Quadra Popular:
Coitadinho de quem tem
Dois amores numa terra,
Para ser leal a um,
Trás o outro sempre em guerra.
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segunda-feira, 31 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Quando Deus criou o mundo
Quando Deus criou o Mundo,
Tudo era informe, e em vão.
O mar imenso e a terra
Jaziam na escuridão.
Deu Deus um sopro divino
Rompeu das trevas a luz.
Apareceu no céu a lua
Com seu brilho que seduz.
O sol rompeu em seguida
Com raios de esplendor.
Cantavam no ar as aves
Mil hinos ao criador.
Apareceram a luz do sol
Toda a espécie de animais;
Começaram a correr
Pelos espessos Pinhais.
Pelos rios, pelos mares
Paisagens de cores variadas.
Volteavam docemente
Suas águas agitadas.
Deus então para completar
A sua bela criação
Lembrou-se de criar o homem
Com a maior perfeição.
Assim apareceu no mundo
O nosso velho Pai Adão.
Sem nenhuma companhia
Rei de toda a criação.
O barro de que foi moldado
Era da escolha de Deus,
Ninguém hoje duvida
Dos altos desígnios seus.
A sua semelhança,
De barro o homem criou,
Um sopro da sua boca
A alma lhe insuflou.
Assim apareceu no mundo,
O nosso velho Pai Adão,
Sem nenhuma companhia,
Rei de toda a criação.
Eis como Adão se concerne,
A luz da Santa história,
Obra mais bela e perfeita,
Não há no Mundo memória.
Vendo-se no mundo sozinho,
Pediu a Deus companheira.
Cometeu apenas nisto,
A mais terrível asneira.
Não gostou Deus do pedido,
Mas porém fez-lhe a vontade.
Começou aqui a história,
Da sua infelicidade.
Logo por ela enganado,
Proibido fruto comeu,
Enganando seu marido,
Pecou ela, e ele pecou.
Por causa desta desobediência,
Foram ambos castigados,
E condenados a morte,
Para pagarem seus pecados.
Quando Deus criou o Mundo,
Tudo era informe, e em vão.
O mar imenso e a terra
Jaziam na escuridão.
Deu Deus um sopro divino
Rompeu das trevas a luz.
Apareceu no céu a lua
Com seu brilho que seduz.
O sol rompeu em seguida
Com raios de esplendor.
Cantavam no ar as aves
Mil hinos ao criador.
Apareceram a luz do sol
Toda a espécie de animais;
Começaram a correr
Pelos espessos Pinhais.
Pelos rios, pelos mares
Paisagens de cores variadas.
Volteavam docemente
Suas águas agitadas.
Deus então para completar
A sua bela criação
Lembrou-se de criar o homem
Com a maior perfeição.
Assim apareceu no mundo
O nosso velho Pai Adão.
Sem nenhuma companhia
Rei de toda a criação.
O barro de que foi moldado
Era da escolha de Deus,
Ninguém hoje duvida
Dos altos desígnios seus.
A sua semelhança,
De barro o homem criou,
Um sopro da sua boca
A alma lhe insuflou.
Assim apareceu no mundo,
O nosso velho Pai Adão,
Sem nenhuma companhia,
Rei de toda a criação.
Eis como Adão se concerne,
A luz da Santa história,
Obra mais bela e perfeita,
Não há no Mundo memória.
Vendo-se no mundo sozinho,
Pediu a Deus companheira.
Cometeu apenas nisto,
A mais terrível asneira.
Não gostou Deus do pedido,
Mas porém fez-lhe a vontade.
Começou aqui a história,
Da sua infelicidade.
Logo por ela enganado,
Proibido fruto comeu,
Enganando seu marido,
Pecou ela, e ele pecou.
Por causa desta desobediência,
Foram ambos castigados,
E condenados a morte,
Para pagarem seus pecados.
José filho de Jacob
José filho de Jacob
Por seus irmãos foi vendido,
Haviam dito ao pai,
Que as feras o tinham comido.
Para o Egipto governar,
No tempo da carestia,
Onde trigo não havia,
Ele tinha-o para guardar.
Jacob mandou-o buscar,
Da família tendo dó,
Comprar trigo a Faraó,
Para a família comer,
Quem lho havia de vender,
José filho de Jacob.
José que os irmãos reconheceu,
Retirou-se deu um ai,
Perguntou-lhe o vosso pai,
Ele é vivo ou já morreu?
Um deles lhe respondeu,
Nosso pai ainda é vivo.
Oito filhos tem consigo,
E nos todos onze irmãos éramos.
Só de José não sabemos,
Por seus irmãos foi vendido.
Depois do trigo comido,
Por mais trigo voltaram,
E em companhia levaram,
O seu irmão Benjamim,
Isto já não fica assim,
Este convosco não vai,
Do que tinha acontecido,
Foram dizer ao pai.
Corre Jacob para o Egipto,
Com o filho no sentido,
Pois nunca quis acreditar,
Que as feras o tivessem comido.
Chorou José no Egipto,
Por seu pai que era Jacob,
Chorou tanto, tanto,
Ao mando do Faraó.
José filho de Jacob
Por seus irmãos foi vendido,
Haviam dito ao pai,
Que as feras o tinham comido.
Para o Egipto governar,
No tempo da carestia,
Onde trigo não havia,
Ele tinha-o para guardar.
Jacob mandou-o buscar,
Da família tendo dó,
Comprar trigo a Faraó,
Para a família comer,
Quem lho havia de vender,
José filho de Jacob.
José que os irmãos reconheceu,
Retirou-se deu um ai,
Perguntou-lhe o vosso pai,
Ele é vivo ou já morreu?
Um deles lhe respondeu,
Nosso pai ainda é vivo.
Oito filhos tem consigo,
E nos todos onze irmãos éramos.
Só de José não sabemos,
Por seus irmãos foi vendido.
Depois do trigo comido,
Por mais trigo voltaram,
E em companhia levaram,
O seu irmão Benjamim,
Isto já não fica assim,
Este convosco não vai,
Do que tinha acontecido,
Foram dizer ao pai.
Corre Jacob para o Egipto,
Com o filho no sentido,
Pois nunca quis acreditar,
Que as feras o tivessem comido.
Chorou José no Egipto,
Por seu pai que era Jacob,
Chorou tanto, tanto,
Ao mando do Faraó.
Numa escola um professor…
Numa escola um professor,
Com muito amor,
Chama um petiz,
- Diz-me tu herói criança,
Diz-me qual o teu país,
Diz-me tu herói criança,
Qual é a tua simpatia,
Se é a Itália ou a Bulgária,
Se é a Espanha ou a Turquia.
Diz-me tu herói criança,
Qaul é o teu ideal,
Se é a França ou a Holanda,
Se é Áustria ou Portugal.
Vou responder pois então,
Não digo que não,
Estou bem calado,
O meu país é aquele,
Que me der para comer,
Pão e trabalho.
Numa escola um professor,
Com muito amor,
Chama um petiz,
- Diz-me tu herói criança,
Diz-me qual o teu país,
Diz-me tu herói criança,
Qual é a tua simpatia,
Se é a Itália ou a Bulgária,
Se é a Espanha ou a Turquia.
Diz-me tu herói criança,
Qaul é o teu ideal,
Se é a França ou a Holanda,
Se é Áustria ou Portugal.
Vou responder pois então,
Não digo que não,
Estou bem calado,
O meu país é aquele,
Que me der para comer,
Pão e trabalho.
Canção de Sidónio Pais
Em Lisboa no Rossio,
No largo da estação,
Mataram Sidónio Pais,
Chefe da nossa Nação.
Mataram Sidónio Pais,
Homem de tanta nobreza,
Era bom para toda a gente,
Ainda mais para a pobreza,
Eram três os assassinos,
Com coragem e sem temor,
Para tirarem a vida
Ao nosso governador.
Quem o matou foi Júlio,
Ele mesmo disse a verdade,
Quando se viu interrogado,
No meio da autoridade,
Se morrer eu morro bem,
Defendei a pátria querida,
Foi a ultima palavra,
Que ele disse no fim da vida.
Em Lisboa no Rossio,
No largo da estação,
Mataram Sidónio Pais,
Chefe da nossa Nação.
Mataram Sidónio Pais,
Homem de tanta nobreza,
Era bom para toda a gente,
Ainda mais para a pobreza,
Eram três os assassinos,
Com coragem e sem temor,
Para tirarem a vida
Ao nosso governador.
Quem o matou foi Júlio,
Ele mesmo disse a verdade,
Quando se viu interrogado,
No meio da autoridade,
Se morrer eu morro bem,
Defendei a pátria querida,
Foi a ultima palavra,
Que ele disse no fim da vida.
Alemanha malvada
Ó Alemanha malvada,
Só pensas em mutilar,
Não tens coração humano,
Foste deitar ao oceano,
Tanta criança afogar.
Oitenta e seis criancinhas,
Tiveram morte no mar,
Sem aviso prévio continuo,
O comandante do submarino,
Mandou o barco afundar,
Da França eram levadas,
Para o sul da Inglaterra,
Oitenta e três criancinhas,
Todas elas orfãzinhas,
Seus pais morreram na guerra.
Tudo fazes para apoderar,
A poderosa Inglaterra,
Mas não poderá vencer,
Tem aliados para a defender,
Não pode perder a guerra.
Ó Alemanha malvada,
Só pensas em mutilar,
Não tens coração humano,
Foste deitar ao oceano,
Tanta criança afogar.
Oitenta e seis criancinhas,
Tiveram morte no mar,
Sem aviso prévio continuo,
O comandante do submarino,
Mandou o barco afundar,
Da França eram levadas,
Para o sul da Inglaterra,
Oitenta e três criancinhas,
Todas elas orfãzinhas,
Seus pais morreram na guerra.
Tudo fazes para apoderar,
A poderosa Inglaterra,
Mas não poderá vencer,
Tem aliados para a defender,
Não pode perder a guerra.
Adeus, adeus ó Bragança
Adeus, adeus ó Bragança,
Soldados de Infantaria,
Adeus pai e adeus mãe,
Adeus até um dia.
Adeus, adeus ó Bragança,
Soldados de Infantaria,
Adeus pai e adeus mãe,
Adeus até um dia.
Toma lá este rosário,
Mete-o à tua algibeira,
Quando rezares aplica-o,
Á senhora da Ribeira.
A senhora da Ribeira,
A senhora Santa Ana,
Que nos livre das granadas,
E do poder da Alemanha.
Pôs-se como uma fera,
O imperador da Alemanha,
Ele queria conquistar o mundo,
Nesta horrível campanha.
Quando chegamos à França,
Não nos lembra de desertar,
Só nos lembra de ir para a fila,
Contra os alemães batalhar.
Das janelas do comboio,
Disse adeus ao regimento,
Adeus cidade de Bragança,
Adeus praças do meu tempo.
O meu pai já é velhinho,
Já não pode trabalhar,
O remédio é morrer,
Num cantinho a chorar.
Mete-o à tua algibeira,
Quando rezares aplica-o,
Á senhora da Ribeira.
A senhora da Ribeira,
A senhora Santa Ana,
Que nos livre das granadas,
E do poder da Alemanha.
Pôs-se como uma fera,
O imperador da Alemanha,
Ele queria conquistar o mundo,
Nesta horrível campanha.
Quando chegamos à França,
Não nos lembra de desertar,
Só nos lembra de ir para a fila,
Contra os alemães batalhar.
Das janelas do comboio,
Disse adeus ao regimento,
Adeus cidade de Bragança,
Adeus praças do meu tempo.
O meu pai já é velhinho,
Já não pode trabalhar,
O remédio é morrer,
Num cantinho a chorar.
Guerra civil Espanhola
Em Espanha o comunismo,
Faz lá vezes do diabo,
Tem feito de lá fugir,
Muito rico abastado.
O Governo da Nação,
Podem crer está bem mal,
Cortam a cabeça a um homem,
Como cortam um bacalhau.
O Governo da Nação,
Disso não sabe nada,
Cortam a cabeça a um homem,
Fica com ela cortada.
Ao chegar a Barcelona
Fizeram grande caçada,
Mataram frades e freiras,
Padres não deixaram nada.
O padre de Santander,
Ele não quer dizer mais missa,
Só quer ser o presidente,
Do partido Bolchevista
Em Espanha o comunismo,
Faz lá vezes do diabo,
Tem feito de lá fugir,
Muito rico abastado.
O Governo da Nação,
Podem crer está bem mal,
Cortam a cabeça a um homem,
Como cortam um bacalhau.
O Governo da Nação,
Disso não sabe nada,
Cortam a cabeça a um homem,
Fica com ela cortada.
Ao chegar a Barcelona
Fizeram grande caçada,
Mataram frades e freiras,
Padres não deixaram nada.
O padre de Santander,
Ele não quer dizer mais missa,
Só quer ser o presidente,
Do partido Bolchevista
O NOVO MAPA DA EUROPA TIRADO POR ESTAS ERAS…
O novo mapa da Europa,
Tirado por estas eras,
Por entre vales e montes,
Não brilham fontes,
Mas brigam feras.
O touro é a nova Espanha,
A Rússia o urso que avança,
O tigre é a grande Alemanha,
Para ver se apanha o leão França.
Jugoslávia é uma serpente,
Crocodilo é a Inglaterra,
Áustria camelo indolente,
Hungria à frente é lobo da serra.
Bulgária é rola do mato,
Canário é a Turquia,
Da Estónia à Lituânia,
Lá na Letónia, Já só se pia.
A Holanda é uma girafa,
Finlândia cabra fatal,
Das esferas sem espingarda,
O cão de guarda é Portugal.
O novo mapa da Europa,
Tirado por estas eras,
Por entre vales e montes,
Não brilham fontes,
Mas brigam feras.
O touro é a nova Espanha,
A Rússia o urso que avança,
O tigre é a grande Alemanha,
Para ver se apanha o leão França.
Jugoslávia é uma serpente,
Crocodilo é a Inglaterra,
Áustria camelo indolente,
Hungria à frente é lobo da serra.
Bulgária é rola do mato,
Canário é a Turquia,
Da Estónia à Lituânia,
Lá na Letónia, Já só se pia.
A Holanda é uma girafa,
Finlândia cabra fatal,
Das esferas sem espingarda,
O cão de guarda é Portugal.
Mapas da Europa
O novo mapa da Europa,
Tirado em 41,
Tem gravuras da terra,
Devido à guerra, não há nenhum.
A pobre França coitada,
Já vai correndo no fado,
Já só tem um bocadinho,
Bem pequenino, não ocupado.
A mesma sorte precária,
Teve a Bulgária mais a Hungria,
Roménia e Noruega, seguindo a regra,
Vão para a Turquia.
Ó Inglaterra valente,
Que por Mara ninguém lhe ganha.
Que defende a sua terra,
Pronta para a guerra, contra a Alemanha,
Às nações mais pequeninas,
Já lhe treme o coração,
Soldados em fileiras,
Vão para as trincheiras,
De armas na mão.
Hither no meio da Alemanha,
Ele esta de rédeas na mão,
Tem os leões enjaulados,
Bem preparados, para a ocasião.
Hither no meio da Alemanha,
Ele luta como um leão,
Ele vai a todo lado,
Bem descansado
De flores na mão.
A Rússia olha a questão,
De armas na mão,
Até que se farte.
Para mais sangue derramar,
No mar, terra ou ar,
Ou em qualquer parte.
Holanda, Bélgica e França,
Esperam a bonança,
Dias felizes,
América para sua glória,
Quer a vitória,
Desses países.
Só tu Portugal pequenino,
Tens no teu ninho felicidade
Teu sacrossanto estandarte,
É o baluarte da liberdade,
Só tu Portugal pequenino,
País de paz e amor,
Tens cantadores de fado,
És respeitado e trabalhador.
O novo mapa da Europa,
Tirado em 41,
Tem gravuras da terra,
Devido à guerra, não há nenhum.
A pobre França coitada,
Já vai correndo no fado,
Já só tem um bocadinho,
Bem pequenino, não ocupado.
A mesma sorte precária,
Teve a Bulgária mais a Hungria,
Roménia e Noruega, seguindo a regra,
Vão para a Turquia.
Ó Inglaterra valente,
Que por Mara ninguém lhe ganha.
Que defende a sua terra,
Pronta para a guerra, contra a Alemanha,
Às nações mais pequeninas,
Já lhe treme o coração,
Soldados em fileiras,
Vão para as trincheiras,
De armas na mão.
Hither no meio da Alemanha,
Ele esta de rédeas na mão,
Tem os leões enjaulados,
Bem preparados, para a ocasião.
Hither no meio da Alemanha,
Ele luta como um leão,
Ele vai a todo lado,
Bem descansado
De flores na mão.
A Rússia olha a questão,
De armas na mão,
Até que se farte.
Para mais sangue derramar,
No mar, terra ou ar,
Ou em qualquer parte.
Holanda, Bélgica e França,
Esperam a bonança,
Dias felizes,
América para sua glória,
Quer a vitória,
Desses países.
Só tu Portugal pequenino,
Tens no teu ninho felicidade
Teu sacrossanto estandarte,
É o baluarte da liberdade,
Só tu Portugal pequenino,
País de paz e amor,
Tens cantadores de fado,
És respeitado e trabalhador.
A visita
Fui um dia visitar,
Às camas de um hospital,
Um antigo amigo meu,
Quando fui para retirar,
Só vi um certo sinal,
Que outra doente me deu,
Sei que vives arrastada,
Mãezinha a vida inteira,
Só te persegue a desgraça,
Vem-me ver não tragas nada,
Vêm-me ver na quinta-feira,
Pois a visita é de graça.
Chega a hora da visita,
Não te vejo a aparecer,
Fico com louca ansiedade.
Mãezinha tu acredita,
Que só depois de te ver,
Posso morrer à vontade.
Fui um dia visitar,
Às camas de um hospital,
Um antigo amigo meu,
Quando fui para retirar,
Só vi um certo sinal,
Que outra doente me deu,
Sei que vives arrastada,
Mãezinha a vida inteira,
Só te persegue a desgraça,
Vem-me ver não tragas nada,
Vêm-me ver na quinta-feira,
Pois a visita é de graça.
Chega a hora da visita,
Não te vejo a aparecer,
Fico com louca ansiedade.
Mãezinha tu acredita,
Que só depois de te ver,
Posso morrer à vontade.
JARDINEIRA
- Bom dia senhora Hortênsia,
Minha querida jardineira,
Anda regando as flores,
Sendo a tua a mais verdadeira,
Por uma flor que a menina tem,
Trago imensa cegueira.
- Bom dia senhor Artur,
Muito me faz admirar,
E então a estas horas,
No jardim a passear.
Pois por um ar em demasia,
Que se pode constipar.
- Mal tu pensas jardineira,
O que tu me fazes sentir,
Quando oiço o regador,
Tenho da cama sair.
Porque tu tens uma flor,
Que me não deixa dormir.
- Então que flor é essa,
Que tão cedo o faz erguer.
Se sabe onde ela está,
O senhor pode dizer.
O meu pai não lhe ralhará,
Por a irmos colher.
- A flor que meu peito estima,
Trá-la tu sempre contigo,
Está do umbigo para baixo,
E do joelho para cima.
Gostaria de a colher,
Se a encontrasse a si sozinha.
- Retire-se senhor Artur,
Pois isso não pode ser,
Está-se-lhe a enchendo
a boca de água,
Que faria se a pudesse ver.
Essa flor trago-a comigo,
Para quem me receber.
- Deixe de ser jardineira,
E venha a ser viscondessa,
Venha para minha casa,
Deitar banhos à igreja,
O que é meu é seu,
Pode-lo ter a certeza.
- Se é nessa condição,
Aqui me tem senhor Artur,
Se é para casar comigo,
E eu para ser sua mulher,
Dou-lhe abraços e beijinhos,
E outras coisas que eu tiver.
- Minha querida jardineira,
Eu já não posso para,
Eu sinto um calor comigo,
Só tu mo podes apagar.
Á sombra desta roseira,
Vamos o fogo apagar.
E o teu jardim vamos regar.
- Bom dia senhora Hortênsia,
Minha querida jardineira,
Anda regando as flores,
Sendo a tua a mais verdadeira,
Por uma flor que a menina tem,
Trago imensa cegueira.
- Bom dia senhor Artur,
Muito me faz admirar,
E então a estas horas,
No jardim a passear.
Pois por um ar em demasia,
Que se pode constipar.
- Mal tu pensas jardineira,
O que tu me fazes sentir,
Quando oiço o regador,
Tenho da cama sair.
Porque tu tens uma flor,
Que me não deixa dormir.
- Então que flor é essa,
Que tão cedo o faz erguer.
Se sabe onde ela está,
O senhor pode dizer.
O meu pai não lhe ralhará,
Por a irmos colher.
- A flor que meu peito estima,
Trá-la tu sempre contigo,
Está do umbigo para baixo,
E do joelho para cima.
Gostaria de a colher,
Se a encontrasse a si sozinha.
- Retire-se senhor Artur,
Pois isso não pode ser,
Está-se-lhe a enchendo
a boca de água,
Que faria se a pudesse ver.
Essa flor trago-a comigo,
Para quem me receber.
- Deixe de ser jardineira,
E venha a ser viscondessa,
Venha para minha casa,
Deitar banhos à igreja,
O que é meu é seu,
Pode-lo ter a certeza.
- Se é nessa condição,
Aqui me tem senhor Artur,
Se é para casar comigo,
E eu para ser sua mulher,
Dou-lhe abraços e beijinhos,
E outras coisas que eu tiver.
- Minha querida jardineira,
Eu já não posso para,
Eu sinto um calor comigo,
Só tu mo podes apagar.
Á sombra desta roseira,
Vamos o fogo apagar.
E o teu jardim vamos regar.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Já não vou à tua casa
Eu não vou à tua casa,
Não faças gosto em me ver,
Se ainda me tens amizade,
Faz amor por me esquecer.
Hoje já dei passos por ti,
Hoje não faço diligência,
Se achares conveniência
Não a percas por causa de mim,
Deus queira que seja assim,
Cada um por si faz brasa,
Se quiseres saber da causa,
Procura a ocasião,
Saberes qual a razão,
De eu não ir a tua casa
Se houver de quem de ti pretenda,
Deixa de amar o meu rosto,
Com mais ou menos fazenda,
Se tens algum de encomenda,
Procura então de saber.
Estou disposto a não querer,
Tal pessoa como a tua,
Quando passares pela rua,
Não faças gosto em me ver.
És mais varia que o vento,
Que se vira a cada instante,
A tua cabeça ambulante,
Que não tem regulamento,
Se te quis bem nalgum tempo,
Tu deste-me à gravidade,
Governas-te à tua vontade,
Não te importas-te da minha vida,
Podes viver de mim esquecida,
Se ainda me tens amizade,
A mim não me faltam amores,
Tenho muitos a meu contendo,
Já se acabou o tempo
De seres a rainha das flores,
Essas tuas mimosas cores,
Um dia há-de perder,
Se alguém de ti pretender,
E contigo mudar de estado,
Do nosso tempo passado,
Faz amor por esquecer.
Eu não vou à tua casa,
Não faças gosto em me ver,
Se ainda me tens amizade,
Faz amor por me esquecer.
Hoje já dei passos por ti,
Hoje não faço diligência,
Se achares conveniência
Não a percas por causa de mim,
Deus queira que seja assim,
Cada um por si faz brasa,
Se quiseres saber da causa,
Procura a ocasião,
Saberes qual a razão,
De eu não ir a tua casa
Se houver de quem de ti pretenda,
Deixa de amar o meu rosto,
Com mais ou menos fazenda,
Se tens algum de encomenda,
Procura então de saber.
Estou disposto a não querer,
Tal pessoa como a tua,
Quando passares pela rua,
Não faças gosto em me ver.
És mais varia que o vento,
Que se vira a cada instante,
A tua cabeça ambulante,
Que não tem regulamento,
Se te quis bem nalgum tempo,
Tu deste-me à gravidade,
Governas-te à tua vontade,
Não te importas-te da minha vida,
Podes viver de mim esquecida,
Se ainda me tens amizade,
A mim não me faltam amores,
Tenho muitos a meu contendo,
Já se acabou o tempo
De seres a rainha das flores,
Essas tuas mimosas cores,
Um dia há-de perder,
Se alguém de ti pretender,
E contigo mudar de estado,
Do nosso tempo passado,
Faz amor por esquecer.
ENXADA
Fui nobre cortante enxada,
Desbravei relvas de pão,
Fui sucata abandonada,
Ando agora num canhão.
Ainda me lembra de ser
Pedra de mineral,
Lembra-me a luta final,
Dos braços que me foram colher,
Levaram-me a derreter,
Fui em ferro transformada,
E depois à martelada,
Numa vigórnia estendida,
Deram-me uma forma de vida,
Fui nobre cortante enxada.
Comprou-me um moço pulsante,
Fez-me um cabo de madeira,
Fui embora uma segunda-feira,
Nos braços desse gigante,
E daí em diante,
Foi a minha profissão,
Desbravei relvas de pão,
Cavei vinha s e olivais,
Vinte anos talvez mais,
Desbravei, cavei no chão.
Começava de manha,
Em lutas rigorosas,
Cavando terras rochosas,
Cada vez com mais afã,
Conservei-me enquanto sã,
Fui vizinha de latada,
Abandonada ferrugenta,
Deixei de ser ferramenta,
Fui sucata abandonada.
Estive sete anos sem valor,
Junto a ferros como eu,
Até que um, dia apareceu,
Lá em casa um comprador,
Levaram-me num vapor,
Fui a nova fundição,
Desde esse então,
Deixei de cavar na terra,
Levaram-me para a guerra,
Ando agora num canhão.
Fui nobre cortante enxada,
Desbravei relvas de pão,
Fui sucata abandonada,
Ando agora num canhão.
Ainda me lembra de ser
Pedra de mineral,
Lembra-me a luta final,
Dos braços que me foram colher,
Levaram-me a derreter,
Fui em ferro transformada,
E depois à martelada,
Numa vigórnia estendida,
Deram-me uma forma de vida,
Fui nobre cortante enxada.
Comprou-me um moço pulsante,
Fez-me um cabo de madeira,
Fui embora uma segunda-feira,
Nos braços desse gigante,
E daí em diante,
Foi a minha profissão,
Desbravei relvas de pão,
Cavei vinha s e olivais,
Vinte anos talvez mais,
Desbravei, cavei no chão.
Começava de manha,
Em lutas rigorosas,
Cavando terras rochosas,
Cada vez com mais afã,
Conservei-me enquanto sã,
Fui vizinha de latada,
Abandonada ferrugenta,
Deixei de ser ferramenta,
Fui sucata abandonada.
Estive sete anos sem valor,
Junto a ferros como eu,
Até que um, dia apareceu,
Lá em casa um comprador,
Levaram-me num vapor,
Fui a nova fundição,
Desde esse então,
Deixei de cavar na terra,
Levaram-me para a guerra,
Ando agora num canhão.
Corto paus e esgalho rama
Corto paus e esgalho rama
Tenho a vitória ganhada,
Morra um homem, mas fique fama,
Mas defenda o seu camarada.
Corto batalhas de amor,
Corto efeitos ao bem querer,
Corto a todos o saber,
Corto e sou cortador,
Corto com todo o valor,
Se a cortar, cortar se chama.
Corto as raízes a quem ama,
Corto a todos o caminho,
Corto madeira de azinho,
Corto paus e esgalho rama,
Tenho uma emoção bastante,
Tenho-a e não a publico.
Tenho a fama que hei-de ser rico,
Tenho a ciência tocante,
Tenho andado de alevante,
Tenho a minha noção formada,
Com a minha própria espada,
Muita gente tenho ferido,
Tenho contudo resistido,
Tenho a vitória ganhada,
Morra a desgraça e o ladrão,
Morra quem for atrevido,
Morra quem tenha mal sentido,
Morra a má inclinação,
Morra toda a geração,
Morra quem a morte chama,
Morra o doente na cama,
Morra o pescador pecando,
Morra o poeta cantando,
Morra um homem, mas fique fama.
Defenda-se se algum dia se vir,
Nalgum barulho metido,
Defenda-se com o seu sentido,
Defenda-se como puder,
Defenda-se com o seu saber
Defenda-se e não gaste nada,
Defenda-se com a sua espada,
Defenda-se como puder,
Defenda o homem e a mulher,
Defenda o seu camarada.
Corto paus e esgalho rama
Tenho a vitória ganhada,
Morra um homem, mas fique fama,
Mas defenda o seu camarada.
Corto batalhas de amor,
Corto efeitos ao bem querer,
Corto a todos o saber,
Corto e sou cortador,
Corto com todo o valor,
Se a cortar, cortar se chama.
Corto as raízes a quem ama,
Corto a todos o caminho,
Corto madeira de azinho,
Corto paus e esgalho rama,
Tenho uma emoção bastante,
Tenho-a e não a publico.
Tenho a fama que hei-de ser rico,
Tenho a ciência tocante,
Tenho andado de alevante,
Tenho a minha noção formada,
Com a minha própria espada,
Muita gente tenho ferido,
Tenho contudo resistido,
Tenho a vitória ganhada,
Morra a desgraça e o ladrão,
Morra quem for atrevido,
Morra quem tenha mal sentido,
Morra a má inclinação,
Morra toda a geração,
Morra quem a morte chama,
Morra o doente na cama,
Morra o pescador pecando,
Morra o poeta cantando,
Morra um homem, mas fique fama.
Defenda-se se algum dia se vir,
Nalgum barulho metido,
Defenda-se com o seu sentido,
Defenda-se como puder,
Defenda-se com o seu saber
Defenda-se e não gaste nada,
Defenda-se com a sua espada,
Defenda-se como puder,
Defenda o homem e a mulher,
Defenda o seu camarada.
Não te rias de quem chora
Se me vires andar chorando,
Não me olhes com desdém,
Porque pode vir o dia,
De te ver chorar também.
Hoje tens satisfação,
Tens alegria e prazer,
Ainda te podes ver
Na maior aflição,
Depois chorarás então,
Lágrimas de vez em quando,
Em a desgraça chegando,
Traz-te pena se mortais,
Então não te rias mais,
Se me vires andar chorando.
Quando ouvires os meus lamentos,
Considera que são paixão,
Saídos do coração,
Para dar os sentimentos,
São os tristes argumentos,
Quando a triste sorte vem,
Mais, aqui, ou mais além,
Todos sofrem este trilho,
Por eu hoje não ter brilho,
Não me olhes com desdém.
Nunca deves desvanecer,
Da minha pouca ventura,
Estes golpes de amargura,
Ainda tu podes sofrer,
Quando chegares a perder,
Essa doce harmonia
Só terás por companhia,
A tristeza que te abraça,
Esse golpe da desgraça,
Ainda pode vir um dia,
Se me vires naufragado,
Sem carreira nem caminho,
Por eu hoje não ter carrinho,
Consideras-me um mal tratado,
É assim meu triste estado,
Em que a desgraça me tem,
Não censures com desdém,
A minha triste situação,
Ainda pode vira a ocasião,
De te ver chorar também.
Se me vires andar chorando,
Não me olhes com desdém,
Porque pode vir o dia,
De te ver chorar também.
Hoje tens satisfação,
Tens alegria e prazer,
Ainda te podes ver
Na maior aflição,
Depois chorarás então,
Lágrimas de vez em quando,
Em a desgraça chegando,
Traz-te pena se mortais,
Então não te rias mais,
Se me vires andar chorando.
Quando ouvires os meus lamentos,
Considera que são paixão,
Saídos do coração,
Para dar os sentimentos,
São os tristes argumentos,
Quando a triste sorte vem,
Mais, aqui, ou mais além,
Todos sofrem este trilho,
Por eu hoje não ter brilho,
Não me olhes com desdém.
Nunca deves desvanecer,
Da minha pouca ventura,
Estes golpes de amargura,
Ainda tu podes sofrer,
Quando chegares a perder,
Essa doce harmonia
Só terás por companhia,
A tristeza que te abraça,
Esse golpe da desgraça,
Ainda pode vir um dia,
Se me vires naufragado,
Sem carreira nem caminho,
Por eu hoje não ter carrinho,
Consideras-me um mal tratado,
É assim meu triste estado,
Em que a desgraça me tem,
Não censures com desdém,
A minha triste situação,
Ainda pode vira a ocasião,
De te ver chorar também.
Boas festas boas festas
Um raminho, dois raminhos,
Três raminhos no seu peito,
Viva lá o senhor António,
Esta vai a seu respeito.
Boas festas boas festas,
Boas festas lhe vimos dar,
Nesta quadra festiva,
Os reis lhe vimos cantar.
Viva lá senhora rosa,
Viva os anos que deseja,
Em companhia de um cravo,
Que recebeu na igreja.
Boas festas boas festas,
Boas festas lhe vimos dar,
Nesta quadra festiva,
Os reis lhe vimos cantar.
Um raminho, dois raminhos,
Três ramos de salsa crua,
Viva lá a dona Rosa,
A rainha desta rua.
Boas festas boas festas,
Boas festas lhe vimos dar,
Nesta quadra festiva,
Os reis lhe vimos cantar.
Despedida, despedida,
Quero a dar e não sei,
Diante destes senhores,
Que despedida eu darei.
Boas festas boas festas,
Boas festas lhe vimos dar,
Nesta quadra festiva,
Os reis lhe vimos cantar.
Despedida, despedida,
Por cima de uma maça,
Boa noite meus senhores,
Adeus até amanhã.
Um raminho, dois raminhos,
Três raminhos no seu peito,
Viva lá o senhor António,
Esta vai a seu respeito.
Boas festas boas festas,
Boas festas lhe vimos dar,
Nesta quadra festiva,
Os reis lhe vimos cantar.
Viva lá senhora rosa,
Viva os anos que deseja,
Em companhia de um cravo,
Que recebeu na igreja.
Boas festas boas festas,
Boas festas lhe vimos dar,
Nesta quadra festiva,
Os reis lhe vimos cantar.
Um raminho, dois raminhos,
Três ramos de salsa crua,
Viva lá a dona Rosa,
A rainha desta rua.
Boas festas boas festas,
Boas festas lhe vimos dar,
Nesta quadra festiva,
Os reis lhe vimos cantar.
Despedida, despedida,
Quero a dar e não sei,
Diante destes senhores,
Que despedida eu darei.
Boas festas boas festas,
Boas festas lhe vimos dar,
Nesta quadra festiva,
Os reis lhe vimos cantar.
Despedida, despedida,
Por cima de uma maça,
Boa noite meus senhores,
Adeus até amanhã.
Pinheirinho
O ladrão do pinheiro,
A que porta veio bater,
há porta do senhor Francisco,
Que nos há-de dar de beber,
Chame chame delindindin,
Chame chame delindindao,
Duas guitarras e um violão.
Quem lhe vem cantar os reis,
Pelo buraco da porta,
Certo é que quer saber,
Se já tem a porca morta.
Chame chame delindindin,
Chame chame delindindao,
Vimos-lhe cantar os reis,
Ma s não vimos por dinheiro,
Vimos por passas e nozes,
E chouriças do fumeiro.
Chame chame delindindin,
Chame chame delindindao.
O ladrão do pinheiro,
A que porta veio bater,
há porta do senhor Francisco,
Que nos há-de dar de beber,
Chame chame delindindin,
Chame chame delindindao,
Duas guitarras e um violão.
Quem lhe vem cantar os reis,
Pelo buraco da porta,
Certo é que quer saber,
Se já tem a porca morta.
Chame chame delindindin,
Chame chame delindindao,
Vimos-lhe cantar os reis,
Ma s não vimos por dinheiro,
Vimos por passas e nozes,
E chouriças do fumeiro.
Chame chame delindindin,
Chame chame delindindao.
Pastores da Serra
Pastores da serra,
Vinde ouvir também,
Vinde ouvir Jesus,
Em Jerusalém.
Quem lhe vem cantar os reis,
De noite pelo escuro,
Certo é que quer saber,
Se o seu vinho é maduro.
Estou a cantar os reis,
Já passou o Santo Amaro,
Eu não pude vir mais cedo,
Por estar o tempo gelado.
Venho-lhe cantar os reis,
Demandado de um amigo,
Se julgais que vos engano,
Aqui o trago comigo.
Estas casas são caiadas,
Mais por dentro que por fora,
Por muitos anos as logrem,
O casal que nela mora.
Estas casas são caiadas,
Os telhados são de vidro,
Por muitos anos a logrem,
A mulher com seu marido.
Ainda agora aqui cheguei,
Ao cimo desta escada,
Logo o meu coração disse,
Aqui mora gente honrada.
Levanta-te ó senhora,
Do seu banquinho de prata,
Venha-nos abrir a porta,
Que está um frio que mata.
Em tais noites como esta,
Cantam-se os reis aos fidalgos,
Também nós os cantamos,
A estes senhores honrados.
Aqui vimos, aqui vimos,
Aqui vimos, bem sabeis,
Vimos dar as boas festas,
E também cantar os reis.
Levanta-te ó senhora,
Do banco de cortiça,
Venha-nos abrir a porta,
E apanhe-me uma chouriça.
Despedida, despedida,
Por cima do verde pano,
Boas noites meus senhores,
Adeus até para o ano.
Pastores da serra,
Vinde ouvir também,
Vinde ouvir Jesus,
Em Jerusalém.
Quem lhe vem cantar os reis,
De noite pelo escuro,
Certo é que quer saber,
Se o seu vinho é maduro.
Estou a cantar os reis,
Já passou o Santo Amaro,
Eu não pude vir mais cedo,
Por estar o tempo gelado.
Venho-lhe cantar os reis,
Demandado de um amigo,
Se julgais que vos engano,
Aqui o trago comigo.
Estas casas são caiadas,
Mais por dentro que por fora,
Por muitos anos as logrem,
O casal que nela mora.
Estas casas são caiadas,
Os telhados são de vidro,
Por muitos anos a logrem,
A mulher com seu marido.
Ainda agora aqui cheguei,
Ao cimo desta escada,
Logo o meu coração disse,
Aqui mora gente honrada.
Levanta-te ó senhora,
Do seu banquinho de prata,
Venha-nos abrir a porta,
Que está um frio que mata.
Em tais noites como esta,
Cantam-se os reis aos fidalgos,
Também nós os cantamos,
A estes senhores honrados.
Aqui vimos, aqui vimos,
Aqui vimos, bem sabeis,
Vimos dar as boas festas,
E também cantar os reis.
Levanta-te ó senhora,
Do banco de cortiça,
Venha-nos abrir a porta,
E apanhe-me uma chouriça.
Despedida, despedida,
Por cima do verde pano,
Boas noites meus senhores,
Adeus até para o ano.
Nossa Senhora chamou-me
Nossa Senhora faz meias,
Faz meias em ponto de cruz,
O novelo é lua cheia,
As meias são para Jesus.
Nossa Senhora chamou-me,
Chamou-me eu vou com ela,
Ela é minha madrinha,
Eu sou afilhada dela.
S. José é carpinteiro,
Ele aparelha a madeira,
Cada qual no seu oficio,
O meu é de lavadeira.
Nossa Senhora chamou-me,
Nossa Senhora faz meias,
Faz meias em ponto de cruz,
O novelo é lua cheia,
As meias são para Jesus.
Nossa Senhora chamou-me,
Chamou-me eu vou com ela,
Ela é minha madrinha,
Eu sou afilhada dela.
S. José é carpinteiro,
Ele aparelha a madeira,
Cada qual no seu oficio,
O meu é de lavadeira.
Nossa Senhora chamou-me,
Chamou-me eu vou com ela,
Ela é minha madrinha,
Eu sou afilhada dela.
Eu também sou lavadeira,
Lavo no rio Jordão,
Cada vez que vou lavar,
Me aparece S.João.
Nossa Senhora chamou-me,
Eu também sou lavadeira,
Lavo no rio Jordão,
Cada vez que vou lavar,
Me aparece S.João.
Nossa Senhora chamou-me,
Chamou-me eu vou com ela,
Ela é minha madrinha,
Eu sou afilhada dela.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Canção do Natal:
Canção ao menino
Maria lavava,
S.José estendia,
Menino chorava,
Com o frio que fazia.
Cala-te meu menino,
Cala-te meu amor,
O frio que corta,
Faz golpes de dor.
Os filhos dos ricos
Em berços de flores
Só tu meu menino
Sofrendo com dores.
Os filhos dos ricos
Em berços dourados,
Só tu meu menino
Em palhas deitado.
Em palhas deitado,
Em palhas aquecido,
Filho de uma rosa,
De um cravo nascido.
Canção ao menino
Maria lavava,
S.José estendia,
Menino chorava,
Com o frio que fazia.
Cala-te meu menino,
Cala-te meu amor,
O frio que corta,
Faz golpes de dor.
Os filhos dos ricos
Em berços de flores
Só tu meu menino
Sofrendo com dores.
Os filhos dos ricos
Em berços dourados,
Só tu meu menino
Em palhas deitado.
Em palhas deitado,
Em palhas aquecido,
Filho de uma rosa,
De um cravo nascido.
O mar está bravo
Comparo minhas tristezas,
Às ondas que tem o mar,
Mal uma desaparece,
Já se está outra a formar.
O mar está bravo,
As ondas a bater,
Só tu meu amor,
Quem te pudera valer.
As ondas do mar são brancas,
E no meio amarelas,
Coitadinho de quem nasce,
Para morrer no meio delas.
O mar está bravo,
As ondas a bater,
Só tu meu amor,
Quem te pudera valer.
Comparo minhas tristezas,
Às ondas que tem o mar,
Mal uma desaparece,
Já se está outra a formar.
O mar está bravo,
As ondas a bater,
Só tu meu amor,
Quem te pudera valer.
As ondas do mar são brancas,
E no meio amarelas,
Coitadinho de quem nasce,
Para morrer no meio delas.
O mar está bravo,
As ondas a bater,
Só tu meu amor,
Quem te pudera valer.
Bininha
Anda lá para adiante,
Que eu atrás de ti não vou,
Não me ajuda o coração,
Amar a quem me deixou.
Adeus ó Bininha,
Ó Bininha adeus,
Eu só levo pena,
Desses olhos teus.
Desses olhos teus,
É que eu levo pena,
Adeus ó Bininha,
Ó cara morena.
Adeus que me vou embora,
Para onde não to digo,
Se tu ficas com saudades,
Prepara-te e vem comigo.
Adeus ó Bininha,
Ó Bininha adeus,
Eu só levo pena,
Desses olhos teus.
Desses olhos teus,
É que eu levo pena,
Adeus ó Bininha,
Ó cara morena.
Anda lá para adiante,
Que eu atrás de ti não vou,
Não me ajuda o coração,
Amar a quem me deixou.
Adeus ó Bininha,
Ó Bininha adeus,
Eu só levo pena,
Desses olhos teus.
Desses olhos teus,
É que eu levo pena,
Adeus ó Bininha,
Ó cara morena.
Adeus que me vou embora,
Para onde não to digo,
Se tu ficas com saudades,
Prepara-te e vem comigo.
Adeus ó Bininha,
Ó Bininha adeus,
Eu só levo pena,
Desses olhos teus.
Desses olhos teus,
É que eu levo pena,
Adeus ó Bininha,
Ó cara morena.
Laurinda
Ó Laurinda linda, linda
És mais linda do que o sol,
Deixa-me passar um noite,
Ás dobras do teu lençol.
Ás dobras do meu lençol,
Sim , sim hoje,
Amanhã não,
Meu marido não está cá,
Foi para a feira do Garvão.
Lá pelo meio da noite,
Marido à porta bateu,
Bateu um a, bateu duas,
Laurinda não respondeu.
Ou ela está doentinha,
Ou tomou novos amores,
Ou então procura as chaves,
No meio dos corredores.
- De quem é aquele chapéu,
Que está ali dependurado?
- É do meu irmão mais novo,
Está na tropa, é soldado.
- De quem é aquele cavalo?
Que na minha esquadra entrou.
- É para ti meu marido,
Foi meu pai quem to mandou.
- De quem é aquele capote,
Bordadinho a galão?
- É para ti meu marido,
Foi bordado por minha mão.
- De quem é aquela espada,
Que está em cima do balcão?
- Pega nela meu marido,
Ferra-ma no coração.
- De quem é aquele suspiro,
Que ao meu peito se atirou?
- Laurinda que aquilo ouviu,
Caiu ao chão, desmaiou.
- Não desmais ó Laurinda,
Não vale a pena desmaiares,
Todo o amor que eu te tinha,
Agora vai acabar.
Vai lá buscar tuas manas,
Trá-las todas num andor,
A mais novinhas de todas,
Há-de ser o meu amor.
Vai lá buscar o teu pai,
Para ver a filha que me deu.
- Que culpa tem o meu pai,
Ao mal que a filha causou.
Ó Laurinda linda, linda
És mais linda do que o sol,
Deixa-me passar um noite,
Ás dobras do teu lençol.
Ás dobras do meu lençol,
Sim , sim hoje,
Amanhã não,
Meu marido não está cá,
Foi para a feira do Garvão.
Lá pelo meio da noite,
Marido à porta bateu,
Bateu um a, bateu duas,
Laurinda não respondeu.
Ou ela está doentinha,
Ou tomou novos amores,
Ou então procura as chaves,
No meio dos corredores.
- De quem é aquele chapéu,
Que está ali dependurado?
- É do meu irmão mais novo,
Está na tropa, é soldado.
- De quem é aquele cavalo?
Que na minha esquadra entrou.
- É para ti meu marido,
Foi meu pai quem to mandou.
- De quem é aquele capote,
Bordadinho a galão?
- É para ti meu marido,
Foi bordado por minha mão.
- De quem é aquela espada,
Que está em cima do balcão?
- Pega nela meu marido,
Ferra-ma no coração.
- De quem é aquele suspiro,
Que ao meu peito se atirou?
- Laurinda que aquilo ouviu,
Caiu ao chão, desmaiou.
- Não desmais ó Laurinda,
Não vale a pena desmaiares,
Todo o amor que eu te tinha,
Agora vai acabar.
Vai lá buscar tuas manas,
Trá-las todas num andor,
A mais novinhas de todas,
Há-de ser o meu amor.
Vai lá buscar o teu pai,
Para ver a filha que me deu.
- Que culpa tem o meu pai,
Ao mal que a filha causou.
Maria Helena
Chama-se Maria helena,
Essa formosa pequena,
Com seu paizinho vivia,
A quem tanto respeitava.
Nesse lar só se encontrava,
Muita paz e harmonia.
Há seis anos namorava,
E pelo rapaz que amava,
Sentia um amor profundo,
Os dois a amavam-se tanto,
O seu amor puro e santo,
Deu um exemplo ao mundo,
Helena e seu namorado,
Já tinham os dois combinado
Ao pai dar conhecimento,
Então o seu namorado,
Já tinha o dia marcado,
Para a pedir em casamento.
Mas nesse dia fatal,
As coisas correram mal,
Por azar houve pouca sorte,
O seu pai num carro vinha,
E num desastre que tinha,
Ficou entre a vida e a morte,
Na mesma estrada passava,
E o seu carro guiava,
Um médico de bom coração,
Ficou aterrorizado,
Ao ver um carro despedaçado,
E um homem ferido no chão,
Prestou socorro ao ferido,
Ao ver que ainda estava vivo,
Quando o examinou,
Nos documentos que leu,
A morada dele viu,
E à sua casa o levou,
Ao médico metia pena,
Os clamores da Helena,
Ao ver o seu pai ferido,
Ela pedia a tremer,
Senhor doutor, não deixe morrer,
Meu paizinho querido.
O médico o doente tratava,
Que dia após dia melhorava,
Graças a esse senhor,
E quando já bom estava,
Quanto lhe devo senhor doutor?
É cm grande satisfação,
Que vejo que já está bom,
Disse o médico de momento,
Nada me tem a pagar,
Só peço para me dar,
Sua filha em casamento.
Minha filha casara,
Eu lhe digo desde já,
Que Deus lhe dê boa sorte,
Disse o pai com comoção.
Não posso dizer que não,
A quem me salvo da morte.
Helena de nada sabia,
E quando ao paizinho dizia,
Júlio com o pai quer falar,
Vem pedir-me em casamento,
Peço ao pai neste momento,
Para nos deixar casar.
O doutor gosta de ti,
Eu já me comprometi,
Ouve filhinha querida,
Ele pediu-me atua mão,
Eu não posso dizer que não.
A quem me salvou a vida.
A sua palavra honrada,
Por mim será respeitada,
Helena ao pai respondeu,
Eu lhe obedecerei,
Mas nunca esquecerei,
Um homem que para mim nasceu.
No dia do casamento,
Com profundo sentimento,
Helena para a igreja seguia,
Tinha um sorriso no rosto,
Para encobrir o desgosto,
Que naquele momento sentia.
E quando a casa chegou,
No seu rosto demonstrou,
A sua grande paixão,
Na sala onde ela morava,
Já morta foi encontrada,
Com um retrato na mão.
Helena antes de morrer,
Ainda quis escrever,
Estas palavras assim:
Este homem com quem casei,
Salvou a morte a meu pai,
Mas trouxe a morte para mim,
Júlio ausentou-se sentido,
Por não termos conseguido,
O nosso bom casamento,
Tinha um desgosto profundo,
E eu vou deixar o mundo,
Com ele no pensamento.
A família de Júlio avisou,
E quando a terra chegou,
Já Helena estava na sepultura,
Júlio tanto se comoveu,
Sobre a campa dela morreu,
Quando era já noite escura.
Chama-se Maria helena,
Essa formosa pequena,
Com seu paizinho vivia,
A quem tanto respeitava.
Nesse lar só se encontrava,
Muita paz e harmonia.
Há seis anos namorava,
E pelo rapaz que amava,
Sentia um amor profundo,
Os dois a amavam-se tanto,
O seu amor puro e santo,
Deu um exemplo ao mundo,
Helena e seu namorado,
Já tinham os dois combinado
Ao pai dar conhecimento,
Então o seu namorado,
Já tinha o dia marcado,
Para a pedir em casamento.
Mas nesse dia fatal,
As coisas correram mal,
Por azar houve pouca sorte,
O seu pai num carro vinha,
E num desastre que tinha,
Ficou entre a vida e a morte,
Na mesma estrada passava,
E o seu carro guiava,
Um médico de bom coração,
Ficou aterrorizado,
Ao ver um carro despedaçado,
E um homem ferido no chão,
Prestou socorro ao ferido,
Ao ver que ainda estava vivo,
Quando o examinou,
Nos documentos que leu,
A morada dele viu,
E à sua casa o levou,
Ao médico metia pena,
Os clamores da Helena,
Ao ver o seu pai ferido,
Ela pedia a tremer,
Senhor doutor, não deixe morrer,
Meu paizinho querido.
O médico o doente tratava,
Que dia após dia melhorava,
Graças a esse senhor,
E quando já bom estava,
Quanto lhe devo senhor doutor?
É cm grande satisfação,
Que vejo que já está bom,
Disse o médico de momento,
Nada me tem a pagar,
Só peço para me dar,
Sua filha em casamento.
Minha filha casara,
Eu lhe digo desde já,
Que Deus lhe dê boa sorte,
Disse o pai com comoção.
Não posso dizer que não,
A quem me salvo da morte.
Helena de nada sabia,
E quando ao paizinho dizia,
Júlio com o pai quer falar,
Vem pedir-me em casamento,
Peço ao pai neste momento,
Para nos deixar casar.
O doutor gosta de ti,
Eu já me comprometi,
Ouve filhinha querida,
Ele pediu-me atua mão,
Eu não posso dizer que não.
A quem me salvou a vida.
A sua palavra honrada,
Por mim será respeitada,
Helena ao pai respondeu,
Eu lhe obedecerei,
Mas nunca esquecerei,
Um homem que para mim nasceu.
No dia do casamento,
Com profundo sentimento,
Helena para a igreja seguia,
Tinha um sorriso no rosto,
Para encobrir o desgosto,
Que naquele momento sentia.
E quando a casa chegou,
No seu rosto demonstrou,
A sua grande paixão,
Na sala onde ela morava,
Já morta foi encontrada,
Com um retrato na mão.
Helena antes de morrer,
Ainda quis escrever,
Estas palavras assim:
Este homem com quem casei,
Salvou a morte a meu pai,
Mas trouxe a morte para mim,
Júlio ausentou-se sentido,
Por não termos conseguido,
O nosso bom casamento,
Tinha um desgosto profundo,
E eu vou deixar o mundo,
Com ele no pensamento.
A família de Júlio avisou,
E quando a terra chegou,
Já Helena estava na sepultura,
Júlio tanto se comoveu,
Sobre a campa dela morreu,
Quando era já noite escura.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Maria da luz
Chama-se ela Maria,
De sobrenome da Luz,
Na aldeia onde vivia,
Toda a gente lhe dizia,
Vives na paz de Jesus.
Mas certo dia um pastor,
Que por ela se apaixonou,
Ela disse com alegria e fervor,
- Eu sou tua meu amor,
Desta maneira lhe jurou.
- Juro pela minha luz,
Pela luz do meu olhar,
Juro de todo o coração,
Que eu fique ceguinha então,
Se eu um dia te deixar.
Mas não passou muito tempo,
A que essa jura faltou,
E mesmo naquele momento,
Que ela quebrou o juramento,
Por castigo então cegou.
De porta em porta a bater,
Arrastando a negra cruz,
Com o seu viver de frente,
Dizia para toda a gente:
- Sou a Maria sem luz.
Mas ele ao vê-la ceguinha,
De porta em porta a bater,
Não te posso ver assim,
Tu volta para ao pé de mim,
Não te quero ver sofrer.
Chama-se ela Maria,
De sobrenome da Luz,
Na aldeia onde vivia,
Toda a gente lhe dizia,
Vives na paz de Jesus.
Mas certo dia um pastor,
Que por ela se apaixonou,
Ela disse com alegria e fervor,
- Eu sou tua meu amor,
Desta maneira lhe jurou.
- Juro pela minha luz,
Pela luz do meu olhar,
Juro de todo o coração,
Que eu fique ceguinha então,
Se eu um dia te deixar.
Mas não passou muito tempo,
A que essa jura faltou,
E mesmo naquele momento,
Que ela quebrou o juramento,
Por castigo então cegou.
De porta em porta a bater,
Arrastando a negra cruz,
Com o seu viver de frente,
Dizia para toda a gente:
- Sou a Maria sem luz.
Mas ele ao vê-la ceguinha,
De porta em porta a bater,
Não te posso ver assim,
Tu volta para ao pé de mim,
Não te quero ver sofrer.
Romance da ceifa:
O penitente
Valha-me a Santa Ana,
E também Santa Maria,
Se homem que enganou mulheres,
Se Deus lhe perdoaria.
Não sendo filha ou irmã,
Sim, sim Deus lhe perdoaria.
Ó meu Deus do céu,
Não sei se é desgraça minha.
Enganei uma irmã,
E uma prima que eu tinha.
Confessar, confesso-te eu,
Mas absolver-te não podia.
Baixou-se um anjo do céu,
Que desta forma lhe dizia,
- Confessa-te ó ermitão,
Para ver se ele te absolvia.
Dá-lhe a penitencia,
Ao ermitão, conforme ele a merecia,
Não lha dês por um ano,
Nem tão pouco por um dia.
Lá pelo meio da noite
Visitá-lo ele viria,
- Como te vais ó ermitão
Com a minha companhia?
- Até agora me vai bem,
De hoje em diante não sabia.
O penitente
Valha-me a Santa Ana,
E também Santa Maria,
Se homem que enganou mulheres,
Se Deus lhe perdoaria.
Não sendo filha ou irmã,
Sim, sim Deus lhe perdoaria.
Ó meu Deus do céu,
Não sei se é desgraça minha.
Enganei uma irmã,
E uma prima que eu tinha.
Confessar, confesso-te eu,
Mas absolver-te não podia.
Baixou-se um anjo do céu,
Que desta forma lhe dizia,
- Confessa-te ó ermitão,
Para ver se ele te absolvia.
Dá-lhe a penitencia,
Ao ermitão, conforme ele a merecia,
Não lha dês por um ano,
Nem tão pouco por um dia.
Lá pelo meio da noite
Visitá-lo ele viria,
- Como te vais ó ermitão
Com a minha companhia?
- Até agora me vai bem,
De hoje em diante não sabia.
Romance da ceifa:
Jerinaldo B
Jerinaldo, Jerinaldo,
Pagem del rei mais querido,
Bem podias Jerinaldo,
Folgar a noite comigo,
- Folgar assim minha senhora,
Ó meu Deus quem não folgaria.
Mas as penas do inferno,
Ò meu Deus quem as passaria.
- Mas aquele rei do céu,
Tudo te perdoaria.
Dois filhos tenho de ti,
Dois del rei são quatro,
Os del rei comem à mesa,
Os teus comigo no prato.
Os del rei vestem de seda,
Os teus de linho e damasco.
Os del rei andam de mulas,
OS teus de lindos cavalos,
Os del rei caçam botas,
Os teus lindos sapatos,
- Queres tu ó andorinha,
Que eu seja o teu amado?
Que acabem de o comer,
E caem mortos para o lado,
Mal parece senhora,
Trocar o amor del rei,
Pelo amor de um triste vassalo.
Jerinaldo B
Jerinaldo, Jerinaldo,
Pagem del rei mais querido,
Bem podias Jerinaldo,
Folgar a noite comigo,
- Folgar assim minha senhora,
Ó meu Deus quem não folgaria.
Mas as penas do inferno,
Ò meu Deus quem as passaria.
- Mas aquele rei do céu,
Tudo te perdoaria.
Dois filhos tenho de ti,
Dois del rei são quatro,
Os del rei comem à mesa,
Os teus comigo no prato.
Os del rei vestem de seda,
Os teus de linho e damasco.
Os del rei andam de mulas,
OS teus de lindos cavalos,
Os del rei caçam botas,
Os teus lindos sapatos,
- Queres tu ó andorinha,
Que eu seja o teu amado?
Que acabem de o comer,
E caem mortos para o lado,
Mal parece senhora,
Trocar o amor del rei,
Pelo amor de um triste vassalo.
ROMANCE DA CEIFA:
O CORDÃO VERDE
Nem para um cordão verde,
Amores hei-de ganhar,
Mal o haja o cordão verde,
Da sedinha lavada.
Achara-o um cavaleiro,
Passeando pela estrada.
Jurava que não lho dava
Enquanto com ela não folgar,
Mal o h-ja o cordão verde,
Da sedinha torcida.
Encontrara-o um cavaleiro,
Passeando pela vila,
Jurava que lho dava,
Sem ver se com ela dormia.
Mal o haja o cordão verde,
Da sedinha por dobrar,
Achara-o um cavaleiro,
Andando a passear,
Jurava que lho dava,
Mas sem com ela falar,
Mal o haja o cordão verde,
Para amores eu hei-de perder.
Nem por um cordão verde,
Da sedinha lavada,
Perdera-o a minha dama,
Passeando pela praia,
Mal o haja o cordão verde,
da sedinha torcida,
Perdera-o a minha dama,
Passeando pela vila,
- Dá-me o cordão cavaleiro,
Pelo amor da tua vida.
Ele disse que não lho dava,
Sem saber se com ela dormia.
- Eu perdi o cordão verde,
Além naquela ramada,
Achara-o um cavaleiro,
Cavaleiro da alam ala.
Ele disse que lho dava,
Se com ele um dia eu folgara,
Não é por um cordão verde,
Que eu vou anadar errada,
Mal o haja o cordão verde
Da sedinha amarela,
Achara-o um cavaleiro,
Passeando pela viela,
Jurava que lho dava,
Sem primeiro falar com ela.
O CORDÃO VERDE
Nem para um cordão verde,
Amores hei-de ganhar,
Mal o haja o cordão verde,
Da sedinha lavada.
Achara-o um cavaleiro,
Passeando pela estrada.
Jurava que não lho dava
Enquanto com ela não folgar,
Mal o h-ja o cordão verde,
Da sedinha torcida.
Encontrara-o um cavaleiro,
Passeando pela vila,
Jurava que lho dava,
Sem ver se com ela dormia.
Mal o haja o cordão verde,
Da sedinha por dobrar,
Achara-o um cavaleiro,
Andando a passear,
Jurava que lho dava,
Mas sem com ela falar,
Mal o haja o cordão verde,
Para amores eu hei-de perder.
Nem por um cordão verde,
Da sedinha lavada,
Perdera-o a minha dama,
Passeando pela praia,
Mal o haja o cordão verde,
da sedinha torcida,
Perdera-o a minha dama,
Passeando pela vila,
- Dá-me o cordão cavaleiro,
Pelo amor da tua vida.
Ele disse que não lho dava,
Sem saber se com ela dormia.
- Eu perdi o cordão verde,
Além naquela ramada,
Achara-o um cavaleiro,
Cavaleiro da alam ala.
Ele disse que lho dava,
Se com ele um dia eu folgara,
Não é por um cordão verde,
Que eu vou anadar errada,
Mal o haja o cordão verde
Da sedinha amarela,
Achara-o um cavaleiro,
Passeando pela viela,
Jurava que lho dava,
Sem primeiro falar com ela.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Romance da ceifa:
A mal casada B
Onde vai a mal casada,
Ao domingo pelo dia,
Ela vai ouvir missa nova,
Que frei João a dizia,
As vizinhas do pé da porta,
Muito mal lhe queriam,
Ouvira o seu amrido,
Do quarto onde dormia,
Levantou-se e foi atrás dela,
Para ver onde ela ia,
Encontrou-a ajoelhada,
Aos pés da virgem Maria.
- Prepara-te minha mulher,
Que eu para matar-te já vinha,
- MAta mata, meu marido,
Mas eu amorte não merecia.
Marido se me queres matar,
Não me dês pela barriga,
Pois cá dentro do meu ventre,
Família real havia,
Ali mesmo a matou,
Aos pés da virgem Maria,
Ali mesmo a enterrou,
Nesse mesmo dia.
Passado algum tempo,
Foi a cavar demasia.
- Cabe devagar meu pai,
Que aqui gente nova havia,
- Diz-me tu meu filho,
Diz-me neste mesmo dia,
Quem matou a tua mãe,
O castigo que emrecia,
- Merece ir para o inferno,
Pois as vizinhas
Já se lá iam.
A mal casada B
Onde vai a mal casada,
Ao domingo pelo dia,
Ela vai ouvir missa nova,
Que frei João a dizia,
As vizinhas do pé da porta,
Muito mal lhe queriam,
Ouvira o seu amrido,
Do quarto onde dormia,
Levantou-se e foi atrás dela,
Para ver onde ela ia,
Encontrou-a ajoelhada,
Aos pés da virgem Maria.
- Prepara-te minha mulher,
Que eu para matar-te já vinha,
- MAta mata, meu marido,
Mas eu amorte não merecia.
Marido se me queres matar,
Não me dês pela barriga,
Pois cá dentro do meu ventre,
Família real havia,
Ali mesmo a matou,
Aos pés da virgem Maria,
Ali mesmo a enterrou,
Nesse mesmo dia.
Passado algum tempo,
Foi a cavar demasia.
- Cabe devagar meu pai,
Que aqui gente nova havia,
- Diz-me tu meu filho,
Diz-me neste mesmo dia,
Quem matou a tua mãe,
O castigo que emrecia,
- Merece ir para o inferno,
Pois as vizinhas
Já se lá iam.
Romance da ceifa:
O rei e a donzela
Apresentada estava virgem,
Muito bem apresentada,
Um véu trás na cabeça,
Parece uma mulher casada.
Quando o rei foi ao passeio,
Por ela se apaixonava,
Cabelo tinha entrançado,
A modo de ringalheira,
Espada tinha ao peito,
A modo de cartucheira.
Espore-ta leva ao ombro
A modo de caçadeira.
- Muito me gusta senhora,
Solinha por esta terra.
- Solinha não meu senhor,
Meu marido atrás se queda.
É alto como um roble,
E relampa como um espelho,
Não tem ele medo dos homens,
Nem de ninguém desta terra.
- Vai-me tu ó paijezinho,
Vai-me tu lá por ela,
- Dizei-me vossa majestade,
Os sinais que ela leva?
- Leva cabelo entraçado,
A modo de rengalheira,
Encontrou-a a descansando,
Debaixo da oliveira.
- Vinde cá minha senhora,
Vinde cá senhora romeira.
Mandou-me cá o meu amo,
Mandou-me cá por ela.
Que nem por ouro,
Nem por prata,
Que não fosse lá sem ela.
- Vai-te embora ó paijezinho,
Dizei-lhe que não deste com ela,
Se ele é rei dos seus vassalos,
Eu sou do mar e da terra.
O rei e a donzela
Apresentada estava virgem,
Muito bem apresentada,
Um véu trás na cabeça,
Parece uma mulher casada.
Quando o rei foi ao passeio,
Por ela se apaixonava,
Cabelo tinha entrançado,
A modo de ringalheira,
Espada tinha ao peito,
A modo de cartucheira.
Espore-ta leva ao ombro
A modo de caçadeira.
- Muito me gusta senhora,
Solinha por esta terra.
- Solinha não meu senhor,
Meu marido atrás se queda.
É alto como um roble,
E relampa como um espelho,
Não tem ele medo dos homens,
Nem de ninguém desta terra.
- Vai-me tu ó paijezinho,
Vai-me tu lá por ela,
- Dizei-me vossa majestade,
Os sinais que ela leva?
- Leva cabelo entraçado,
A modo de rengalheira,
Encontrou-a a descansando,
Debaixo da oliveira.
- Vinde cá minha senhora,
Vinde cá senhora romeira.
Mandou-me cá o meu amo,
Mandou-me cá por ela.
Que nem por ouro,
Nem por prata,
Que não fosse lá sem ela.
- Vai-te embora ó paijezinho,
Dizei-lhe que não deste com ela,
Se ele é rei dos seus vassalos,
Eu sou do mar e da terra.
Romance da ceifa:
Silvana B
Bem se passeia a Silvana,
Pelo corredor acima,
O magano do seu pai,
De amores a pretendia,
Dá-me o teu corpo Silvana,
Dá-me o corpo filha minha,
- Meu corpo sim eu lho dava,
Meu corpo sim lho daria,
Mas as penas do inferno,
Meu Deus quem as passaria.
- Cala-te lá ó Silvana,
Que isso remédio teria,
Pois o padre-santo em Roma,
Tudo nos perdoaria.
- Vou-me tirar esta roupas,
Por ser de todos os dias,
Para não caírem as módoas,
Nas roupas de todos os dias.
Foi-se deitar à sua cama,
Para fingir que dormis,
Os soluços eram tantos,
Que todo o quarto tremia.
Ouvira a sua mãe,
Do quarto onde dormia,
- Que é isso ó Silvana,
Que é isso filha minha?
- O magano do meu pai,
De amores me pretendia.
- Cala-te lá ó Silvana,
Que isso remédio teria,
Eu vou para a tua cama,
E tu vens deitar-te à minha.
Lá pelo meio da noite,
Silvana foi pretendida,
- Tu não estás virgem Silvana,
Tu não estás virgem minha,
- Como eu hei-de estar virgem,
Se três vezes fui parida!
Uma do rei de Castela,
Outra do rei de Sevilha,
Outra da nossa Silvana,
Da nossa filha tão querida.
- Abençoada mulher,
Mais o leite que mamas-te,
Que esta noite à meia-noite,
Do inferno me livras-te.
Silvana B
Bem se passeia a Silvana,
Pelo corredor acima,
O magano do seu pai,
De amores a pretendia,
Dá-me o teu corpo Silvana,
Dá-me o corpo filha minha,
- Meu corpo sim eu lho dava,
Meu corpo sim lho daria,
Mas as penas do inferno,
Meu Deus quem as passaria.
- Cala-te lá ó Silvana,
Que isso remédio teria,
Pois o padre-santo em Roma,
Tudo nos perdoaria.
- Vou-me tirar esta roupas,
Por ser de todos os dias,
Para não caírem as módoas,
Nas roupas de todos os dias.
Foi-se deitar à sua cama,
Para fingir que dormis,
Os soluços eram tantos,
Que todo o quarto tremia.
Ouvira a sua mãe,
Do quarto onde dormia,
- Que é isso ó Silvana,
Que é isso filha minha?
- O magano do meu pai,
De amores me pretendia.
- Cala-te lá ó Silvana,
Que isso remédio teria,
Eu vou para a tua cama,
E tu vens deitar-te à minha.
Lá pelo meio da noite,
Silvana foi pretendida,
- Tu não estás virgem Silvana,
Tu não estás virgem minha,
- Como eu hei-de estar virgem,
Se três vezes fui parida!
Uma do rei de Castela,
Outra do rei de Sevilha,
Outra da nossa Silvana,
Da nossa filha tão querida.
- Abençoada mulher,
Mais o leite que mamas-te,
Que esta noite à meia-noite,
Do inferno me livras-te.
Estrada Nova
Estrada nova, estrada nova,
Estrada nova, não vai bem,
É uma estradinha nova,
Que atravessa Santarém.
Que atravessa Santarém,
Vai chegar a Vila Flor,
É uma estradinha nova,
Onde passa o meu amor.
Onde passa o meu amor,
Onde passa a minha amada,
É uma estradinha nova,
Que ainda não foi acabada.
Estrada nova, estrada nova,
Estrada nova, não vai bem,
É uma estradinha nova,
Que atravessa Santarém.
Que atravessa Santarém,
Vai chegar a Vila Flor,
É uma estradinha nova,
Onde passa o meu amor.
Onde passa o meu amor,
Onde passa a minha amada,
É uma estradinha nova,
Que ainda não foi acabada.
Ainda não foi acabada,
Ainda não está concluída,
É uma estradinha nova,
Onde passa a Margarida.
Olha para o céu meu amor
Olha para o céu meu amor,
Olha como ele está lindo,
Olha para aquele balão,
As cores do céu vai sumindo.
Era uma noite igual a esta,
Porque era noite de S. João,
Havia balões no céu,
E alegria no salão.
Na noite de S. João,
Fui comprar um manjerico,
Para dar ao meu amor,
Ao entrar para o bailarico.
Era uma noite igual a esta,
Porque era noite de S. João,
Havia balões no céu,
E alegria no salão.
Olha para o céu meu amor,
Olha como ele está lindo,
Olha para aquele balão,
As cores do céu vai sumindo.
Era uma noite igual a esta,
Porque era noite de S. João,
Havia balões no céu,
E alegria no salão.
Na noite de S. João,
Fui comprar um manjerico,
Para dar ao meu amor,
Ao entrar para o bailarico.
Era uma noite igual a esta,
Porque era noite de S. João,
Havia balões no céu,
E alegria no salão.
O BALÃO
O balão quando subiu,
Disse adeus a todos os santos
Adeus cidade de Coimbra,
Rodeada de olmos brancos.
O balão quando subiu,
Estava a musica a tocar,
Logo os músicos disseram,
A perto não vai parar.
O balão quando subiu,
Disse adeus à mocidade,
No espaço de três dias
Hei-de voltar à cidade.
Se virem os meus filhinhos,
Chamai-os e dai-lhe pão,
Que eu não posso vir dar,
Vou dentro do balão.
O balão subiu ao ar,
Às estrelas foi bater,
Para ver os anjos do céu,
E Deus não lhos deixou ver.
O balão subiu, subiu,
O balão subiu, subiu,
Os que foram no balão,
Nunca mais ninguém os viu.
O balão subiu, subiu,
O balão subiu, subiu,
Deu-lhe o vento e levou-o,
Foi cair ao alto mar.
Casadinha de três dias,
Vem de lá triste a chorar,
Com pena de seu marido,
Nunca mais o viu voltar.
Já o Porto está de luto,
E Lisboa tem paixão,
Por saberem das tristes novas,
Dos que foram no balão.
O balão quando subiu,
Disse adeus a todos os santos
Adeus cidade de Coimbra,
Rodeada de olmos brancos.
O balão quando subiu,
Estava a musica a tocar,
Logo os músicos disseram,
A perto não vai parar.
O balão quando subiu,
Disse adeus à mocidade,
No espaço de três dias
Hei-de voltar à cidade.
Se virem os meus filhinhos,
Chamai-os e dai-lhe pão,
Que eu não posso vir dar,
Vou dentro do balão.
O balão subiu ao ar,
Às estrelas foi bater,
Para ver os anjos do céu,
E Deus não lhos deixou ver.
O balão subiu, subiu,
O balão subiu, subiu,
Os que foram no balão,
Nunca mais ninguém os viu.
O balão subiu, subiu,
O balão subiu, subiu,
Deu-lhe o vento e levou-o,
Foi cair ao alto mar.
Casadinha de três dias,
Vem de lá triste a chorar,
Com pena de seu marido,
Nunca mais o viu voltar.
Já o Porto está de luto,
E Lisboa tem paixão,
Por saberem das tristes novas,
Dos que foram no balão.
UM CASO REPUGNANTE
Este caso repugnante,
Amândio esse tratante,
Que a todos indignou.
Só por ela o não deixar,
Da sua honra abusar,
O malvado estrangulou-a.
Tinham ido nesse dia,
Lá para a sua freguesia,
Para batatas plantar,
Ele como a viu sozinha,
Na sua humilde casinha,
Dela quis abusar.
Ela ainda gritou,
E por socorro chamou,
Seus gritos ninguém ouviu,
O criminoso malvado,
Depois do crime praticado,
Pela janela fugiu,
Era de casa criado,
De tudo encarregado,
Mas tinha mau coração,
Ela vivia em Viseu,
Olhando pelo que é seu,
Duas irmãs e um irmão.
Com dezoito anos de idade,
Na flor da idade,
Sofreu morte cruel,
De todos era invejada,
Sua beleza encantada,
De um semear Pimentel.
Este caso repugnante,
Amândio esse tratante,
Que a todos indignou.
Só por ela o não deixar,
Da sua honra abusar,
O malvado estrangulou-a.
Tinham ido nesse dia,
Lá para a sua freguesia,
Para batatas plantar,
Ele como a viu sozinha,
Na sua humilde casinha,
Dela quis abusar.
Ela ainda gritou,
E por socorro chamou,
Seus gritos ninguém ouviu,
O criminoso malvado,
Depois do crime praticado,
Pela janela fugiu,
Era de casa criado,
De tudo encarregado,
Mas tinha mau coração,
Ela vivia em Viseu,
Olhando pelo que é seu,
Duas irmãs e um irmão.
Com dezoito anos de idade,
Na flor da idade,
Sofreu morte cruel,
De todos era invejada,
Sua beleza encantada,
De um semear Pimentel.
MEU PADRINHO Ó MEU PADRINHO
Vai estender a toalha,
Que são horas de jantar,
Quando acabar de comer,
Eu já a irei matar.
Meu padrinho ó meu padrinho,
O meu pai me quer matar,
Estava a dizer à minha madrasta,
Quando estava para jantar.
Vai para casa afilhada,
E vai depressa a correr,
Pronto para te ir valer,
Vem correr ao seu padrinho,
Quando a ouviu gritar,
Quando à porta chegou,
Já ela estava a suspirar.
Abre-me a porta compadre,
Abra-ma se a quer abrir,
Quer matar a minha afilhada,
Estou aqui para lhe acudir.
Estou aqui para lhe acudir,
Estou aqui para lhe valer.
Quero-lhe dar um beijinho,
Antes da terra a comer.
Vai estender a toalha,
Que são horas de jantar,
Quando acabar de comer,
Eu já a irei matar.
Meu padrinho ó meu padrinho,
O meu pai me quer matar,
Estava a dizer à minha madrasta,
Quando estava para jantar.
Vai para casa afilhada,
E vai depressa a correr,
Pronto para te ir valer,
Vem correr ao seu padrinho,
Quando a ouviu gritar,
Quando à porta chegou,
Já ela estava a suspirar.
Abre-me a porta compadre,
Abra-ma se a quer abrir,
Quer matar a minha afilhada,
Estou aqui para lhe acudir.
Estou aqui para lhe acudir,
Estou aqui para lhe valer.
Quero-lhe dar um beijinho,
Antes da terra a comer.
Mulher dá-me dinheiro
Mulher dá-me dinheiro
Quero ir para o botequim,
Se não me deres o que eu te peço,
Tua vida hoje tem fim.
Um menino de três anos,
Também lá estava a chorar,
Como o lobo no rebanho,
Também o foi estrangular.
Ó pais e mães de família,
Reparai tomai sentido,
Por causa do maldito jogo,
É que o mundo anda perdido.
Escutem lá meus senhores,
Naquilo que vou dizer,
No jogo e nas bebedeiras,
Sempre há-de haver que ver.
Mulher dá-me dinheiro
Quero ir para o botequim,
Se não me deres o que eu te peço,
Tua vida hoje tem fim.
Um menino de três anos,
Também lá estava a chorar,
Como o lobo no rebanho,
Também o foi estrangular.
Ó pais e mães de família,
Reparai tomai sentido,
Por causa do maldito jogo,
É que o mundo anda perdido.
Escutem lá meus senhores,
Naquilo que vou dizer,
No jogo e nas bebedeiras,
Sempre há-de haver que ver.
Eu canto para não chorar
Eu era linda como os amores,
Eu era pura sem maldição,
Eu tive a sorte que todos a chamam,
Fui arrancada, mas sim com paixão.
Que me importa que esta gente,
Não me deseja escutar,
Eu canto para mim somente,
Eu canto para não chorar.
E a cantar nesta vida,
E a cantar a cantar,
Assim eu vivo esquecida,
Eu canto para não chorar.
Eu era linda como os amores,
Eu era pura como meretriz,
Eu levo a vida sempre a cantar,
E a cantar sou muito feliz.
Que me importa que esta gente,
Não me deseja escutar,
Eu canto para mim somente,
Eu canto para não chorar.
Eu era linda como os amores,
Eu era pura sem maldição,
Eu tive a sorte que todos a chamam,
Fui arrancada, mas sim com paixão.
Que me importa que esta gente,
Não me deseja escutar,
Eu canto para mim somente,
Eu canto para não chorar.
E a cantar nesta vida,
E a cantar a cantar,
Assim eu vivo esquecida,
Eu canto para não chorar.
Eu era linda como os amores,
Eu era pura como meretriz,
Eu levo a vida sempre a cantar,
E a cantar sou muito feliz.
Que me importa que esta gente,
Não me deseja escutar,
Eu canto para mim somente,
Eu canto para não chorar.
Se queres trocar, trocar…
Comprais olhos, vendeis olhos,
Andais na mercadoria,
Comprai-me também os meus,
Para a vossa companhia.
Se queres trocar, trocar,
Se queres trocar, troquemos,
Dá-me os teus olhos azuis,
Pelos meus que são morenos.
Se queres trocar, trocar,
Se trocar, trocamos,
Dá-me os teus olhos azuis,
Pelos meus que são castanhos.
Eu troquei meus olhos azuis,
Pelos teus acastanhados,
E agora todos me chamam,
Amor dos olhos trocados.
Comprais olhos, vendeis olhos,
Andais na mercadoria,
Comprai-me também os meus,
Para a vossa companhia.
Se queres trocar, trocar,
Se queres trocar, troquemos,
Dá-me os teus olhos azuis,
Pelos meus que são morenos.
Se queres trocar, trocar,
Se trocar, trocamos,
Dá-me os teus olhos azuis,
Pelos meus que são castanhos.
Eu troquei meus olhos azuis,
Pelos teus acastanhados,
E agora todos me chamam,
Amor dos olhos trocados.
Olaré sou tua
O rio não leva água,
Leva sumo de limão,
Quem quiser o amor firme,
Procure-lhe a geração.
Olaré sou tua,
Não o digas a ninguém,
Olaré sou tua,
Ó meu rico bem.
Não há roxo como o lírio,
Nem verde como o loureiro,
Nem vermelho como o cravo,
Nem amor como o primeiro.
Olaré sou tua,
Não o digas a ninguém,
Olaré sou tua,
Ó meu rico bem.
O rio não leva água,
Leva sumo de limão,
Quem quiser o amor firme,
Procure-lhe a geração.
Olaré sou tua,
Não o digas a ninguém,
Olaré sou tua,
Ó meu rico bem.
Não há roxo como o lírio,
Nem verde como o loureiro,
Nem vermelho como o cravo,
Nem amor como o primeiro.
Olaré sou tua,
Não o digas a ninguém,
Olaré sou tua,
Ó meu rico bem.
O gato foi às filhós
Já se vai o sol embora,
Fica a sombra na roseira,
Faço do teu colo a cama,
Dos teus braços travesseira.
O gato foi às filhós,
Nada lhe posso fazer,
É uma coisa apetitosa,
Para o gato comer.
A alegria de uma mãe,
É ter a filha solteira,
Casa a filha e vai-se embora,
Vai-se a rosa da roseira.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
O barbeiro
Eu sou barbeiro,
De avental bem limpo,
Às oito e meio,
Começo o trabalho,
Assenta o primeiro,
Não à privilégio,
Seja o senhor Ribeiro,
Seja o senhor Carvalho,
Aí freguês,
Não façam pouco
Desta profissão,
Aí freguês,
Eu corto barbas,
Por ser o meu ganha-pão,
Se às vezes se senta
Na minha cadeira,
Um freguês pão duro,
Um freguês forreta,
Pago na solinge,
Mais enferrujada,
Que é a mais apropriada,
Para quem não dá gorjeta.
Não dá gorjeta,
Dará cara arranhada,
Corto-lhe a barba,
Bem à espanholada.
Eu sou barbeiro,
De avental bem limpo,
Às oito e meio,
Começo o trabalho,
Assenta o primeiro,
Não à privilégio,
Seja o senhor Ribeiro,
Seja o senhor Carvalho,
Aí freguês,
Não façam pouco
Desta profissão,
Aí freguês,
Eu corto barbas,
Por ser o meu ganha-pão,
Se às vezes se senta
Na minha cadeira,
Um freguês pão duro,
Um freguês forreta,
Pago na solinge,
Mais enferrujada,
Que é a mais apropriada,
Para quem não dá gorjeta.
Não dá gorjeta,
Dará cara arranhada,
Corto-lhe a barba,
Bem à espanholada.
São os pássaros
São os pássaros a musica viva,
Que alegram as pessoas más,
São guerreiros de grande energia,
Dando aos homens o reino da paz.
Pelos ares festivos em bandos,
Passam aves rainhas do azul,
Vão nas asas glorias levando,
Mar e terra a ficar norte-sul.
Há pessoas que as aves maltratam,
Quem as aves não ama é cruel,
Para elas a música que relatam,
Num constante desafio grogel.
São os pássaros a musica viva,
Que alegram as pessoas más,
São guerreiros de grande energia,
Dando aos homens o reino da paz.
Pelos ares festivos em bandos,
Passam aves rainhas do azul,
Vão nas asas glorias levando,
Mar e terra a ficar norte-sul.
Há pessoas que as aves maltratam,
Quem as aves não ama é cruel,
Para elas a música que relatam,
Num constante desafio grogel.
No alto de um campanário
Caia a noite tristonha e serena,
Em macio suave langor,
Despertando no meu coração,
A saudade do primeiro amor.
Sino que tanges, com mágoa dorida,
Recordando os sonhos da aurora da vida,
Traz-me ao coração, paz e harmonia,
Minha alma ao som da Ave Maria.
Num alto de um campanário,
Uma cruz simboliza o passado,
Pensando no amor que morreu,
Deixando um coração amargurado.
Caia a noite tristonha e serena,
Em macio suave langor,
Despertando no meu coração,
A saudade do primeiro amor.
Sino que tanges, com mágoa dorida,
Recordando os sonhos da aurora da vida,
Traz-me ao coração, paz e harmonia,
Minha alma ao som da Ave Maria.
Num alto de um campanário,
Uma cruz simboliza o passado,
Pensando no amor que morreu,
Deixando um coração amargurado.
Eu me lembro das tardes de outrora,
Em que o amor sonhava a poesia,
De um amor que feliz te jurava,
Ao murmúrio da Ave Maria.
Chico Bernambé e Zé Ramalho
O Chico Bernambé e Zé Ramalho,
Amigos colossais para descansar,
Um gostava muito da boa vida,
O outro tinha raiva ao trabalhar.
Andando os dois neste rodopio,
Amigos colossais da boa vida,
Para não incomodar o senhorio,
Dormiram no banco da Avenida.
Mas quando certa noite pernoitavam,
E de manhã um guarda os acordou,
Enquanto o Zé Ramalho espreguiçava,
O guarda ao Bernambé perguntou:
- Diga-me qual a sua profissão,
Responda diga já sem fantasia,
- Trabalho sim senhor, mas com que então,
Na firma boa vida e companhia
Virou-se o guarda para o Zé Ramalho,
- Responda o senhor e diga já,
- Senhor guarda saiba que eu trabalho,
Na mesma companhia em que esse está.
O Chico Bernambé e Zé Ramalho,
Amigos colossais para descansar,
Um gostava muito da boa vida,
O outro tinha raiva ao trabalhar.
Andando os dois neste rodopio,
Amigos colossais da boa vida,
Para não incomodar o senhorio,
Dormiram no banco da Avenida.
Mas quando certa noite pernoitavam,
E de manhã um guarda os acordou,
Enquanto o Zé Ramalho espreguiçava,
O guarda ao Bernambé perguntou:
- Diga-me qual a sua profissão,
Responda diga já sem fantasia,
- Trabalho sim senhor, mas com que então,
Na firma boa vida e companhia
Virou-se o guarda para o Zé Ramalho,
- Responda o senhor e diga já,
- Senhor guarda saiba que eu trabalho,
Na mesma companhia em que esse está.
Belo pare de melancias
Que belo pare de melancias,
Trás aquela linda dama,
Com tanto bem que lhe quero,
Contigua deitar na cama.
É uma rasa de semente,
Que ela herdou da sua avó,
Ela quere-as para si só,
E não dá delas à gente.
São luzidias à frente,
Brancas da cor do luar,
E tapa-as todos os dias,
Para o sol as não queimar.
Homem que para elas olhar,
Fica com água na boca,
Que belo par de melancias,
Eu hoje vi numa garota.
Que belo pare de melancias,
Trás aquela linda dama,
Com tanto bem que lhe quero,
Contigua deitar na cama.
É uma rasa de semente,
Que ela herdou da sua avó,
Ela quere-as para si só,
E não dá delas à gente.
São luzidias à frente,
Brancas da cor do luar,
E tapa-as todos os dias,
Para o sol as não queimar.
Homem que para elas olhar,
Fica com água na boca,
Que belo par de melancias,
Eu hoje vi numa garota.
Sina das Mulheres...
Toda a mulher que nascer,
Durante o mês de Janeiro,
Tem de andar até morrer,
Sempre triste e sem dinheiro.
A que nasce em Fevereiro,
Já é mais afortunada,
Mas ainda não encontrei uma,
Que não fosse desgovernada.
Agora a do mês de Março,
Trás esta praga com ela,
Fala bem para toda a gente,
É vaidosa e tagarela.
Agora a do mês de Abril,
É mulher de muita treta,
Passa os dias a chorar,
Só para andar de lambreta.
Agora a do mês de Maio,
Toda ela é formosa,
Trás uma praga com ela,
De ser muito mentirosa.
Agora a do mês de Junho,
É leal e reinadia,
Casa sempre com um padeiro,
Para trabalhar noite e dia.
Agora a do mês de Julho,
É dificil de aturar,
Passa as tardes nas vizinhas,
Da vida alheia a falar.
Agora a do mês de Agosto,
A sua sina não falha,
Prefere morrer de fome,
E não mecher uma palha.
Agora a que nasce em Setembro,
Só gosta de passear,
Tem um homem de fazer,
A cama para se deitar.
Agora a que nasce em Outubro,
Toda ela é formosa,
Trás uma praga com ela,
De ser muito mentirosa,
A que nasce em Novembro,
São assim desde miudas,
Falam bem para toda a gente,
Mas são falsas como judas.
A que nasce em Dezembro,
Toda ela é meiguinha,
Por nascer no mês do frio,
Gosta muito da pinguinha.
Toda a mulher que nascer,
Durante o mês de Janeiro,
Tem de andar até morrer,
Sempre triste e sem dinheiro.
A que nasce em Fevereiro,
Já é mais afortunada,
Mas ainda não encontrei uma,
Que não fosse desgovernada.
Agora a do mês de Março,
Trás esta praga com ela,
Fala bem para toda a gente,
É vaidosa e tagarela.
Agora a do mês de Abril,
É mulher de muita treta,
Passa os dias a chorar,
Só para andar de lambreta.
Agora a do mês de Maio,
Toda ela é formosa,
Trás uma praga com ela,
De ser muito mentirosa.
Agora a do mês de Junho,
É leal e reinadia,
Casa sempre com um padeiro,
Para trabalhar noite e dia.
Agora a do mês de Julho,
É dificil de aturar,
Passa as tardes nas vizinhas,
Da vida alheia a falar.
Agora a do mês de Agosto,
A sua sina não falha,
Prefere morrer de fome,
E não mecher uma palha.
Agora a que nasce em Setembro,
Só gosta de passear,
Tem um homem de fazer,
A cama para se deitar.
Agora a que nasce em Outubro,
Toda ela é formosa,
Trás uma praga com ela,
De ser muito mentirosa,
A que nasce em Novembro,
São assim desde miudas,
Falam bem para toda a gente,
Mas são falsas como judas.
A que nasce em Dezembro,
Toda ela é meiguinha,
Por nascer no mês do frio,
Gosta muito da pinguinha.
Sina dos Homens...
O homem que nasce em Janeiro,
Não é feio, nem bonito,
Para não ser caloteiro,
Tem um viver aflito.
O de Fevereiro então,
Tem arte para namorar,
Não passa de um aldrabão,
Solteiro há-de ficar,
Agora o do mês de Março,
Diz sempre que é bom rapaz,
Mas as mentiras a compasso,
No trabalho nada faz.
Agora o do mês de Abril,
O caso é mais bicudo,
Durante o ano 2000,
Não passou de um cabeçudo.
Agora o do mês de Maio,
Viuvo ~há-de ficar,
Com tantos filhos que raio,
~Já mais consegue casar.
Agora o do mês de Junho,
Procede desta maneira,
Casa com a viuva de um padeiro,
Mas não tem fiel companheira.
Agora o do mês de Julho,
É cristão com muita fé,
Fala bem para toda a gente,
Homem serio é que ele não é.
Agora o do mês de Agosto,
Só gosta da brincadeira,
Deve ter algum desgosto,
Da mulher que é traiçoeira.
O de Setembro então,
Gosta de cantar o fado,
Vai morrer como um pimpão,
Com muitas mulheres ao lado.
O de Outubro é homem,
Para sete mulheres e meia,l
Muitas mágoas o consomem,
Nunca arranja pé de meia.
O de Novembro consola,
A sorte que Deus lhe deu,
Serm jogar no totobola,
Tem sempre dinheiro seu,
O que nasce em Dezembro,
Só é mau com o ciume,
Chega a casa para comer,
Ainda tem de acender o lume.
O homem que nasce em Janeiro,
Não é feio, nem bonito,
Para não ser caloteiro,
Tem um viver aflito.
O de Fevereiro então,
Tem arte para namorar,
Não passa de um aldrabão,
Solteiro há-de ficar,
Agora o do mês de Março,
Diz sempre que é bom rapaz,
Mas as mentiras a compasso,
No trabalho nada faz.
Agora o do mês de Abril,
O caso é mais bicudo,
Durante o ano 2000,
Não passou de um cabeçudo.
Agora o do mês de Maio,
Viuvo ~há-de ficar,
Com tantos filhos que raio,
~Já mais consegue casar.
Agora o do mês de Junho,
Procede desta maneira,
Casa com a viuva de um padeiro,
Mas não tem fiel companheira.
Agora o do mês de Julho,
É cristão com muita fé,
Fala bem para toda a gente,
Homem serio é que ele não é.
Agora o do mês de Agosto,
Só gosta da brincadeira,
Deve ter algum desgosto,
Da mulher que é traiçoeira.
O de Setembro então,
Gosta de cantar o fado,
Vai morrer como um pimpão,
Com muitas mulheres ao lado.
O de Outubro é homem,
Para sete mulheres e meia,l
Muitas mágoas o consomem,
Nunca arranja pé de meia.
O de Novembro consola,
A sorte que Deus lhe deu,
Serm jogar no totobola,
Tem sempre dinheiro seu,
O que nasce em Dezembro,
Só é mau com o ciume,
Chega a casa para comer,
Ainda tem de acender o lume.
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