez uma grande festa em sua casa, convidando os amigos da escola.
Depois do lanche do aniversário foram todos brincar para o quarto do Victor.
A meio das brincadeiras disse o Victor para os amigos:
- Sabem o que me aconteceu há dias? Sai de casa à procura do meu pai que andava na floresta a partir lenha e foi então que ao passar a ponte sobre o rio fui surpreendido por uma onça mesmo à minha frente, tentei voltar para trás, mas atrás de mim estava uma grande cobra jibóia.
E pergunta um dos amigos:
- E então Victor o que fizeste? Atiraste-te ao rio?
Respondeu o Victor:
- Não, nada disso, segui em frente e fui engolido pela onça.
E diz outro dos amigos:
-Então se foste engolido pela onça, como é que estas aqui??
Respondeu o Victor:
- Depois de eu entrar pela boca da onça, quentinha cheguei à barriga e lá ripei do meu canivete e rasguei a barriga da onça!
Dizem os amigos:
- Ohhhhhhhhhhhh, que coragem Victor.
Ao mesmo tempo o mais novinho dos seus amigos disse:
- Eu também há dias quando me estava a deitar olhei para a parede e vi uma lagartixa a descer pela parede em direcção a mim, à medida que se ia aproximando de mim ia crescendo cada vez mais até que me engoliu.
E os amigos dizem:
-Haaaaa, foi verdade isso?
E o rapazinho responde:
- A lagartixa era parente da onça que engoliu o Victor na floresta.
Numa noite como esta

Era uma noite de forte trovoada e ventania e no aconchego de uma lareira o pai contava à sua filha o que lhe tinha acontecido à tempos numa noite como aquela.
- Minha filha à anos atrás numa noite como esta andava eu à caça no meio da floresta e fui surpreendido ao final da tarde por uma forte trovoada tendo que me abrigar debaixo de uma rocha. No decorrer da noite escura senti aproximar-se de mim algo que foi chegando, chegando junto de mim, senti que tinha o pelo molhado logo pensei que era um animal. De manhã quando o dia aclareou, vi sair de mansinho sorrateiramente uma onça.
E a filha exclamou:
-Mas papa a onça não lhe fez mal?
E o pai respondeu:
- Não minha filha, porque a onça tal como eu ficou debaixo da rocha abrigada do temporal e quando o dia amanheceu foi à sua vida “pois no meio dos perigos, todos nos tornamos amigos”!
O Avarento

Um certo dia andava um pobrezinho pedindo esmola.
Foi pedir esmola e pousada à porta de um palacete que parecia ser de gente rica.
Bateu à porta, esta abriu-se e de dentro da mesma estava um senhor bem-parecido que era o dono do palacete.
Este perguntou ao pobrezinho o que queria.
O pobrezinho respondeu que andava a pedir esmola e pousada para poder passar a noite.
O dono do palecete respondeu:
-“ Não costumo dar esmola a pobres nem tão pouco o meu palácio é uma hospedaria.”
Foi então que o pobrezinho disse ao dono do palacete:
- “ Dá-me licença que lhe faça três perguntas e depois vou-me embora?
O dono do palacete respondeu:
-“Nesse caso pode fazer as perguntas que quiser.”
Fez então a primeira pergunta o pobrezinho:
-“Quem morou neste palácio antes do senhor?
O dono do palacete respondeu:
-“Antes de mim aqui viveram os meus pais!”
Depois o pobrezinho fez a segunda perguntou:
“ E depois do senhor quem morara neste palacete?”
O dono do palacete respondeu:
-“ Certamente viverá algum dos meus filhos!”
De seguida o pobrezinho fez a terceira e ultima pergunta ao dono do palacete:
- “ E depois do seu filho quem morara aqui?”
O dono do palacete meio admirado com as perguntas do pobrezinho respondeu-lhe:
-“ Depois do meu filho os netos certamente morarão também cá!”
Foi então que o pobrezinho lhe disse:
-“Se cada um morou e morará neste palácio em tempos diferentes que é se não este palácio uma hospedaria e o senhor um hospede?”
Admirado o dono do palacete suspendeu a voz e pensou para com ele alguns minutos, respondendo depois ao pobrezinho:
-“ Tens razão!”
Posto isto o dono do palacete deu esmola e pousada ao pobre e daí em diante nunca mais se recusou a dar esmola e pousada aos pobres que bateram à sua porta.


Á sorte e à morte não há que fugir

Era um final de tarde de Outono, quando um pobrezinho batia à porta de um lavrador pedindo pousada, onde em tempos já tinha pernoitado.
Nessa tarde o lavrador disse ao pobrezinho que não tinha condições para o poder abrigar, uma vez, que a sua esposa estaria para dar à luz.
Mas mesmo assim o pobrezinho insistiu que não se importava pois qualquer cantinho da casa lhe servia para passar a noite.
E assim foi o lavrador deixou o pobrezinho ficar em sua casa, num cantinho à beira da lareira.
Noite dentro a esposa do lavrador começou a entrar em trabalhos de parto, ao mesmo tempo na parte de baixo da casa onde eram os currais dormia uma cabrada e uma das cabras estava para prestes a parir.
No cantinho à beira da lareira o pobrezinho rezava e foi então que ouviu a cabra a gritar (Gemer), assustado o pobrezinho chamou o lavrador, para que fosse ver o que se passava, dizendo-lhe ao mesmo tempo para que dissesse à sua mulher se aguentava a hora de dar à luz.
Assim foi e o lavrador foi ver a cabra, quando lá chegou tinha acabado de nascer um lindo cabrito.
Logo de seguida nasceu o filho do lavrador.
No dia seguinte, antes do pobrezinho partir disse ao lavrador, para não vender nem matar o cabrito que havia nascido.
Passados três anos, o pobrezinho voltou a passar pela aldeia do lavrador batendo de novo à sua porta e pedindo novamente pousada.
O lavrador deu-lhe pousada e sentado à mesma lareira de outros tempos o pobrezinho perguntou ao lavrador se ainda tinha o cabrito que tinha nascido à anos atrás.
Foi então que o lavrador lhe disse que o cabrito havia morrido enforcado entre uma árvore e uma rocha.
O pobrezinhos depois ouvir a história do que tinha acontecido ao cabrito disse ao lavrador se se lembrava do que lhe tinha dito na hora que o cabrito estava a nascer.
O lavrador disse-lhe que sim, que se recordava das suas palavras para dizer à esposa que aguentasse mais um pouco a hora de dar à luz, pois se a criança tivesse na mesma hora que o cabrito iria ter a mesma sorte do pobre cabrito.
Conto do Pastor

Num certo dia de Primavera, andava um pastor conduzindo o seu rebanho pelos vales de uma pequena aldeia Transmontana. Ao mesmo tempo pelo caminho ao lado passava o Padre da Freguesia montado no seu cavalo dirigindo-se para uma outra aldeia para celebrar uma missa.
Entretanto dois dos corpulentos cães do Pastor ao verem o cavalo do Senhor Padre correram em direcção ao mesmo no sentido de o morderem, o Padre muito aflito começou a gritar pelo pastor:
- “ Ó Pastor, ó Pastor? Chama lá pelos cães, que ainda mordem o cavalo e me fazem cair!”
O Pastor virou as costas e pensou para com ele:
- “Enquanto não me chamares Senhor Pastor, também não chamo pelos cães.”
De novo o padre Grita, mas ainda mais aflito:
- “ Ó Pastor, ó pastor? Chama lá pelos cães, que já me estou a ver aflito para segurar o cavalo!”
Mas o Pastor continuava a ignorar tais palavras e a murmurava baixinho:
- “Enquanto não me chamares Senhor Pastor, também não chamo pelos cães.”
Foi então que novamente o Padre gritou:
- “Senhor Pastor, senhor Pastor faça o favor de chamar pelos cães.”
Palavras não fossem ditas o Pastor deu um alerta aos cães assobiando-lhes e os cães obedecendo aos comandos do seu dono deixaram de atacar o cavalo e o Padre.
O Padre agradeceu ao Pastor dizendo:
- “Obrigado Senhor Pastor, Obrigado Senhor Pastor, Obrigado Senhor Pastor!!!”

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Lindo Vaso de Cristal

Lindo vaso de cristal,
Má tarde lhe amanheceu,
Na padaria da Lapa,
Este caso aconteceu.

Numa tarde soalheira,
Fui à padaria da São.
Com a minha companheira,
Para lanchar e comprar pão.

Estava junto do balcão,
A lanchar muito feliz,
Quando de repente entrou,
Na padaria o Luís.

O Luís também entrou,
Na padaria para comprar pão,
A todos cumprimentou,
Como um bom cidadão.

A todos cumprimentou,
Como um bom português,
Vejam amigos então,
O que esse palerma fez.

A São tinha lá um vaso,
Vasinho de estimação,
O Luís deu-lhe um toque,
Atirou o vaso ao chão.

O vaso caiu no chão,
Partindo-se aos bocadinhos,
O coração da Sãozinha,
Ficou logo aos saltinhos.

A São ficou chateada,
Ao ver o vaso partido,
O Luís foi para o café,
Bastante aborrecido.

A São ficou furiosa,
Ao Luís tentou bater,
O Luís foi-se embora,
Sem saber o que fazer.

O Luís foi-se embora,
No café pousou os sacos,
Enquanto a Sãozinha,
Ficou a limpar os cacos.

O lindo vaso de cristal,
Que a padaria enfeitava,
Ao vê-lo no chão partido,
A São quase chorava.

O Luís ao fim de tudo,
Até foi bem-educado,
Foi pedir desculpa à São,
Um pouco envergonhado.

O Luís disse para a São,
Á loja vou já comprar,
Outro vaso de cristal
Para por no seu lugar.

Este caso aconteceu,
Na padaria da Lapa,
O vaso se espedaçou,
Por não ser vaso de lata.

A São sente saudades,
Do seu vaso de cristal,
Embora tenha lá outro,
É feio e fica mal.

Ferreira Augusto
Casamento Atribulado

Senhores eu vou contar
Mais uma história a meu jeito,
Aconteceu em Tuizelo,
Numa casa sem respeito.

É mais um caso a meu jeito,
Estes casos eu lamento,
Foi na cãs do Viroito,
No casamento da Ana.

Dia trinta e um de Maio,
Dia de muita alegria,
Toda a gente estava em festa,
Lá na minha freguesia.

Realmente era de ronca,
Só que teve um triste fim,
Nunca se viu em Tuizelo,
Outro casório assim.

Foi grande o falatório,
Por toda a freguesia,
Causado pelo casório,
Da Jovem Ana Maria.

O dia estava claro,
Mas de repente ficou escuro,
O que causou tudo isto,
Foi o vinho ser maduro.

Até à hora do jantar,
Tudo correu normalmente,
Depois do lanche findar,
Tudo se tornou indiferente.

Quando a noite chegou,
Um problema surgiu,
Por causa da mulher tonta,
A bomba explodiu.

A bomba explodiu,
Por causa dos convidados,
Que comiam e bebiam,
Como lobos esfomeados.

A Fernanda como fera,
A todos queria morder,
Por ver aquela gente toda,
Em sua casa a comer.

Eram cem os convidados,
Entre casados e solteiros,
Comeram-lhe oitenta pães,
Dez leitões e oito carneiros.

Para acalmar tal calor,
Água no fogo se deitava,
Por causa de certo humor,
Começou tudo à batatada.

O Avelino cria a “goga”,
A Fernanda o dinheiro,
O pobre do Zé escuro,
Apanhou com um candeeiro.

O Zé era o rei da festa,
Até andava enfeitado,
Trazia na sua testa,
Um lampião pendurado.

Ninguém fale mal do Zé,
Pois era o mais educado,
Por ver aquele espectáculo,
Sentia-se envergonhado.

Ó pobre, pobre Fernanda,
Vestidinha a preceito.
Romperam-lhe a blusinha,
Por um triz não foi o peito.

Ao ver a blusa rota,
Logo se pôs a chorar,
Dizia para a mãe do noivo,
Seis contos tem de me dar.

Essa fera venenosa,
Velhota desinquieta,
Por milagre não mordeu,
A sogra da sua neta.

É uma vergonha,
Disse então retornada,
Cuidado não partam a loiça
Alguma é emprestada.

Depois de apagar o fogo,
Foram a limpar os cacos,
Partiram oitenta copos,
Seis canecas e cem pratos.

Chegou o padre Alberto,
Novamente para bailar,
Mandou ir ligar a luz,
Não a deixaram ligar.

Não a deixaram ligar,
Ele até fica a tremer,
Daqui me vou retirar,
Algo vai acontecer.

O padre Alberto rezava,
A Sagrada escritura,
Pedia a Deus que deitasse,
Água benta em tal fervura.

O padre Alberto rezava,
A oração de Jesus,
Como não havia milagre,
Fugiu para Santa Cruz.

Começou a escurecer,
Veio forte trovoada,
Começou a cair pedra,
Sobre a gente convidada.

A pobre Ana coitada,
Também se pôs a mexer,
Foi para cima de um tractor,
Sem saber o que fazer.

A tonta da mãe da Ana,
Gritava lá do altinho,
Leva para Santa Cruz,
A dar beijos ao Tavinho.

Chovera muitos insultos,
Palavrões da moda,
Até chamaram à Ana,
A maluquinha da roda.

A Ana estava tristonha,
Um pouco amarelada,
Despediu-se dos amigos,
Bastante envergonhada.

A Ana também tinha pena,
Da cama que ali deixava,
Fora feita a preceito,
Para passar a noitada.

A cama fora feita,
Por duas moças formosas,
Por baixo lençóis de linho,
Por cima colchas de rosas.

Ninguém fale mal da Ana,
Pois a Ana é moça boa,
Passou a lua de mel,
Pelos caminhos da coroa.

Lá em cima do tractor,
Continuou a brincadeira,
A Ana foi apertada,
Contra tábuas de madeira.

Ó pobre, pobre Carlitos,
Tem olhos mas não vê nada,
Levou para Santa Cruz,
A bicicleta furada.

Ó pobre, pobre Avelino,
Tem de vender as ovelhas,
O casamento o deixou,
Empenhado até às orelhas.

Tudo isto aconteceu,
Ao Carlos e à sua amada,
No dia do casamento,
Foram corridos à pedrada.

A Luzia e o marido,
Não foram ao casamento,
Não quiseram assistir,
Ao triste acontecimento.

Já estavam a adivinhar,
Que isso ia acontecer,
Nesse enorme barulho,
Não se quiseram meter.

Aquilo era um inferno,
Lá no cimo da barreira,
As mulheres mais pareciam,
Tontas do Conde de Ferreira.

Aquilo era um inferno,
Lá por detrás do alvoredo
Dizia a malta que estava fora,
Isto parece um putedo.

A malta que estava fora,
Sorria com muita graça,
Por ver que o cinema era caro,
E em Tuizelo houve de graça.

Dizia a mãe do noivo,
Com mágoa no rosto seu,
Pobrezinho do meu filho,
Em que raça se meteu,

Num dia cheio de luz,
A lenha no fogo a arder,
Nem mesmo em santa Cruz,
Conseguiu fazer milagre.

Os do lombeiro são tontos,
Os de Santa Cruz são iguais,
Foi grande o falatório,
Desde Tuizelo a Vinhais.

Tuizelo já está farto,
Andam dizendo os putos,
Está farto de aturar
Este bando de malucos.

A Sofia estava tonta,
O Avelino tonto era,
Todos pareciam malucos,
Nesse dia de Primavera.

Ouçam queridos ouvintes,
Tal era a ignorância,
No dia do casamento,
Foi assim o pé de dança.

Ouçam queridos ouvintes,
Dá para rir, dá para chorar,
Nem a selecção do México,
Deixou tanto que falar.

Esta gente sem vergonha,
Parecem doidos varridos,
Limparam o mijo à fronha,
E hoje são todos amigos.

Ferreira Augusto

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quadra Popular:

Gosto muito de cantar,
Nesta terra transmontana,
Na cultura popular,
Podem crer ninguém me ganha.
Quadra Popular:

Linda cara é meio dote,
Diz o rifão lisonjeiro,
Linda alma digo eu,
Ainda é mais, é do tinteiro.
Quadra Popular:

Atirei com uma laranja,
Ao céu para passar o tempo,
Tenho ouvido dizer,
Não há alegria sem tormento.
Quadra Popular:

Delícias são flores,
Colhidas no meu jardim,
As minhas para contigo,
Só na morte é que têm fim.
Quadra Popular:

Se aqui não me achares,
Podes dizer que eu morri,
Por bonitura trocas-te,
Quem dava a vida por ti.
Quadra Popular:

Por amar e querer bem,
Querem-me tirar a vida,
Hei-de amar e querer bem,
E dar a vida como perdida.
Quadra Popular:

Óh meu amor de um dia,
De um dia meu amor,
Se nunca tivesse amado,
Não tinha pena nem dor.
Quadra Popular:

Os coelhos lá no monte,
Sempre sofreram a sua dor,
Eu também sofro a minha,
Por causa do meu amor.
Quadra Popular:

Meu amor vai onde puderes,
Há vinda volta por aqui,
Uma fala dá-se a todos,
Lealdade só para ti.
Quadra Popular:

Coitado de quem é pobre,
Triste de quem nada tem.
Quem é rico sempre é nobre,
Ainda que seja um ninguém.
Quadra Popular:

O limão tira o fastio.
A laranja o bem-querer,
Tira de mim o sentido,
Pois não te quero ver morrer.
Quadra Popular:

Óh mundo que assim és doido,
Quem te há-de fazer a vontade,
Se te falo sou doidinha,
Se te não falo sou grave.
Quadra Popular:

Casaste há dias com outra,
Podes crer estou vingada,
Ela pode ter riqueza,
Mas também não tem mais nada.
Quadra Popular:

Amar por vicio é delírio,
Por interesse é vileza,
Por correspondência é duvida,
E por afecto é firmeza.
Quadra Popular:

Amar e viver ausente,
Só em mim se pode achar,
Quanto mais ausente vivo,
Mais me preso de te amar.
Quadra Popular:

Pensa rapaz no que eu canto,
Tendo razões para chorar,
Uns cantam com alegria,
Outros cantam para espalhar.
Quadra Popular:

Trago uma pena comigo,
Com ela hei-de morrer,
Se contigo não falar,
Se não te voltar a ver.
Quadra Popular:

Victor tem uma gaita,
Com um buraquinho só,
A sua avó lhe dizia,
Toca na gaita vitó.
Quadra Popular:

Paulino sem pau é Lino,
Paulino sem Lino é pau,
Tira-se o pau ao Paulino,
E Paulino fica sem pau.
Quadra Popular:

As rosas todas são lindas,
Não importa qual a cor,
Nunca vi rosa mais bela,
Do que a rosa do Sabor.
Quadra Popular:

Óh que lindo par eu levo,
Aqui à minha direita,
Óh que linda rosa branca,
Que tão belo cheiro deita.
Quadra Popular:

As rosas são todas belas,
Sejam do tarde ou do cedo,
Nunca vi rosa mais linda,
Do que a rosa de Nuzedo.
Quadra Popular:

Cravo roxo é sentimento,
Eu para ti sentida estou,
Uma fala que me deste,
Ao coração me chegou.
Quadra Popular:

Olha para mim a direito,
Não estejas a olhar de lado,
Quem passa vai dizendo,
Que é um amor disfarçado.
Quadra Popular:

Não se me dá de quem fala,
Nem de quem me trás infama,
Eu sou como a oliveira,
Em todo o tempo tem rama.
Quadra Popular:

Quando mais de ti estou longe,
Mais firme é minha palavra,
Quanto mais fundo é o poço,
Mais clara deita a água.
Quadra Popular:

O meu amor vem além,
Vai a subir a ladeirinha,
Eu conheço o meu amor,
Pelo nó da gravatinha.
Quadra Popular:

Esta rua é ao fundo,
Está ladrilhada e varridinha,
Nela dá para jogar,
O jogo da barreirinha.
Quadra Popular:

Esta noite tive um sonho,
Que lindo sonho vivia,
Que a tua boca beijava,
E na tua cama dormia.
Quadra Popular:

Se na água se escrevesse,
Como se escreve no papel,
Trazia o teu nome escrito,
Na pedrinha do anel.
Quadra Popular:

Na noite de núpcias,
Dá-se um caso evidente,
Entre beijos e abraços,
A mulher fica doente.
Quadra Popular:

Não há um corpo sem dois,
Que caso tão evidente,
Dois corações que se amam,
Não são dois mas um somente.
Quadra Popular:

Uns sonhos são de alegria,
Outros de uma imensa tristeza,
Diz-me se me amas amiga,
Não me deixes na incerteza.
Quadra Popular:

Tu não tens culpa nenhuma,
Por eu sofrer tanto assim,
Eu sofro porque penso,
Que tu não gostas de mim.
Quadra Popular:

O amor que há entre nós,
No céu do lindo olhar,
Olha um pouco para mim,
Para cada vez eu mais te amar.
Quadra Popular:

Quando eu sonho contigo,
Não consigo adormecer,
Porque razão não to digo,
Pois estas farto de o saber.
Quadra Popular:

Diz-me baixinho amor,
Se ainda gostas de mim,
Mesmo que seja mentira,
Mente sempre até ao fim.
Quadra Popular:

As nuvens acabam no mar,
O fumo acaba no ar,
O dia acaba na noite,
E eu acabei por te amar.
Quadra Popular:

Neste belo que é a vida,
Existe apenas solidão,
Tenho um desejo de ficar,
Dentro do teu coração.